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Implante de eletrodos no cérebro pode aliviar sintomas de Parkinson e depressão

Uma técnica similar ao uso do marcapasso, em pacientes cardíacos, tem sido usada com sucesso para tratar doenças do sistema nervoso, como o mal de Parkinson, e até casos de depressão e outros transtornos psiquiátricos, quando os medicamentos não trazem resultados.

Uma técnica similar ao uso do marcapasso, em pacientes cardíacos, tem sido usada com sucesso para tratar doenças do sistema nervoso, como o mal de Parkinson, e até casos de depressão e outros transtornos psiquiátricos, quando os medicamentos não trazem resultados.

Chamado de neuroestimulação por eletrodos, o procedimento – minimamente invasivo – consiste em implantar um pequeno aparelho que envia estímulos elétricos à região do cérebro envolvida nos sintomas da doença. Apesar de ser realizado há mais de dez anos no exterior, o tratamento ainda é pouco difundido entre os brasileiros.

Segundo o neurocirurgião Cláudio Fernandes Corrêa, do Centro de Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, que já realizou mais de 20 implantes do gênero, a técnica é segura e apresenta excelentes resultados, mas ainda é pouco conhecida entre pacientes e mesmo entre alguns médicos. “Estamos muito aquém de nossa capacidade de realizar este procedimento no Brasil”, relata.

De acordo com Corrêa, é extremamente comum que os pacientes com doenças degenerativas sejam encaminhados para fazer o implante somente quando a doença já está em estágio avançado, sendo que uma intervenção mais precoce pouparia sofrimento.

Atalício Morbeck Nascimento, de 64 anos, é um desses casos. Residente do interior da Bahia, ele foi encaminhado ao neurocirurgião depois de esgotadas todas as possibilidades farmacológicas. Seis meses após o implante, a evolução expressiva é comemorada pelo irmão, Edvaldo: “A melhora foi de 95%. Ele precisava de ajuda para andar, comer e tomar banho, por causa dos tremores e da rigidez muscular, e agora consegue fazer tudo sozinho”, testemunha. Apesar de ainda ter que fazer fisioterapia para corrigir dificuldades para falar, o paciente diz não sentir mais dores. Além disso, pôde abrir mão de metade dos remédios que tomava antes.

Depressão resistente

Embora a neuroestimulação por eletrodos já venha sendo utilizada em transtornos psiquiátricos refratários a remédios há alguns anos, o Brasil realizou apenas uma cirurgia desse tipo, até hoje, para depressão. “Não se pode dizer que todos os pacientes vão responder bem ao procedimento, mas é importante que haja a alternativa, uma vez que 20% dos casos são refratários a qualquer tratamento existente, como remédios, terapia e eletrochoque”, conta o médico.

O implante também tem se mostrado útil em pacientes com TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), dores crônicas, dependência química, quando terapias não invasivas são inócuas.

Como é a cirurgia

A técnica consiste na inserção de um eletrodo no cérebro do paciente, no núcleo respectivo ao seu problema. No caso de doenças como o Parkinson, em que o objetivo da terapia é combater os movimentos involuntários, o procedimento é realizado com o paciente acordado – apenas com anestesia local – para que ele possa responder aos resultados esperados pela ativação correta no alvo do eletrodo.

O local a ser atingido é matematicamente calculado por um físico que atua dentro da sala de cirurgia, com a ajuda de um software especial que cruza as imagens de ressonância magnética do paciente com mapas científicos, que apontam com precisão a área exata a ser estimulada.

Uma vez confirmado o local, o eletrodo, então, é conectado a um gerador externo, semelhante a um marcapasso, inserido abaixo da clavícula, que emite estímulos de alta frequência. A modulação é feita apenas alguns dias depois, no consultório, por um aparelho de telemetria.

Como não há lesão de nenhuma estrutura, apenas estímulo, o método é totalmente reversível. O principal risco, embora pequeno, é de infecção no pós-operatório. “Nesse caso, é preciso tirar todo o material para tratar”, diz Corrêa. Outro problema possível, mas pouco frequente, é o rompimento de algum vaso durante a inserção do eletrodo. O risco é de aproximadamente 2% e, segundo o neurocirurgião, até hoje não foi registrada nenhuma morte associada ao procedimento.

Fonte: 
UOL Ciência e Saúde
Adalberto Tripicchio

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