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O papel do psicólogo nas empresas

A escolha deste tema se deve ao fato de que minha formação acadêmica em Psicologia não me forneceu maior aprofundamento sobre de que forma a atuação nesta área da saúde pode colaborar no ambiente de trabalho.

O que me motivou de maneira sem igual a escrever sobre tal assunto foi poder adentrar ainda mais no campo das psicopatologias e com a ajuda das leituras das obras de Dejours, compreender como se dá o sofrimento humano no meio ocupacional e, da mesma forma, como os distúrbios psíquicos podem ou não se manifestar neste ambiente e como isto acontece.

Contudo, meu foco neste trabalho é esclarecer como podemos manter saúde psíquica em um ambiente de trabalho, onde tensões diárias fazem parte da rotina do trabalhador.

Suposição

Supõe-se que a insatisfação do indivíduo no meio ocupacional pode acarretar prejuízos em sua esfera mental, física e psicossocial, pois, uma vez que a subjetividade do trabalhador é colocada em segundo plano, e sabendo-se que este é indivisível por natureza, logo haverá então a degradação da saúde do trabalhador.

Objetivos da Pesquisa

Objetivo Final
 

O objetivo final deste trabalho foi compreender a lógica do sofrimento humano nas empresas, e de que forma a relação trabalho e trabalhador pode desencadear psicopatologias no trabalho, levando em consideração um breve estudo de caso acerca do tema.

Objetivos Intermediários

Abordar o tema do sofrimento do trabalhador, buscando problematizar o tema sofrimento no trabalho, tratar a relação trabalho x trabalhador, identificar as causas que contribuem para a deterioração da saúde do trabalhador, tentando contribuir, assim, para o debate sobre sua implicação no meio ocupacional.

O papel do profissional de Psicologia é indispensável, mas é claro que ele terá que trabalhar no contexto da empresa, conhecendo seus negócios, sua cultura. Então, ele precisará adequar seus meios de trabalho, pois ele está inserido em outro contexto, que não é a clínica. E como se da a dinâmica: indivíduo x mundo do trabalho? Pode-se dizer que ela na maioria das vezes não se apresenta de modo desejado, satisfatório. A relação homem x trabalho muitas vezes é ansiosa, estressante, apresenta conflitos. Isso acontece porque os objetivos das empresas são uns e os dos indivíduos são outros, fazendo com que o indivíduo acabe entrando em conflito e muitas vezes gerando frustrações. O trabalhador oferece a sua subjetividade (sentimentos, habilidades, potencial físico e mental) e o seu desenvolvimento operacional; por sua vez, a empresa limita o indivíduo, pois esta impõe tarefas definidas e até mesmo indefinidas, porém, muitas vezes o desafia impondo responsabilidades acima de sua capacidade. Essa dinâmica, trabalho x indivíduo poderá funcionar bem, ou seja, causar menos incompatibilidade, dependendo dos valores, da cultura da organização, já que os valores de uma organização acabam moldando comportamentos, e isto pode ser benéfico ou não.

Segundo MENDES (1999), em "Valores organizacionais e prazer-sofrimento no trabalho; os valores podem ser fontes geradoras de prazer no trabalho, ou estresse, sofrimento. As vivências de prazer-sofrimento formam um único constructo composto por três fatores: valorização e reconhecimento, que definem o prazer; e desgaste com o trabalho, que define o sofrimento.

Penso que o prazer é vivenciado quando são experimentados sentimentos de valorização e reconhecimento no trabalho. A valorização é o sentimento de que o trabalho tem sentido e valor por si mesmo, é importante e significativo para a organização e a sociedade. O reconhecimento do bom trabalho desenvolvido é o sentimento de ser aceito e admirado no trabalho e ter liberdade para expressar sua individualidade. O sofrimento é vivenciado quando experimentado o desgaste em relação ao trabalho, que significa a sensação de cansaço, desânimo e descontentamento com o trabalho. Assim sendo, prazer-sofrimento são vivências de sentimentos de valorização, reconhecimento e/ou desgaste no trabalho.

Neste trabalho não se pretende atribuir à organização a responsabilidade pelos males da vida de um trabalhador, e nem negar o sofrimento. O interessante é entendê-lo, e tentar encontrar um mediador de saúde física e psíquica. Devemos, então, também como psicólogos perceber o sofrimento, a angústia alheia.

"Perceber o sofrimento alheio provoca uma experiência sensível e uma emoção a partir das quais se associam pensamentos cujo conteúdo depende da história particular do sujeito que percebe: culpa, agressividade, prazer etc. A percepção do sofrimento alheio provoca, pois, um processo afetivo". (DEJOURS,1999, pp.45-46)

E só conseguiremos fazer este trabalho de percepção, através da nossa própria ferramenta: a escuta, a "ausculta da alma". A escuta de um psicólogo é uma escuta diferenciada dos demais, já que aprendemos ao longo de nossa formação acadêmica, as técnicas, linhas teóricas que escolhemos para utilizá-las no nosso "ouvir". Com esse instrumento podemos entrar em um mundo (do outro) cheio de mistérios e indagações que uma pessoa do senso comum não conseguiria isso nos torna diferente dos demais no mundo do trabalho, já que podemos ajudar o outro quando nem o mesmo sabe o que está acontecendo com ele. Esse diferencial no trabalho do psicólogo fica evidente.

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