O estudo optou por analisar adultos, pois, na infância, o aprendizado da leitura concorre com a aquisição de outras aptidões. Torna-se quase impossível isolar as mudanças no sistema nervoso central decorrentes da alfabetização daquelas observadas quando alguém aprende a jogar futebol ou assimila uma nova regra social.
Um equipamento de ressonância magnética registrou imagens dos cérebros dos voluntários e os cientistas identificaram as diferenças presentes nos dois grupos.
Descobriram que os adultos alfabetizados experimentavam um aumento na densidade da substância cinzenta – responsável pelo processamento das informações – em várias áreas do lado esquerdo do cérebro, onde ocorre o reconhecimento das letras e sua tradução em sons e significados. Também foi observado um fortalecimento das conexões na substância branca – responsável pela transmissão dos impulsos – entre as diferentes zonas de processamento.
"É uma ótima notícia", comenta o neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN). Ele aponta que o estudo questiona a crença de que deficiências na aprendizagem poderiam ser explicadas pela atrofia de alguma região do cérebro. O trabalho inverte a relação: a atrofia seria causada pela falta de instrução. "O artigo comprova que a alfabetização pode reverter esse processo mesmo em cérebros adultos", afirma Ribeiro.
Dislexia
A pesquisa vai contribuir para entender melhor doenças como a dislexia. Estudos mostraram que disléxicos possuem menos substância cinzenta e branca nas regiões que se desenvolvem com a alfabetização. O novo trabalho sugere que tais diferenças podem ser mais uma consequência da dislexia do que sua causa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: BOL Notícias