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Respostas agressivas de uma criança: redirecionamento a partir de novas regras

7ª Jornada de Análise do Comportamento – UFSCar. 2008

Magri, A. D.; Yamada, N. S.; Mello, Érik. L. de.(O)
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Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul 

O behaviorismo radical propõe o trabalho com sujeito único como medida de análise. Tem como princípio que os  comportamentos são selecionados pelas conseqüências segundo os níveis filogenético, ontogenético e sociogenético. Uma parte importante do ambiente selecionador de  comportamentos são estímulos verbais estabelecidos pela comunidade. O behaviorismo não trabalha propriamente com o comportamento, mas sim com as contingências comportamentais, ou seja, com o comportar-se dentro de contextos. Parte da idéia de que, o ser humano interage com a natureza e com seus semelhantes e sofre os efeitos dessa sua ação. O presente trabalho apresenta as atividades do Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica, de acordo com o regulamento da COES/PSICOLOGIA/CPAR/UFMS. O estágio realizado no Centro de Extensão, Pesquisas e Práticas Psicológicas (CEPPP) refere-se ao atendimento de uma criança do sexo masculino de nove anos de idade trazido à clínica pela mãe. As queixas apresentadas eram a de que seu filho permanecia muito tempo jogando games no computador e agia com autoritarismo, alterando a voz e se recusando a atender ao pedido da mãe quando era solicitado a deixar de realizar atividade do seu interesse, como quando estava jogando bola ou jogando game. Uma segunda queixa levantada foi a de falta de correspondência nas regras entre ela e o marido. Foram realizados atendimentos individuais e semanais com o cliente e feito levantamento de dados e orientações familiares esporádicas com a mãe. Nas sessões de atendimento poucas respostas inadequadas foram apresentadas pelo cliente que participou de atividades supostamente reforçadoras. Para  a mãe foram discutidos e orientados os seguintes procedimentos: 1. que os pais estimulassem o filho a realizar atividades diversificadas, para serem executadas no dia a dia com a criança; 2. que os pais redirecionassem respostas agressivas através do reforçamento diferencial (ex: propor à mãe que ao invés de punir o filho diante o comportamento indesejado – estar no computador – que ela promovesse novas atividades para o comportamento, como ajudar na tarefa de casa, levá-lo para passear ou andar de bicicleta; 3. foi proposto que os pais combinassem regras conjuntas a serem aplicadas em situações de conflito com o filho;
4. Foram indicadas leituras para os pais de alguns capítulos de um livro de análise do comportamento voltado para pais. Também foi solicitado que a mãe registrasse em casa os comportamentos adequados e inadequados do filho, para que ela e as terapeutas tivessem mais claro como era o ambiente  domiciliar e para que se pudesse reforçar classes de respostas socialmente adequadas  ou, diante de classes de respostas não adequadas, propor novas estratégias de conduta. Segundo a mãe, houve uma diminuição das respostas da queixa trazida, como se pode ilustrar com a fala: “daqui pra frente o que R. melhorar é para que fique melhor ainda”. Os autores do painel discutem porém que haveria melhores resultados caso os  pais participassem  mais das propostas recomendadas no processo psicoterápico, principalmente o pai que durante o processo terapêutico não atendeu aos pedidos de comparecimento na clínica. Os resultados são analisados à luz do quanto há de controle  sobre o comportamento no ambiente terapêutico e o quanto não há, concordando com a premissa behaviorista radical a respeito da multideterminação das ações dos organismos. 

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