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Nossa Educação em mãos alheias

Continuo a defender a posição de que é a Educação que forma a Consciência de uma Nação. Por isso, vejo-a como no âmbito da Segurança Nacional de um país. A meu ver, jamais poderia estar em mãos estrangeiras, nem de forma minoritária. Há que se defender as Tradições, a Cultura e os interesses legítimos de um povo, o que deverá ser realizado pela Educação em todos os seus graus.

A legislação brasileira que permite essa infiltração de Poder sobre a massa crítica representada pelos nossos jovens deveria coibir tal prática.

Mas, não é isso o que acontece entre nós. Vejo nessa legislação uma contradição interna cooptando num crime de lesa-pátria. Infelizmente, nossos governantes estão desatentos para esse fato. Educação nunca foi um bom cabo-eleitoral.

Lembro-me dos obstáculos criados para a instalação da Editora Abril entre nós. Discutia-se como um grupo italiano poderia ter algum controle da mídia no Brasil. Mas aí, claro, estamos lidando com Comunicações, muito caras aos nossos políticos. Chego a crer numa orquestração maior, sem fronteiras, abrindo espaço para a tal Nova Ordem.

Hoje (12/11/2009) lemos no jornal O Estado de São Paulo:

Dono de universidade briga na Justiça contra a Laureate

Empresário quer tirar da sociedade a rede americana, controlada pelo fundo KKR

Quando as faculdades brasileiras entraram na mira de fundos de investimento e de grupos estrangeiros, o empresário Paulo de Paula, dono de uma das maiores universidades particulares do Nordeste, a Universidade Potiguar, foi procurado para se associar à Laureate, uma rede internacional com mais de 500 mil alunos em 20 países e que já controlava a Anhembi Morumbi, em São Paulo.

A oferta, segundo o próprio, era tentadora: ele seria o homem da Laureate no País. Diz que ofereceram-lhe um jato para conhecer as faculdades da rede nos Estados Unidos e um jantar no luxuoso restaurante Fasano, em São Paulo, com um banqueiro de investimento que coordenaria uma eventual oferta pública inicial de ações (IPO) da empresa.

Passados dois anos, a sociedade está ameaçada. Paulo de Paula hoje briga na Justiça para tirar os sócios da Laureate do negócio. Enquanto a decisão não sai, ele recuperou em juízo a cogestão da universidade, o que lhe dá o direito de assinar todos os gastos acima de R$ 5 mil.

Procurado pelo Estado, que teve acesso a uma ação que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o empresário diz que se sentiu traído. "Aos poucos, eles foram tomando conta geral. Descumpriram o acordo de acionistas e endividaram as escolas sem a minha autorização", afirma Paulo de Paula, que ainda tem 40% da universidade que ele fundou em 1979.

Pelo acordo de venda, Paulo será obrigado a deixar o negócio até 2012. Um dos temores do empresário é que o aumento do endividamento reduza o valor das suas ações na hora da saída. "Eles não são operadores de escola, têm uma cultura de multinacional. Só com consultoria gastaram R$ 600 mil, o que não condiz com o fôlego da empresa", diz.

Segundo a ação, o estopim da briga se deu há quatro meses, quando Paulo de Paula foi avisado pelo diretor de recursos humanos da Laureate que um diretor-geral seria contratado, esvaziando teoricamente a função do empresário.

Procurada, a direção da Laureate informou, em nota, que as alegações do empresário não procedem e que serão devidamente respondidas na Justiça. Segundo os advogados da instituição no caso, Mauro Sampaio e Sérgio Fagundes, a ação que corre no STJ é derivada de uma inicial que corre em segredo de Justiça no Tribunal do Rio Grande do Norte. "No nosso entendimento, ela também está protegida pelo segredo de Justiça", afirmam eles.

O empresário já propôs aos outros sócios brasileiros da Laureate a criação de uma associação de minoritários. O grupo americano, que tem como controlador um dos maiores fundos de participação em empresas, o KKR, é acionista majoritário da Anhembi Morumbi, em São Paulo, da Business School São Paulo, da UniNorte, em Manaus, da Escola Superior de Administração, Direito e Economia (Esade), em Porto Alegre, da Faculdade dos Guararapes, no Recife, e da Faculdade Unida da Paraíba.

Um dos objetivos, além de fazer com que a Laureate cumpra os acordos de acionistas, é denunciar as práticas que vêm sendo adotadas aos ministérios da Educação e da Justiça e ao Senado, e entrar em contato com sócios e ex-sócios da rede fora do País para saber se há experiências parecidas.

Até aqui, Paulo de Paula é o único que apelou à Justiça. Mas isso não significa que os outros estejam totalmente satisfeitos com a sociedade.

O fundador da Anhembi Morumbi, Gabriel Rodrigues, que ainda tem 49% da universidade, diz que está questionando amigavelmente o atraso na entrega do balanço financeiro da Laureate no Brasil – pela legislação brasileira, o documento deveria ser divulgado até abril deste ano, mas até agora ninguém recebeu. "Com sócio novo, sempre há maneiras diferentes de ver as coisas", diz Rodrigues.

Há 45 dias à frente da Laureate, o executivo Manoel Amorim (ex-Ponto Frio) diz que está tentando resolver a questão do balanço e que o documento deve ser publicado na próxima semana. "O descontentamento procede. Mas o que está errado é atribuir à Laureate a função de fazer o balanço", explica Amorim. "A equipe da Laureate aceitou equivocadamente essa responsabilidade, que deveria ser dos administradores das universidades."

Quando venderam a Business School São Paulo para a Laureate, há dois anos, os fundadores acertaram que uma parte do pagamento seria atrelada aos resultados de 2008 e 2009. Até agora, não receberam nada. "Os resultados não foram bons. Não ficamos satisfeitos", diz Maurizio Mancioli, um dos ex-sócios.

Segundo fontes do mercado, o número de alunos caiu abruptamente depois que o MBA da Business School – que antes funcionava em um prédio de luxo numa região empresarial, com ar-condicionado e mensalidade de cerca de R$ 2 mil – foi transferido para um prédio da Anhembi, perdendo assim a sua característica de butique.

Como bem disse nossa colega Profa.Dra. Regina Pedroso (USP/Mackenzie): "Bem feito para esses empresários brasileiros sedentos de dinheiro. Poderiam estar gerindo seus próprios negócios, em vez de quererem ganhar dinheiro fácil com a 'tecnologia' mercantil norte-americana".

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