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A espécie, o ser e a cultura I (Elias N. Mora)

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Um tipo de desabafo genético-espiritual sobre a minha perspectiva do homem e da cultura hoje, com base na Seleção por Consequências proposta por Skinner e outros autores. Sujeito a erros conceituais dada a minha ignorância de aprendiz.

Em que mundo vivemos? Comecei a me perguntar e enuveio sobre isto faz algum tempo já. Será que estou mais próximo de uma resposta? 

A princípio temos nossos próprios desejos – desde fome e sede até uma vontade de voar. Mas tal pressuposto é anteriormente, ainda, função da nossa condição terrena, humana – filogenética. Não posso bater os braços e sair voando. Contudo posso elaborar pensamentos lógicos, os quais funcionam da mesma maneira que possibilitaram o Homem a se desenvolver, a ponto de termos conseguido produzir uma máquina como o avião, por exemplo. Basicamente, quero dizer que temos, como seres humanos, algumas possiblidades que variam dentro de determinadas limitações, de início físicas, fisiológicas e genéticas.

Então nascemos, com algum esforço e com aquela cara de joelho, num choro apaixonado, intenso, libidinal. Choro, este, incomodativo de uma tal maneira que fazem todos a sua volta procurarem maneiras de se livrar deste estímulo barulhento e estridente, que  torna a procura de satisfazer o bebê, como um meio de afastar a gritaria. Na mesma medida em que o ato de chorar, para o bebê, traz consequências positivas pois sempre que chorar, terá colo, comida e tapinhas nas costas. Talvez por isto que carregamos esta atitude e suas variáveis por,  possivelmente, toda a vida e em situações de impossibilidade de obter algo. O bebê não consegue fazer nada, logo chora por tudo. Somos dependentes por natureza – talvez por isso culturalmente nos sensibilizamos ao outro, através de contínuos processos de emparelhamento – associações entre situações, tornando a sua diferenciação inconsciente após um certo tempo sujeito a essas associações. O biscoito é fresquinho porque vende mais, ou vende mais porque é fresquinho? Não sabemos porquê nos afeiçoamos, além de alguns padrões mamíferos e pelo fato de que o afeto possivelmente veio junto com a comida.  

No entanto, bebês são fofinhos e acabam por estimular aspectos valorosos e espontâneos nos adultos. São vítimas da admiração e talvez porque venham a representar um devir; um "algo" novo, uma perspectiva -que no caso tendem a ser traçadas, as perspectivas, em moldes culturais nos quais os pais desejam: seja para seguir o mesmo caminho, ou seja para suprir as frustrações pessoais. Ai entraremos em terreno lacaniano, que diz que de certa forma a criança cresceria em função dos pais, podendo segui-los ou fazer oposição. Posso estar completamente equivocado, dado a minha ignorância sobre Lacan, mas creio que de certa maneira todos somos. De qualquer forma, o irritaria, ao dizer que isto pode ser explicado simplesmente pelo fato de que um pai muito desejoso pode ser um grande agente controlador que serve de exemplo e manipula o filho a vida inteira, no sentido de que, imaginemos um pai que espera que seu filho seja jogador de futebol, este lhe dará chuteiras, bolas e o levará para estádio todo o tempo. O que, para o filho, pode ser extremamente gratificante. Mas, por outro lado, pode tornar este pai aversivo e punitivo, no sentido de obrigar o filho a fazer exercícios físicos, o chamar de preguiçoso ou simplesmente ser insistente o suficiente para a palavra ''futebol'' encadear uma resistencia que faça este filho a sequer fazer uma caminhada. Confesso que estas suposições estão pecando pela superficialidade e até banalidade, mas por isso que são suposições, interpretativas e especulativas, porém relevantes e que se fazem entender.

Voltando a questão da criança, creio que a figura infantil foi vinculada culturalmente a uma série de significações sociais, inclusive ao da sobrevivência da própria cultura. Nunca se deu tanto valor a criança porque agora sabemos o quanto a educação e o modo que são inseridas na sociedade pode influenciar seu próprio rumo. Adiciono tambem o fato de que o mundo contemporâneo é muito confortável, logo, todos estão ocupados demais fugindo de qualquer responsabilidade social, então, que deixemos o futuro com as crianças…

Sobre a incidência da educação sobre a criança, ela é proveniente de um contexto cultural. Deverá antes de tudo sensibilizar-se de seu corpo, para que controle suas necessidades biológias de excreção, visto que limpar cocô é extremamente aversivo para os outros. Assim como, não necessáriamente em ordem – sensibilizar-se da sua própria voz e dos fonemas por ela emitidos afim de ser capaz de formar frases e ser capaz de se comunicar. Ou seja, a partir de minhas necessidades básicas como ser biológico em interação com os outros seres que fazem parte do chamamos de ambiente; somos conformados, co-formados.

A partir disto podemos começar o esboço de onde podemos chegar.

Retomando; em que mundo vivemos?

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