Geriatra do HC, José Marcelo Farfel analisou 141 cérebros de idosos mortos com mais de 80 anos e entrevistou os familiares deles sobre os hábitos escolares dessas pessoas em vida para chegar à conclusão. Foram criados três grupos: um dos que tiveram demência em estado avançado e sofriam de perda de memória ou incapacidade para realizar atividades básicas; o segundo, de pessoas normais e com cérebro saudável; a descoberta estava no terceiro grupo – de quem tinha o cérebro danificado pela demência mas que, segundo relatos dos parentes, sempre foi lúcido.
Farfel descobriu que pessoas desse terceiro grupo tinham cerca de quatro anos de escolaridade – mais que a média do grupo que apresentou os sintomas. "Mostramos que o indivíduo que estuda mais tem mais chance de aguentar as lesões (provenientes da demência) sem desenvolver os sintomas", disse Farfel. "A média de estudo encontrada é pequena, mas mesmo poucos anos já oferecem muito mais proteção do que se a pessoa fosse analfabeta." Aos benefícios da escolaridade, Farfel chama de reserva cognitiva. Quanto mais, melhor.
Estimular o cérebro
Só que não são apenas os anos na escola que dão essa reserva cognitiva, que é acumulada ao longo da vida, diz o geriatra do HC e professor da USP Wilson Jacob. "Muitos indivíduos usam o intelecto, a criatividade e a capacidade de raciocínio sem que isso seja decorrência da escola", diz. "A escolaridade é apenas um marcador." Ou seja, o importante é manter o cérebro estimulado durante a vida inteira.
O ideal, segundo Jacob, é fugir de rotinas e variar as atividades. "O que estimula o funcionamento cerebral é o aprendizado", diz. "Um músico, por exemplo, deve ler partituras diferentes das que está habituado. E uma cozinheira, fazer sempre novos pratos." As informações são do Jornal da Tarde.
Fonte: BOL Notícias