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Exploração cósmica e viagens no tempo e suas relações com a histeria e a obsessão

Neste artigo, relaciono a histeria e a obsessão, particularmente a agorafobia no obsessivo e a claustrofobia no histérico, para enquadrá-las na exploração espacial e planetária, relacionando, também, aqueles tipos de personalidade com as viagens no tempo.

Em A agorafobia enquanto perturbação obsessiva  ( Resende, 2008 ), refiro que a agorafobia refere-se ao medo, com ou sem ataque de pânico, de sair e de se deslocar em espaços abertos, como praças públicas, tal como considerado por Houzel, Emmanuelli & Moggio ( Coord. ) ( 2004 ). Estes autores referem que ocorrem frequentes rituais obsessivos nesta psicopatologia. Agora, é de considerar que a agorafobia, enquanto descompensação psicopatológica, estará relacionada com o facto de nessa situação haver falta de pormenores, de detalhes, de pontos de referência, e será com esta falta que o obsessivo entra em descompensação, já que o obsessivo funciona na base destes pormenores e pontos de referência. Assim, o agorafóbico utilizará estratégias ou mecanismos de defesa tipicamente obsessivos, tendo em conta, para mais, os rituais obsessivos, tendo-se então, no agorafóbico, uma estrutura neurótica obsessiva de base ou de fundo, que entrou em descompensação.

Já em A claustrofobia enquanto perturbação histérica ( Resende, 2008 ), considera-se que na claustrofobia, todos os referenciais estão presentes, todos os pontos de referência estão presentes e sentidos como perto de mais. Isto é de mais fácil lide pelo obsessivo, mas já o histérico terá dificuldades em lidar com relações com o mundo exterior de tipo obsessivo, e nessas situações de excesso de referências, nessas situações claustrofóbicas, entra em descompensação histérica. O étimo de histeria é hister, que significa útero, relação com a qual é mais fácil perceber a relação entre a histeria e a claustrofobia, pois é como se o útero fosse um claustro. É como se o bebé no útero desenvolvesse um protótipo de relações claustrofóbicas, o qual caracteriza-se por sentimentos de estar perto demais de algo, que posteriormente é de mais fácil lide pelo obsessivo do que pelo histérico, pelas razões apontadas.

Neste último artigo referido, considera-se, ainda, o homem como mais tipicamente obsessivo e a mulher como mais tipicamente histérica, supondo-se, neste contexto, que o desenvolvimento intra-uterino do rapaz será de melhor qualidade do que o desenvolvimento intra-uterino da rapariga.

Ter-se-à, então, que por um sentimento mais prazeiroso e de melhor qualidade na vida intra-uterina, o obsessivo tenderá a ser menos extrovertido, tenderá a procurar menos o contacto com os outros, do que o histérico, o que acontece. Para o histérico, a vida intra-uterina tenderá a ser de menor qualidade, com necessidade ou sentimento de se desenvolver para além do útero, devido aos sentimentos claustrofóbicos, e tenderá, posteriormente, a procurar mais os outros, a tentar procurar estar com os outros, o que é coerente com as suas características típicas.

Ora, relativamente às viagens espaciais, se se quiser alguém para viajar nas naves espaciais, estadias de longa duração e futuras missões espaciais de longa duração, onde se pode incluir as eventuais futuras hibernações, dever-se-ão seleccionar cosmonautas de personalidade obsessiva, e se se quiser alguém para as caminhadas espaciais, como arranjos técnicos e reparações, dever-se-ão seleccionar cosmonautas de personalidade histérica. Acrescente-se, aqui, que na exploração planetária, e no contacto com o planeta descoberto ou a explorar, deverão ser enviados para missões de avaliação, e reconhecimento, cosmonautas histéricos, em que estes transmitirão posteriormente as informações, os pontos de referência, aos cosmonautas obsessivos, que permaneceram na nave, para uma posterior exploração mútua do planeta, lua ou outro objecto espacial.

Já em relação às viagens no tempo, dever-se-à considerar o meu artigo Psitrões enquanto base dos psemes e suas relações com a histeria e a obsessão ( Resende, 2010 ).

De base, deve ter-se a noção dos psemes enquanto unidades de evolução psicológica, enquanto unidades psicológicas de transmissão intergeracional. Basicamente, os psemes serão pensamentos inconscientes que são constituídos enquanto complexos, ou conjunto de complexos, inconscientes, sendo estes complexos tidos no sentido Junguiano, enquanto conjunto de disposições psicológicas, psicologica e significativamente relacionadas. Para aprofundar acerca dos psemes, consultar Psemes: para além dos genes e dos memes ( Resende, 2010 ), Psemes: Evolução por Selecção Psicológica ( Resende, 2010 ) e Evolução por Selecção Psicológica Lamarckiana ( Resende, 2010 ), em que neste último considero as características Lamarckianas da psique, no sentido dos complexos inconscientes, referidos, poderem ser modificados durante a vida do indivíduo, com essas modificações a serem transmitidas às gerações seguintes. Agora, os psitrões, referidos no título do artigo acima mencionado, perspectivam-se enquanto bases particulares, partículas psicológicas que subjazem os psemes. Os psemes terão por base os psitrões, que se constituirão enquanto partículas psíquicas, da mesma maneira que o inconsciente, ego e consciente se constituirão enquanto instâncias psíquicas.

Basicamente, dir-se-à que a histeria é caracterizada por psitrões curtos e que a obsessão é caracterizada por psitrões longos Isto, considerando o descrito no artigo referido sobre os psitrões, acerca de características básicas da histeria e da obsessão, e o que isso implicará em termos psitrónicos. Assim, a tendência para a satisfação imediata, o  " aqui e agora " histérico, teria por base psitrões que estariam associados à memória curta, daí o recalcamento histérico, e à inibição dos receptores psitrónicos associados à memória a longo prazo. Já a tendência para o adiamento da satisfação, gratificação, característico da obsessão, relacionada com o juízo, ou julgamento, de condenação ( Laplanche & Pontalis, 1990 ), teria por base psitrões que estariam associados à memória a médio e a longo prazo, e à inibição dos receptores psitrónicos associados à memória a curto prazo. Ter-se-ia, pois, como já referido, a histeria com psitrões curtos e a obsessão com psitrões longos.

Desta maneira, e perspectivando as características psicológicas e saúde mental, com prevenção de eventuais efeitos secundários, os viajantes no tempo histéricos deverão fazer apenas viagens temporais de curto alcance, quer para o passado quer para o futuro, enquanto que os viajantes no tempo obsessivos poderão fazer viagens de longo alcance, não sendo, talvez, aconselhável fazê-las de curto alcance.

Bibliografia

Houzel, D., Emmanuelli, M. & Moggio, F. ( Coord. ) ( 2004 ). Dicionário de psicopatologia da criança e do adolescente          ( tradução portuguesa ). Climepsi Editores
Laplanche, J. & Pontalis, J. B. ( 1990 ). Vocabulário da Psicanálise ( tradução portuguesa ). Editorial Presença
Resende, S. ( 2008 ). A agorafobia enquanto perturbação obsessiva in www.redepsi.com.br, em secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 02/12/2008
Resende, S. ( 2008 ). A claustrofobia enquanto perturbação histérica in www.redepsi.com.br, em secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 12/12/2008
Resende, S. ( 2010 ). Psemes: para além dos genes e dos memes in www.redepsi.com.br, em secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 27/05/2010
Resende, S. ( 2010 ). Psemes: Evolução por Selecção Psicológica in www.redepsi.com.br, em secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 01/09/2010
Resende, S. ( 2010 ). Evolução por Selecção Psicológica Lamarckiana in www.redepsi.com.br, em secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 29/09/2010
Resende, S. ( 2010 ). Psitrões enquanto base dos psemes e suas relações com a histeria e a obsessão in www.redepsi.com.br, em secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 24/11/2010

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