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Anomia e violência: breve reflexão sobre a adolescência em tempos de “guerra”

São recorrentes as queixas de falta de limite das crianças e adolescentes, tanto de moradores de favelas, como do asfalto, como dos condomínios fechados luxuosos. Neste caso, não há fronteiras sociais. Variam seus clamores, mas todos são igualmente incômodos. Não obstante, habituamo-nos a eles. Convivemos com eles. “É o jeito”, dizem uns. “É a crise da família”, diagnosticam outros e uma farta literatura surge das recomendações dos especialistas. Assim, desaparece a necessidade de entendermos quem são essas crianças…Mas quem são esses jovens denominados de anti-sociais? Insisto, igualmente, em outras perguntas decorrentes dessa primeira: por que, hoje, a expressão das emoções, particularmente a agressividade, toma a via da atuação em lugar de outras formas como a expressão pela linguagem? Quem se dispõe a ouvi-las? Winnicott enfatiza, na sua obra, a importância das instâncias sociais como provedoras de limite e afeto às crianças desde os primórdios de suas vidas. Imagina a vida do ser humano como um espaço envolto de cuidados. Afirma que a vida relacional começa no momento em que o feto, empurrando seu pé na barriga da mãe, encontra um limite e esse limite é significado por ela. Os jovens e crianças anti-sociais sabem que possuíam e que possuem um lugar no colo da mãe e nos ombros do pai. Eles brigam por tê-lo de volta. Daí o fato de Winnicott dizer que eles foram desapossados daquilo que tinham certeza possuírem, foram destituídos de um lugar que tiveram. Eles sabem a quem reivindicar a perda. Eles sabem que não foram eles que causaram a dor que sentem. Neste fato também reside a idéia de esperança subjacente na chamada tendência anti-social: a esperança de fazer com que alguém do meio que circunda essa criança venha a dar-lhe de volta o que ela sente como perdido: atenção. Essa esperança é um paradoxo implícito no conceito de tendência anti-social. Aquele que incomoda, destrói e rouba é igualmente aquele que espera um reconhecimento, apesar de seus atos incomodativos. Seus movimentos, inicialmente, serão pouco perceptíveis: chorará muito, emudecerá, fará xixi na cama. Depois irá ampliando esse incômodo para além dos braços maternos ou dos ombros paternos, para além da porta de casa. Incomodará a escola, a rua. Se ninguém parar para ouvir ou significar esse incômodo, as barras de uma prisão, talvez, já sejam algo desejado como limite para o gesto centrípeto deste jovem. A contemporaneidade instaura uma crise que Baumann denominará de fluidez do espaço, uma modernidade líquida, na qual ocorre uma igual fluidez dos papéis sociais e uma destituição de lugares. Pergunto-me: Como a falência do pacto social e a anomia propiciam a quebra dos limites ou uma construção falseada dos mesmos? O presente trabalho, tendo como referência os conceitos winnicotianos sobre agressividade, tendência anti-social e delinqüência, tenta refletir sobre as possíveis causas da agressividade e da violência da adolescência.

Palavras chave: contemporaneidade, anomia, falência do pacto social, Winnicott, adolescência.

Renato Russo e Flávio Lemos, na música “Veraneio vascaína”, delineiam um panorama sombrio das atitudes anti-sociais das crianças e jovens que hoje em dia habitam nossas cidades.

O ato anti-social é visto, nesta música, pelo prisma do pobre, do desvalido, daquele que, não tendo opção, acaba sendo cooptado para o crime. Mostrando as duas faces da Lei (e para nós há uma terceira, necessária de existir, para que as demais aconteçam, a Lei primordial), os autores dão ao pobre não somente um “instinto assassino”, como também estar ou não do lado da Lei, só que estar fora da Lei é ser marginal, criminoso; estar com a Lei é ser policial.

Ironicamente, o poeta iguala a lei marginal à lei policial e a força dessa comparação advém dos versos que se sobrepõem: “Ladrão para roubar ou marginal para matar” e “Papai, eu quero ser p
olicial quando eu crescer”. O mesmo pobre, que sabe o que vai ser desde menino, opta por um crime às avessas: ser policial para não ter problemas se matar ou roubar, já que “estou do lado da lei”. Aqui a lei não interdita: ela é fajuta e impotente. O que o jovem anti- social busca com seus atos é uma lei subordinada ao amor, amor fundante, que se perdeu em algum lugar do seu passado e igualmente busca a coesão social perdida. Pellegrino demarca essa questão de forma interessante: da mesma forma que a lei primordial, edípica, é uma via de mão dupla, o pacto social advindo desta, deve ser igualmente mão dupla. Portanto, “a Lei existe não para humilhar e degradar o desejo, mas para estruturá-lo, integrando-o no circuito do intercâmbio social”. Porém, se nesse intercâmbio o que se instaura é uma via de mão única, na qual o sujeito perde ao ser desrespeitado e aviltado em seus direitos sociais, o que pode ocorrer é o rompimento desse pacto, implicando essa ruptura em gravíssimas conseqüências.

Dessa forma podemos entender que a destrutividade e a violência que hoje habitam o nosso cotidiano advém não somente de uma falha na família ou na criação desses jovens, mas também em uma falha dessa sociedade em acolher o jovem na sua procura de dignidade e respeito. Como marca Winnicott, quando o lar falha, a criança se torna incomodativa e irá incomodar a todos para além do círculo familiar, e esse além é a própria sociedade. Mas se essa sociedade somente cobra e pune, não dando nada em troca ou quebrando o esperado como retorno ao investimento desse jovem na mesma, o que aparece como conseqüência é a delinqüência social.

Assim, “tudo aquilo que ficou reprimido – ou suprimido – em nome do pacto com o pai, vem à tona, sob a forma de conduta delinqüente e anti-social” porque quando se rompe o pacto social “em virtude de sociopatia grave – como é o caso brasileiro – isto pode implicar a ruptura ao nível inconsciente, com o pacto edípico” alerta -nos Pellegrino. Para ele, “existe, em nosso país, uma guerra civil crônica, sob a forma de assaltos, roubos, assassinatos, estupros – e outras gentilezas do gênero” e esta guerra constrói para o jovem um contexto difícil de poder acolhê-los em seus movimentos de crescimento, e ainda mais de acolhê-los quando não têm um lar que os sustente. A falência social, juntamente com a falência dos modelos familiares modernos, cria uma zona de turbulência para além da turbulência que essas crianças e jovens vivem no seu dia-a-dia.

Quando procuram o que lhes falta em casa, a rua, a sociedade não os acolhe: rompe-se o pacto social. Indo mais longe, o mesmo autor denuncia que “o pobre absoluto não tem por que manter o pacto social com uma sociedade que o reduz à condição de detrito, ao mesmo tempo em que, em seus estratos dirigentes, se entrega à corrupção e ao deboche impune”. Hoje em dia, acrescentaríamos, à essa afirmação do autor, a assertiva de que não somente ao pobre a sociedade pactua algo unilateral; também os que estão totalmente dentro do contexto sócio-econômico, que tudo têm, que não precisam se preocupar em ter nada, igualmente se encontram à margem, são igualmente borderes. A pobreza que constrói o delinqüente é a pobreza simbólica, é o vazio de sentidos. Aquele que tudo possui, nada tem de pedir, reclamar ou buscar é igualmente pobre: o extremo dos laços sociais se juntam, tanto o tudo quando o nada impossibilitam o sujeito de encontrar uma significação que dê sentido à sua vida. Esses jovens têm de agir por si mesmos.

Perguntamo-nos nesse momento: Que país é esse que chamamos de pátria amada? Vilhena delineia esta face, dando-nos uma resposta: no Brasil a lei jamais serviu para inibir a ação dos governantes ou a prática da violência ilegal. Bignotto analisa essa anomia, afirmando que essa situação leva os cidadãos “a buscarem apenas seu próprio bem, sem se preocupar com o destino da polis”, estando aberto dessa forma o caminho para a tirania e para o terror. Alerta-nos Vilhena que o medo tem “como função retirar do sujeito sua honra e sua dignidade, este o transforma em um pastiche de ser humano cuja única alternativa é obedecer”.Nesses casos, o que ocorre é a submissão do sujeito.

Na indeterminação dos limites, há o rompimento daquilo que é público e do que é privado, misturando-se “as diagramações do indivíduo e do social, estabelecendo relações de poder perversas, na medida em que o indivíduo tem valor não pelo que é, mas pelo que tem”. Retomando Renato Russo e Flávio Lemos: “Com uma arma na mão eu boto fogo no país / E não vai ter problema, eu sei, estou do lado da lei”. Desta forma, outra questão agora se impõe: Quem é o delinqüente nesse Brasil anômico? A quem estamos chamando de anti-sociais?

O termo menor é associado com freqüência às crianças anti-sociais. Não os chamamos de crianças, são menores de rua, meninos de rua, pivetes, ou simplesmente menor. O que era um adjetivo foi sendo substantivado e passou a significar um lugar, um lugar onde o infantil não tem espaço, posto que a população não os vê enquanto portadores da infância ou do mito da infância , e sim portadores da marca do descaminho. Frente a esses menores, a sociedade reage com duas atitudes antagônicas: ou de maneira hostil – deveriam todos ser mortos ou trancafiados em reformatórios –, ou de modo oscilante entre um discurso criminalista e um discurso que os vitimiza. Os dois discursos se igualam no efeito avassalador sobre esses jovens, já que os destituem do seu lugar de sujeito. Não há cuidado no assistencialismo praticado, há descuido que se traduz exatamente pelo não reconhecimento de um lugar social para eles, reduzidos a serem “menor infrator” ou “delinqüente-mirim”. Ser delinqüente não é ser necessariamente infrator e a recíproca é igualmente verdadeira. A atuação anti-social busca uma significação para seu ato, ela busca um lugar que lhe foi retirado. Na pura infração, esse pedido de socorro não está presente necessariamente.

Takeuti cunha o conceito de juventude clivada e de objetos-espelho para entendermos os atos anti-sociais. Segundo essa autora há, no Brasil, os que nascem com futuro e os que nascem sem futuro e, diante desse antagonismo, postula a tese da clivagem do objeto. O que ocorre é que se constrói, com facilidade, no âmbito brasileiro, a esquizofrenização da juventude e da infância, clivada entre o bem e o mal. Cria-se uma especificidade de olhar e de lugar para esses jovens: ou são bons, ou são maus. Diante dessa clivagem ou fratura, Takeuti propõe, como hipótese, a idéia de que eles são objetos-espelho: revelam algo que não está funcionando na esfera social, algo que está escapando a seu controle. O que denunciam, através de sua presença no espaço público, é a falência da autoridade, aqui entendida em termos de limites ao indivíduo social, quase sempre ausente. O desafeto sobre esse tipo de jovem , que incomoda para além das paredes de seu lar, é decorrente do fato de eles desvelarem o fracasso da modernidade. Não há “igualdade, liberdade e fraternidade”, e, muito menos, “ordem e progresso”. Não há perfeita integração social. Eles incomodam porque revelam o que não queremos ver: “que existe uma defasagem considerável entre a realidade tal qual a sociedade gostaria que fosse e como ela é efetivamente”.

Em uma análise sombria da sociedade contemporânea, Takeuti nos demonstra como esta gera, nesses adolescentes, a síndrome do fracasso próprio. Se eles não dão certo, de certo a culpa é deles e de suas famílias, não da sociedade como um todo. Esses jovens são levados a introjetar “significações imaginárias sociais em que o ‘mal’ e o ‘pior’ se encontram neles”, jamais na sociedade ou na “boa sociedade”. Diante dessa sociedade que unilateralmente rompe o pacto social, diante de uma lei que não possui em si além do rigor o amor conjugado a ela, e sim o ódio que termina reforçando ainda mais a desesperança dessas crianças-menores-pivetes-de-rua, podemos nos perguntar quem anda necessitando de “polícia”, dentro da imagem winnicottiana de ser o delinqüente aquele que busca no extremo social o seu limite. Se a polícia ou a autoridade social inexiste ou é fraca ou é espúria, quem precisaria ser preso? Quem precisaria ser barrado?

Uma música, “Polícia”, gravada pelo Titãs, caracteriza bem essa questão de quem precisa de limites ou se esses limites são realmente exercidos por quem de direito social deveria exercê-los. Essa música, juntamente com Veraneio Vascaína, marca bem o que estamos discutindo até o presente momento: aquela polícia que deveria nos proteger nos mete medo, nos descaracteriza, nos enquadra dentro de um padrão social ditado por ela. Indagamos mais uma vez: quem é o delinqüente? Quem possui comportamentos anti-sociais? Quem ocupa o lugar da Lei? Contra quem se revoltar? A quem denunciar pelos abusos ou pela não proteção? Diante da anomia da sociedade brasileira, já há muito denunciada em prosa e verso, percebemos que a malha social não se sustenta e nem nos sustenta. Não são os sujeitos que estão em crise por causa da fragilidade das instituições, mas estas últimas que estão em crise por que necessitam para sobreviver, de um sujeito que se esgotou.

“Lutar quando é fácil ceder”, parecem pensar esses jovens que nos assustam. Eles lutam. Ceder talvez fosse mais fácil. Ceder ao reformatório. Ceder ao próprio medo de ter medo quase de si próprio. Mas este trabalho aposta na luta, muitas vezes inglória, de tentar fazer de jovens anti-sociais ou sem discurso aceito socialmente, jovens com a opção de poder ter um discurso para falar de si mesmos, jovens com o direito de ter um lugar na sua vida e na vida da sociedade.

Crianças jogadas ao chão e sem brinquedos ou sendo seus brinquedos o próprio sofrer do outro marcam imageticamente o quanto a inconseqüência de atos cruéis pode acarretar à sociedade: o declínio da infância, a desesperança da juventude e a falência do brincar Cazuza há muito convocava o Brasil a mostrar “a sua cara”; talvez o que estejamos tentando aqui fazer seja exatamente refletir sobre as diversas faces das crianças e jovens do Brasil e também tentando ver “quem paga pra gente ficar assim”.

Perguntamo-nos quais registros de estratégias de sobrevivência esses jovens possuem?

Em que lugar eles cabem dentro do mapeamento de nossas cidades, das nossas megalópoles? Esse processo de invisibilidade social é caracterizado pelo isolamento, pela solidão que é fruto da falta de confiança, confiança que se perdeu na criança anti-social, pois passou a não ser mais possível o encontro, o reconhecimento de si no outro, fruto igualmente da não elucidação verbal dos conflitos, da falta de ação solidária e compartida. O território como uma construção social é o lugar onde o sujeito produz a sua subjetividade. Aqueles que não conseguem possuir, em si e fora de si, um território acabam utilizando a destrutividade como uma forma de sobrevivência e de inscrição no social que o inviabiliza, tentativa de possuir alguma visibilidade e endosso, nem que seja pelo medo causado ou pelo excesso de atuações. Acreditamos que a destrutividade vista hoje em dia em cidades como o Rio de Janeiro, mas não somente nela, advenha dessa invisibilidade social que essas crianças e jovens vivenciam.

Para nós, o jovem anti-social denuncia o fracasso deste pacto social, denuncia igualmente que, no fracasso do processo de suas vida, algo ainda se mantém vivo e latente, latejante: ele ainda espera que a entendam e que a signifiquem em um lugar seu, de direito. Por isso, acreditamos que, no fundo do ato anti-social, o que existe é uma resistência a uma situação limite.

Para nós a sociedade é a delinqüente e esses jovens são somente “o outro lado do espelho” que, quando visto de frente nos petrifica, nos medusa de culpa. Somos nós, no nosso silêncio conivente, que acabamos por perpetuar essa esquizofrenização social, essa clivagem entre o “bom menino” e o “mau menino”. Achamos que em nós está o bem e neles o mal. É mais fácil assim pensarmos, a culpa talvez seja menor dessa forma. Esses jovens são crianças sobreviventes não somente a elas mesmas e a seus medos e fantasmas, mas, e principalmente, à fratura social contemporânea. Afirmamos que o que falta a essas crianças anti-sociais, e provavelmente às também não anti-sociais explícitas, é o direito de ser um cidadão.

O que elas esperam da sociedade na qual elas estão imersas? O que elas esperam delas mesmas? Winnicott postula que na tendência anti-social existe um pedido de socorro e principalmente de esperança dessa criança em encontrar, no meio ambiente, aquilo que foi dela retirado indevidamente, do ponto de vista da criança, às vezes não do ponto de vista do adulto que dela cuidou ou da sociedade que a circunda. O autor também marca enfaticamente que essas crianças precisam de um ambiente severo e forte, mas, e principalmente, amoroso. Quanto à esperança daqueles que assumem cuidar dessas crianças, desde o próprio lar até a sociedade, Winnicott é bem claro ao marcar que somente haverá sucesso nesse acolhimento se quem os assumir sobreviver às investidas destrutivas e desarmônicas que eles demandarão. Lembra-nos também que somente aquelas crianças e jovens que não perderam a capacidade de sofrer, de sentir psiquicamente a situação de desapossamento que viveram, podem ser ajudadas, podem ter uma saída do beco no qual a vida os levou.

Acreditamos que atualmente vivemos um momento de impasse para esse acolhimento e cuidado para com esses meninos e jovens. A sociedade, perplexa, quer os danos cobrados a quem de direito, só que essa mesma sociedade, num jogo unilateral perverso, esquece que há uma cobrança também do outro lado, seja do muro, seja do gueto, seja das grades de um condomínio: com os atos anti-sociais, esses jovens cobram a parte que lhe cabe nesse latifúndio chamado vida. Esses jovens, sem um referencial familiar que os sustente, buscam na sociedade, na rua, aquilo que não encontram em casa, mas, em seu gesto de procura, o que encontram é o vazio, a falta de lugar, a falta de limites igual ou pior que a de casa, uma lei do cão, ou uma rua sem lei, assim como uma escola sem lei, assim como um bairro, uma cidade sem lei.

Porém, igual à esperança desses jovens na sociedade, postulamos haver saídas, que, hoje em dia, talvez sejam ainda individuais, ou advindas de trabalhos comunitários que não ressoam em todo país. Essa criatividade do ser humano para encontrar soluções saem, nesses projetos e tentativas, da mera utopia para a realidade. O importante é que acreditemos que há formas de saída do impasse no qual estamos diante da agressividade crescente por parte desses adolescentes; o importante é que não esqueçamos que eles sofreram um desapossamento, podem se curar, se curam deste, mas não se esquecem das marcas que sofreram. Essas marcas ficam. Acreditamos que há esperança, mesmo que seja por um fio, mas há, apesar das marcas.

Por isso é importante é que acreditemos nessa esperança, ou como me disse um dia um desses meninos: “o importante é chegar vivo no final do jogo da vida”. Chegar vivo… de forma digna, acrescentaríamos.

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