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Breves considerações sobre o patriarcado

Atualmente os estudos sobre a família estão entre os mais cotados entre as ciências sociais e humanas e são inúmeras as formas de compreendermos a família, seja como um grupo econômico ou por seus relacionamentos, para citar alguns.
Um meio não tão evidente de compreendermos a construção social da família é sob o ponto de vista de seu poder político: o patriarcado.

Saffioti define o patriarcado como “o regime da dominação-exploração das mulheres pelos homens” (2004, p. 44). Seus principais elementos são: o controle da fidelidade feminina; a conservação da ordem hierárquica com a autoridade do masculino sobre o feminino, bem como dos mais velhos sobre os mais novos; e a manutenção dos papéis sociais: ao homem fica incumbida a responsabilidade da provisão material e a mulher pelos afetos e cuidados no lar (SAFFIOTI, 2004; SCOTT, 1995; TERUYA, 2000).

A evidência de muitos materiais arqueológicos, como esculturas ou pinturas rupestres, provam seguramente que, em tempos remotos, às mulheres eram vistas como seres mágicos e divinos, principalmente pela crença destes antigos homens na sua não participação na atividade de reprodução. Como os bebês precisavam ser amamentados, as mulheres precisavam sempre os carregar junto de si (SAFFIOTI, 2004).

Desta forma, não seria possível para estas caçarem os alimentos para o grupo, pois qualquer choro da criança espantaria as presas. Assim, as mulheres ficavam com as atividades de coleta, como plantas e frutos. Se por um lado isto as transformou em maiores provedoras, pois a caça realizada pelos homens poderia render alimento por vários dias, por outro lado, daria a estes últimos o tempo disponível para o ócio e, consequentemente, à criatividade (SAFFIOTI, 2004).

Com o advento da descoberta da participação masculina na reprodução e posteriormente a criação da linguagem, num lento processo, que levou aproximadamente dois milênios e meio, os homens desenvolveram os meios necessários para destronar suas parceiras e domina-lás. “Logo, não se vivem sobrevivências de um patriarcado remoto; ao contrário, o patriarcado é muito jovem e pujante, tendo sucedido às sociedades igualitárias” (SAFFIOTI, 2004, p. 59-60).

Referências:

SAFFIOTI, H. I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004. – (Coleção Brasil Urgente).

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, 20, 1995. p. 71-99.

TERUYA, M. T. A Família na Historiografia Brasileira: bases e perspectivas teóricas. In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 2000. Disponível em: http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/ … rafia%20Brasileira….pdf. Acesso em: 11/12/2008.

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