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Identificação de Possíveis Consequências Reforçadoras e Relação Com o Processo de Ensino-Aprendizagem

Giovana Escobal1; Celso Goyos2 [email protected] 1 Programa de Pós-graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos; 2 Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos

Avaliar preferências de pessoas com necessidades educacionais especiais é um elemento essencial de terapias comportamentais, ensino e intervenções efetivas, porém é uma área pouco explorada Quanto maior o conhecimento sobre as preferências de uma pessoa, melhores são as condições de motivá-la com sucesso a realizar uma tarefa. Esse estudo investigou a escolha de pessoas com deficiência intelectual por itens de preferência e avaliou se a preferência se mantinha ao longo do tempo. O estudo foi realizado em uma instituição filantrópica freqüentada pelos participantes no interior paulista. Quatro pessoas com deficiência intelectual participaram. Foram utilizados videocassete, filmadora, adaptador, fitas de vídeo, computador, itens comestíveis e outros itens de preferência dos participantes. Para estabelecimento da hierarquia de itens de preferência, realizou-se um teste de escolha forçada. Uma entrevista com os pais e profissionais para levantar quais itens, comestíveis ou não, eram de preferência para cada participante foi realizada, seguida da apresentação em pares de cada item desta lista com cada um dos demais itens, com instrução para o participante escolher o de sua preferência. Os itens foram classificados de acordo com o número de escolhas, em níveis altos, médios e baixos de preferência, segundo o critério: cinco ou mais escolhas, nível alto de preferência; três ou quatro escolhas, nível médio de preferência e uma ou duas escolhas, nível baixo de preferência. Na fase seguinte, escolha livre, os mesmos oito itens apresentados aos pares anteriormente foram disponibilizados em conjunto sobre uma mesa com instrução para o participante escolher o de sua preferência. Uma nova hierarquia dos itens de preferência foi estabelecida com base no critério já mencionado. As escolhas de itens de preferência foram registradas ao longo de todas as tentativas. Foram conduzidas 22, 20, 16 e 16 tentativas para os participantes P1, P2, P3 e P4, respectivamente. Foram escolhidos itens dos três grupos de preferência; alto (48,6%), médio (37,8%) e baixo (13,5%). Os resultados revelaram que a preferência foi bastante variada. A combinação de itens escolhidos pelos participantes foi diferente, embora alguns itens estivessem presentes para mais de um participante, dentro de suas combinações, em cada um dos diversos níveis de preferência. Os itens comestíveis, em geral, foram os mais escolhidos sendo classificados como itens de nível alto de preferência. Apenas um participante escolheu desenho e quebra-cabeça mais freqüentemente. Três participantes escolheram menos freqüentemente os itens de lazer, quebra-cabeça e desenho, classificados como itens de nível baixo de preferência. Os resultados são importantes ao reforçarem a noção de que controle inadequado do acesso aos itens de preferência pode aumentar ou diminuir a eficácia dos itens como estímulos reforçadores e também reforçam a idéia de que itens de menor preferência podem atuar como reforçadores poderosos, e os de maior preferência podem ter sua eficácia prejudicada, se as condições anteriores à sessão experimental não forem devidamente conhecidas e controladas. Faz-se necessário, portanto, identificar e analisar as relações entre o comportamento e os eventos ambientais para, assim, programar contingências de reforçamento efetivas em sua prática em qualquer contexto.   

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