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Alfabetização fortalece cérebro de adultos, diz pesquisa

Ex-guerrilheiros colombianos participaram de uma pesquisa para identificar as regiões do cérebro relacionadas à alfabetização. O estudo, publicado hoje na revista científica Nature, reuniu 42 voluntários de ambos os sexos. A maioria era de combatentes que abandonaram a luta armada e chegaram à idade adulta sem saber ler e escrever. Donas de casa, oriundas de um contexto socioeconômico semelhante, completaram o grupo estudado.

Ex-guerrilheiros colombianos participaram de uma pesquisa para identificar as regiões do cérebro relacionadas à alfabetização. O estudo, publicado hoje na revista científica Nature, reuniu 42 voluntários de ambos os sexos. A maioria era de combatentes que abandonaram a luta armada e chegaram à idade adulta sem saber ler e escrever. Donas de casa, oriundas de um contexto socioeconômico semelhante, completaram o grupo estudado.

Pesquisadores espanhóis, colombianos e ingleses dividiram os voluntários em dois grupos: aqueles que aprenderam a ler depois de adultos – 20 indivíduos com idade média de 31 anos – e aqueles que nunca participaram de nenhum projeto de alfabetização – 22 pessoas com idade média de 33 anos.

O estudo optou por analisar adultos, pois, na infância, o aprendizado da leitura concorre com a aquisição de outras aptidões. Torna-se quase impossível isolar as mudanças no sistema nervoso central decorrentes da alfabetização daquelas observadas quando alguém aprende a jogar futebol ou assimila uma nova regra social.

Um equipamento de ressonância magnética registrou imagens dos cérebros dos voluntários e os cientistas identificaram as diferenças presentes nos dois grupos.

Descobriram que os adultos alfabetizados experimentavam um aumento na densidade da substância cinzenta – responsável pelo processamento das informações – em várias áreas do lado esquerdo do cérebro, onde ocorre o reconhecimento das letras e sua tradução em sons e significados. Também foi observado um fortalecimento das conexões na substância branca – responsável pela transmissão dos impulsos – entre as diferentes zonas de processamento.

"É uma ótima notícia", comenta o neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN). Ele aponta que o estudo questiona a crença de que deficiências na aprendizagem poderiam ser explicadas pela atrofia de alguma região do cérebro. O trabalho inverte a relação: a atrofia seria causada pela falta de instrução. "O artigo comprova que a alfabetização pode reverter esse processo mesmo em cérebros adultos", afirma Ribeiro.

Dislexia

A pesquisa vai contribuir para entender melhor doenças como a dislexia. Estudos mostraram que disléxicos possuem menos substância cinzenta e branca nas regiões que se desenvolvem com a alfabetização. O novo trabalho sugere que tais diferenças podem ser mais uma consequência da dislexia do que sua causa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: BOL Notícias

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