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A Terapia Racional Emotiva Comportamental de Albert Ellis

A Moderna Psicologia, desde seus primórdios, interessada em estudar o Comportamento e Funções Mentais, trava árdua luta para buscar seu reconhecimento como disciplina independente. Para tal, submeteu-se, inicialmente, aos métodos de estudo oriundos do modelo aplicado nas Ciências vigentes, principalmente os métodos advindos da Física, da Fisiologia, das Ciências Biológica, com forte influência da Teoria Evolucionista.
Este desbravamento inicial, foi fundamental para o surgimento da Terapia Comportamental, que teve seu desenvolvimento marcado, principalmente, pelos estudos e avanços da Fisiologia (Pavlov: Condicionamento Respondente ou Clássico; Betcherev: Reflexologia); do Comportamentalismo e da Psicologia da Aprendizagem (Watson: Condicionamento – Métodos Experimentais da Fisiologia para estudar o Comportamento Humano; Skinner: Condicionamento Operante;  Bandura: Condicionamento Vicário; Thorndike: Conexionismo; Guthrie: precursor da Dessensibilização Sistemática; Mower: Reação de Evitação).

As Principais influências de base das Psicoterapias Comportamentais, foram o Comportamentalismo (Método de Pesquisa, observação de eficácia e efetividade), a Psicanálise (Representações Mentais), a Psicologia do Ego (insight – pensar a respeito do próprio pensamento e dar-se conta de suas disfunções para modificá-las) e, o Humanismo rogeriano (Espírito Colaborativo).

A partir dos anos 60’, a Psicoterapia Cognitiva, teve como base as Escolas de Modificação do Comportamento Cognitivo (Joseph Wolpe: Dessenssibilização Sistemática; Beck: Terapia Cognitivo-comportamental e Ellis: Terapia Racional Emotiva Comportamental).

A Psicoterapia Cognitiva-comportamental, conforme Beck, 1964, “pauta-se por ser um Psicoterapia Breve, estruturada e orientada ao presente, direcionada a resolver problemas atuais e modificar os pensamentos e os comportamentos disfuncionais”.

O Objetivo das TCC’s, segundo Beck, 1997,  é produzir a mudança cognitiva, no pensamento e no sistema de crenças, visando promover mudança emocional e comportamental duradoura, através de estratégias cognitivas e comportamentais.

Como característica, a TCC, valoriaza a tríade ambiente/indivíduo e comportamento, sendo o pensamento a chave da abordagem, onde através do Empirismo Colaborativo, onde paciente e terapeuta trabalham juntos.

A Terapia Racional Emotiva Comportamental, fundada por Albert Ellis em 1955,  foi precursora ao evidenciar a influência de processos cognitivos sobre sentimentos e comportamentos. Ellis, inicia experimentando estilos de terapias diferentes, como a terapia analítica eclética, influenciado pela filosofia grega e romana estóica. Utiliza-se dos conceitos advindos do Comportamentalismo, da
Aprendizagem Social, da Metacognição e do Modelo Dialético.

O princípio fundamental está sustentado no pressuposto de que as circunstâncias não perturbam as pessoas, mas as pessoas perturbam-se pela sua visão das circunstâncias. Assume, em decorrência deste princípio, que pensamento, emoção e comportamento são interrelacionados, numa relação sistêmica e, devem ser trabalhados juntos, através do Sistema ABCDE, onde: A (acontecimento ativador), B (crenças irracionais), C (conseqüências emocionais e comportamentais), D (debate), E (nova filosofia).

Com o objetivo de mudar a baixa tolerância à frustração e promover a mudança emocional e comportamental profunda, adota métodos cognitivos, comportamentais e emocionais. Utiliza-se de técnicas tais como a inundação, a dessensibilização, a exposição ao vivo, treino de habilidades sociais acompanhado de mudanças básicas em crenças irracionais.

Ellis trabalha com a categorização de regras para minimizar a vulnerabilidade biológica – base biológica da “irracionalidade humana”, sede das “perturbações emocionais”, tais como a “procrastinação” e a  “falta de disciplina”.

Através de uma atitude enérgica, realiza o “questionamento ativo das filosofias perturbadoras e auto-derrotistas”, para desenvolver um sistema de “crenças mais racionais, adaptativas e saudáveis”, para minimizar as perturbações do “ego”e do “desconforto”, ampliando a flexibilidade cognitiva, fundamental para o equilíbrio emocional.

Almeja uma mudança dessas “filosofias perturbadoras”, do sistema de Crenças Absolutistas”, baseado em obrigações e imperativos, base dos “Pensamentos Disfuncionais”, as “Musturbations”, tais como: “Terrivelização”, “Não-aguentite”, “Condenação”. Centra-se, assim, nos sistema de valores dos pacientes, questionando o “absolutismo das afirmações”, tais como: “Devo, absolutamente”; “Devo, ser tratado por, absolutamente”; “As condições sob as quais vivo, devem ser absolutamente confortáveis, prazeirosas e valiosas”.

Para finalizar, conforme as metas consoantes com a TREC, e para atingir um grau de “felicidade razoável” devemos priorizar algumas crenças racionais que todo ser humano deve ter desenvolvidas, tais como, o “auto-interesse”, “interesse social”, “auto-direção”, “tolerância”, “flexibilidade”, “aceitação da incerteza”, “comprometimento”, “pensamento científico”, “auto-aceitação”, “correr riscos” e  “expectativas realistas”.

A TREC toma como valores a “sobrevivência”e a “felicidade”, minimizando o desconforto emocional e as ocorrências de comportamentos “auto-derrotistas”.
 
Ellis, A., & Blau, S. (1998). Rational emotive behavior therapy. Directions in Clinical and Counseling Psychology, 8, 41-56.
 

Jorge Luís Cruz de Vasconcellos
Terapeuta Cognitivo-comportamental

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