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Ei psicólogo analítico – comportamental, você está pronto para era WEB e a gradual robotização humana?

Depois que o fenômeno da globalização acelerou a interface do 3º nível determinante de comportamento humano (Cultura) alterando as metacontingências e macrocontingências no mundo todo, processo irreversível do ponto de vista das ciências humanas, que por sua vez impactou diretamente sobre os outros 2 níveis (Filogenético e ontogenético), agora como diria Heys, para atuar de forma funcional e saudável do ponto de vista biopsicossocial, vejo a “Aceitação e Compromisso com as mudanças” como o método que nos ajudará a sobreviver às contingências futuras da forma menos aversiva possível.
Não temos nem meio século fundamentado de forma didática e/ou acessível aos estudantes de graduação em condições culturais de “Brasil” sobre os benefícios do comportamento verbal proposto por B.F. Skinner, obra que deu uma “reviravolta” a prática clinica e extra consultório do analista do comportamento e já estamos diante de um “Boom” de outros fenômenos.

ACT, FAP, Quadros relacionais? Sim, mas não é disso que eu quero chamar a atenção de vocês nesta coluna. Os treinamentos empresariais viraram: E-learning e E-Training. O dinheiro virou: cartão e transações eletrônicas.Os cursos de graduação viraram: Web Aulas, cursos à distância. As vendas viraram: E-comerce. Os amigos viraram: Orkut, Sonico, My space e Facebook. As paqueras viraram: MSN. O trabalho em equipe nas organizações virou: E-mail. O jornalismo e o entretenimento virou: Twiter. A educação física virou: RPG On line. Os congressos estão virando: Fóruns on line, com palestras on line. Os livros estão virando: E-books. As músicas ao vivo: MP3. As fotos impressas vistas em família: Blogs. Cuidar de animais de estimação virou: “A fazenda” (on line), deixa o bixo virtual no chinelo em termos de avanços tecnológicos.Executivos: Somente em Home Office. A inclusão social: Ganhou adendo para Inclusão Digital. A biblioteca virou: Google.

O antigo recrutamento de pessoal e a devolutiva negativa caso ele seja reprovado virou: E-recrutament. A busca por emprego trocou as filas do centro da cidade pelo: ambiente Web. Os testes para avaliação comportamental e de personalidade viraram: On line. O Analista de Marketing / Propagandista, já virou: Analista de SEO. O segundo idioma (Inglês), já é : HTML. A nova ortografia perde forças para o fortalecido vocabulário: Vc, Naum, =), ñ, etc. Os cinemas estão virando: Youtube, Badoo, etc. As vídeos cassetadas viraram: Top 10 de Internet. Comercial de TV virou: POP UPPropagandas que chegavam pelos correios viraram: Emails Marketing, teases, etc. A terapia está liberada para: Web Divã, Skype, etc. Exressões faciais agora são: Smiles e caracteres. O Cartão de natal, de aniversário, páscoa, desculpas e outras ocasiões, agora é: um código postado em uma página de internet. O 156 da prefeitura, os mapas, todos juntos: virou apontador.com.br ou ainda, em fotos de satélite pelo Google maps. O PROCON agora é: “Fale conosco – mande seu e-mail”. A minha foto agora: é a sua, a sua… é de quem você quiser. Grupos de estudos agora são: Yahoo grupos.

O rato do laboratório… ha meus amigos, este também virou: On line! Até a poluição visual, agora é: Web! Lembram do xadrez, dominó e outros jogos de tabuleiro… adivinhem: On Line. A pedofilia, drogas, prostituição que antes poderiam ser afastadas de seus filhos pelo muro de suas casas, agora: estão à um clique. O que toda esta invasão digital tem haver com a prática do analista do comportamento? Sabemos que os benefícios destas ferramentas são incontestáveis. Skinner em ciência e comportamento humano já falava sobre ciência e o seu uso em relação a própria sociedade.

O que eu quero alertá-los é: “Será que estamos vendo as desvantagens ou apenas nos deixamos levar cegamente pelas vantagens da era digital”? O que pode virar o amanhã? Assaltantes trocando revólveres por vírus e sendo presos em quarentena? Policiais WEB? Seres humanos reiniciáveis ou tendo seus problemas resolvidos pelo Ctrl + Alt + Del e uma receita do seu antigo médico homeopata, agora atual médico de suporte técnico? Como o comportamento operante, o comportamento verbal, a mediação comportamental, os esquemas de reforçamentos, o controle de estímulos, as recentes ACT, FAP, os repertórios ditos como valores, moral, sentimentos, relações humanas, introversão, extroversão e outras que injustamente são taxadas como “coisas” que o analista do comportamento não lida por ser mecanicista pode contribuir nesta era de tecnologias? Quais as conseqüências aversivas deste novo cenário? Quais serão as possibilidades de contra – controle, fuga, esquiva e efeitos colaterais na era tecnológica? O comportamento do Rato que durante muito tempo foi estudado para obtermos resultados análogos a conduta humana agora vai ser substituído por pesquisas de qual magnitude, por quais sujeitos? Robôs?  Java e Oracle? 

A formação do psicólogo no Brasil que apresenta uma discrepância nítida em relação a distribuição de créditos de vertentes teóricas de psicologia menosprezando a abordagem comportamental em relação as demais, fez os seus ajustes necessários para preparar os psicólogos do futuro para este cenário? Os congressos de psicologia, em especial os que envolvem behavioristas pela temática desta coluna, estão divulgando algo à respeito?  Quer um exemplo mais prático? Vamos para o campo da psicoterapia infantil. Os pais que tiveram o seu repertório comportamental construído em um outro momento histórico de níveis de determinantes de comportamento estão aptos para educar seus filhos na era digital? Os educadores e terapeutas estão aptos para orientá-los, ou pior, para fornecer o atendimento Web?  Este tema é tão desesperador, que a única forma que achei de compartilhar com vocês, foi a que eu iniciei criticando: a Web. Bem… espero que consigam compreender o meu desespero e que possamos juntos dar contribuições da analise do comportamento não apenas a esta atualidade, mas que também possamos pensar em nosso futuro, no futuro dos nossos clientes, filhos, planeta, sociedade, sejam eles atendidos e observados em relações do campo clinico, jurídico, organizacional, hospitalar ou afins.

É provável que em breve tenhamos um 4º nível de determinante comportamental (Digital), que assim como o filogenético, afete as relações da espécie humana como um todo, e mais, faça isso sem depender de contingencialidade dos genes. Há muito para se pensar, há muito para se observar. Estes avanços estão rápidos a ponto de não prestarmos atenção em todos eles. Veja a lista deste artigo, qual destes recursos você ainda não conheceu enquanto psicólogo? Eu estou lendo um pouco de Heys. Aceitando a era digital e atualizando meus conhecimentos, preparando-me para o que nos espera pela frente. A dor e desumanização de relações humanas talvez sejam inevitáveis frente a estes avanços que aceleram os processos mundiais, cultivam ansiedade e tornam normais os repertórios de impaciência, mas continuar sofrendo sempre poderá ser modificado, uma vez que não esquecermos de todo nosso referencial teórico, de onde viemos, como evoluímos, como podemos atuar em prol dos seres humanos através das contingências de reforçamento que ilustram suas relações com o mundo, sejam eles digitais, virtuais, naturais, físicos, “mentais”, afins.

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