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Terapia de Familia com crianças pequenas. Como assim?

Como atender famílias com crianças pequenas sem que estas fiquem excluídas do atendimento? Como adaptar a linguagem da sessão para que todos tenham acesso ao que está sendo refletido e possam participar/contribuir?

Nove horas da manhã, o interfone do consultório toca. Chegam pai (Maurício, 37 anos), mãe (Carla, 35 anos) e dois filhos, Pedro (9 anos) e Clara (4 anos). Pai e mãe se sentam no sofá de frente para a terapeuta. Pedro observa o consultório e se senta ao lado da mãe. Clara não quer se sentar. Corre de um lado ao outro da sala, mexe em tudo, quer experimentar todos os brinquedos. De imediato, penso no caminho mais fácil “ acho que vou dar uma folha e giz de cera pra entretê-la enquanto converso com a família”. Hun? Então Clara não faz parte dessa família? Desse sistema? será que não pode colaborar com o trabalho?     

Esse é um grande desafio para os terapeutas de família. Por vezes, tais profissionais se tornam especialistas de uma comunicação estritamente verbal e de domínio dos adultos e deixa-se de lado técnicas e recursos lúdicos que podem e devem ser utilizados a fim de não excluir a criança pequena do atendimento, por esta não dominar a linguagem verbal. Como escolher aquilo que vai ser trabalhado nas sessões de família na presença das crianças? Ou seja, existem temas de extrema relevância e que precisam ser discutidos, mas que só interessam aos adultos em questão, seja por uma impossibilidade da criança digerir tal tema, seja por pertencer ao âmbito privado da vida do casal.         

A terapeuta precisa de forma clara orientar à família a separar aquilo que é do mundo adulto e o que é da criança (seus anseios, receios, medos, dúvidas e alegrias). Afinal, a criança também é um universo de emoções.Um outro ponto importante num atendimento familiar com crianças pequenas é de exercitar com a família o não fazer da criança um aliado, inimigo, responsável por decisões que não lhe cabem ou uma vítima. Para isso, é preciso que a família possa exercitar a clareza na comunicação entre seus membros e destes com a terapeuta,O terapeuta precisa propor atividades que integre criança e adultos, respeitando as limitações e nível de maturidade da criança, ao mesmo tempo em que não infantilize o adulto e abra espaço para uma simbolização mais elaborada. 

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