Em primeira instancia, quando falamos de punição é provavel que se sinta repulsa, pois a palavra nos leva a pensar em dor ou sofrimento, mas se ampliarmos o conceito, estamos apenas falando de um estimulo adicionado em uma relação com o ambiente que suprime a resposta alvo de ser emitida. Quando falamos em punição, estamos falando em supressão de resposta e consequêntemente a extinção dessa mesma resposta e não em dor ou sofrimento. É a probabilidade da emissão da resposta ser diminuida e posteriormente extinta. Da mesma forma que quando falamos de reforçamento positivo, não estamos falando em bem estar e sim de controlar consequências nas contingências afim de aumentar a probabilidade de emissão de uma determinada resposta.
Vale lembrar que punir uma resposta as vezes é o unico caminho a se seguir como nos casos de auto agressão severa. ou mesmo de procedimentos de aprendizagem como ensinar uma criança a atravessar a rua. Não podemos permitir a auto agressão pois o comportamento em questão leva a danos e a punição evita um mal maior assim como não podemos modelar o comportamento de atravessar a rua por aproximação sucessiva já que a chance da criança ser atropelada é enorme nesse caso. Os procedimentos de modelagem portanto não são eficientes sendo necessaria a supressão imediata da resposta.
Alguns psicologos são completamente contra o uso de punição, mas o problema não é o uso em sí. O maior problema é que para o uso de procedimentos de punição é necessario analisar a situação e entender que é o unico caminho possivel para se proteger o individuo ou a sociedade que o cerca. É o caso dos criminosos. É impensavel a criação de politicas onde não exista punição para crimes previstos pelo nosso código penal. Claro que a punição por sí só nao é eficiente, pois um dos colaterais da punição é que a resposta acaba sendo suprimida unicamente na presença do agente punidor, continuando a ser emitida na sua ausencia. Obviamente a extinção seguida de reforçamento diferencial ( DRO ou DRA ) são infinitamente mais eficientes. A questão maior é punir apenas a resposta sem dar alternativas mais “saudáveis” não levam a modificação do comportamento de forma duradoura. Prender criminosos os punindo suprime o ato criminoso, mas não existe a correção e substituição de comportamentos lesivos a sociedade. Punir apenas por punir não é um caminho inteligente.
Talvez um dos maiores problemas é que o humano tem uma tendência a usar punição indiscriminadamente, suprimir uma resposta indesejavel imediatamente é muito mais reforçador do que se utilizar de outras estratégias como a modelação e reforçamento diferencial que demoram mais tempo para fazerem efeito, mas que levam a mudanças mais duradouras.
Em nossa cultura parece que é mais prazeiroso ( e estimulado ) punir a educar.
Outro exemplo classico são as nossas escolas. Muitas são movidas a punição ou reforço negativo. Os alunos estudam ( quando estudam…) para evitar punição. O mecanismo de fuga/esquiva em alguns alunos chega a ser fantastico de tão criativo.
Enfim, acredito que a punição como supressora imediata de uma resposta deva ser utilizada com parcimonia dentro de casos bem especificos seguidos por DRO ou DRA.
Creio que os analistas comportamentais têm muito a desenvolver, necessitando tambem entender que a Técnologia Comportamental não esta restrita apenas a Psicologia Clinica ou no laboratório, mas também tem grande valia dentro das politicas e instituições carcerarias, instituições de ensino ou mesmo em organizações empresariais.