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Yin e Yang nas dinâmicas dos relacionamentos amorosos

Do ponto de vista junguiano os conceitos Yin e Yang da filosofia oriental expressam valores do simbolismo de nossa psique, ilustram o funcionamento psicológico que deriva do conflito entre opostos na estrutura de nossa mente. Na filosofia chinesa eles caracterizam polaridades de diversos opostos, bem x mal, masculino x feminino, racional x emocional, consciente x inconsciente, entre tantos outros.

De acordo com essa forma de pensamento tudo o que existe no universo deriva desse conflito de opostos, mas o conflito não é negativo, é unificador, tornando-se é uma tentativa de combinar equilibradamente as partes do Yin e Yang.  Desse ponto de vista, nada é apenas um aspecto e se o é, se torna doentio. O ideal é utilizar todos os opostos para vivenciarmos diversas habilidades humanas.

Em seu livro Ponto de Mutação, o físico austríaco Fritjof Capra define os conceitos de yin e yang da seguinte maneira: Yin é a capacidade de energia receptiva, cooperativa, solidária, emocional, ou seja, é a capacidade feminina da psique. Já Yang é a capacidade externa, agressiva, expansiva, competitiva, ação e mostra o lado mais animal e masculino do ser humano. Na abordagem junguiana essas características ilustram Animus e Anima.

Todo arquétipo tem sua base na experiência biológica humana. Nós são gerados da parceria que existem entre o homem e a mulher, para existirmos precisamos do espermatozóide masculino e do ventre feminino. Assim recebemos cargas genéticas de ambos os sexos. Nossa existência se da na junção de questões básicas do DNA, formadas a partir de 23 cromossomos masculinos e 23 femininos, totalizando 46 cromossomos numa célula chamada zigoto, dessa unificação nascem os seres humanos.

Da mesma forma os hormônios femininos e masculinos habitam o corpo. Algumas dessas substancias masculinos que habitam a alma feminina são a testosterona e o andrógeno, eles fazem parte da musculatura, ajudam a regular o sistema reprodutor e auxiliam que o processo da gravidez aconteça saudavelmente. No homem os hormônios femininos são a progesterona e o estrogênio, o que da ao homem auxiliam no processo energético, na massa corporal e gordura corporal.

Biologicamente um habita o corpo do outro. E por termos estas bases genéticas e biológicas, herdamos também a estrutura psíquica. Segundo Keleman, a estrutura psicológica caminha juntamente com a anatomia do individuo.

Enfim, Animus é o arquétipo que organiza as experiências do masculino, todos os homens já são animus, pois biologicamente identificam-se através do corpo com esse arquétipo. A Anima é o arquétipo responsável pelo feminino, as mulheres ao nascerem já se identificam com essa imagem. Entretanto podem ocorrer exceções que causam disfunções psicológicas em nossas estruturas.

Mas, esses arquétipos vivem enquanto realidades psicológicas nos seus opostos. Todo homem possui dentro de si uma imagem do feminino, da mulher, da mãe e isso é a sua Anima, ela ensina ao homem a entrar em contato com seus lados subjetivos. E o mesmo ocorre com a mulher mas sua figura interna é o Animus que é o masculino, o homem, o pai e auxiliando o contato com o lado físico e real. 

Nas pessoas com um desequilíbrio entre essas funções, não existe um meio termo, ou se vivencia o lado Yin (Anima) ou o lado Yang (Animus). Isso ocorre pelo fato já dito acima, os complexos materno e paterno, por causa da inversão de papeis familiares há também um erro na percepção do feminino e masculino das mulheres. 

Exemplos são as mulheres do esporte que procuram homens mais velhos para se envolverem afetivamente, a nível inconsciente procuram um pai que cuide delas, e eles com a energia do complexo paterno negativo atuando acabam sendo esta imagem psíquica. Ou então, as mulheres que se envolvem com homens que procuram mães, elas dominam esses homens, os sufocam, tratando-os como crianças, isso porque a nível inconsciente procuram ser mães dos parceiros.

A também o perfil de mulheres que valorizam demais o corpo e o sexo como se fosse a única coisa que tem, isso é patológico, pois a própria mulher desconhece o feminino. E muitas mulheres praticantes dessa luta podem exercer o complexo materno negativo, traindo ou escolhendo homens que as traiam e as desvalorizem.

Já nos homens, eles podem ser homens indecisos, às vezes preferem interromper o relacionamento, tendo medo de se machucarem emocionalmente, sendo assim, trocam rapidamente de parceiras, sempre buscando relacionamentos seguidamente, se envolvendo apenas sexualmente, entretanto, isso é uma forma de defesa ao amor, pois inconscientemente tem a idéia de que não são bons para receberem isso.

Ou ainda podem ser possuídos pelo complexo materno negativo, invocando a imagem arquetípica do Don Juan, estes geralmente seguem assim procurando uma mãe-deusa, uma mulher perfeita que os faça apaixonar fortemente.

Isso tudo é uma dinâmica inconsciente para os homens que são acometidos por esta imagem, eles não percebem que estão sendo manipulados por forças interiores, e além do mais, existe também uma cultura brasileira que reforça esse comportamento com diversos estímulos ambientais, fazendo as pessoas acreditarem que isso é ser homem.

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