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Cérebro é uma gambiarra evolutiva, diz psicólogo dos EUA

Engenheiros americanos costumam usar a gíria "kluge" ao se referirem a soluções improvisadas para problemas em projetos. A falta de iluminação numa casa nova pode rapidamente ser resolvida, por exemplo, com um fio desencapado, uma lâmpada velha, uma extensão e esparadrapo. Esse tipo de gambiarra, diz o psicólogo Gary Marcus, da Universidade de Nova York, é também a melhor analogia para descrever a mente humana.

Engenheiros americanos costumam usar a gíria "kluge" ao se referirem a soluções improvisadas para problemas em projetos. A falta de iluminação numa casa nova pode rapidamente ser resolvida, por exemplo, com um fio desencapado, uma lâmpada velha, uma extensão e esparadrapo. Esse tipo de gambiarra, diz o psicólogo Gary Marcus, da Universidade de Nova York, é também a melhor analogia para descrever a mente humana.

"Kluge" é o título do novo livro de Marcus, dedicado a mostrar como nossas faculdades mentais mais caras -consciência e raciocínio lógico- foram construídas pela evolução aproveitando estruturas cerebrais primitivas, na falta de algo melhor. Dá para o gasto, mas o preço que pagamos por não sermos fruto de um "projeto inteligente" é que nossa gambiarra cerebral freqüentemente entra em curto-circuito.

Auto-engano, teimosia, presunção –e crenças religiosas- seriam todos efeitos colaterais da forma como a mente é estruturada. Nossa memória, também, parece ser ótima para um caçador identificar pegadas de animais, mas não muito para guardar senhas de banco.

Analisando suas teorias à luz de experimentos psicológicos, Marcus mostra o quanto somos capazes de violar a racionalidade que supostamente é a marca registrada do Homo sapiens, o homem que sabe. Em um fenômeno conhecido como "ancoragem e ajuste", por exemplo, o cérebro é normalmente induzido por valores arbitrários –o autor descreve um experimento no qual números que saíam numa roda da fortuna influenciavam voluntários a responder uma questão não-relacionada, como "qual é a porcentagem de países africanos na ONU?"

Outro fenômeno analisado por Marcus a chamada "preparação", ou indução subliminar. As pessoas tendem a responder a perguntas sobre suas vidas com mais otimismo depois de assistir a "Os Smurfs" do que a "O Ladrão de Bicicletas".

Diante disso, Marcus acusa seu próprio professor Steven Pinker –o papa da psicologia evolutiva– de superexaltar o cérebro humano como um órgão perfeitamente adaptado. Em entrevista à Folha, o psicólogo falou um pouco sobre como até a própria ciência cai nas armadilhas da mente.

Fonte: Folha Online

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