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Características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal: a autotelepatia

Desenvolvem-se as noções das características psitrónicas dos inconscientes colectivo e pessoal, que se constituem também enquanto autotelepatia. Esta última caracteriza-se pelos psitrões longos, que estão na base dos psemes que são transmitidos na espécie, no inconsciente colectivo, e no indivíduo, no inconsciente pessoal.

Antes de mais, é de considerar que, nos dois artigos que levam a este, a saber, Caracterização específica da Serologia e do Ser      ( Resende, 2011 ) e A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes ( Resende, 2011 ), é referido que o estudo e desenvolvimento da telepatia surgirá no contexto da Serologia. Como aí referido, a Serologia procurará a verdade, buscará a realidade última, sendo esta associada à realidade última, a nível mental, que Bion nos fala, sendo também aí indicado que se estabelecerá um paralelo com a Teoria do Tudo em Física. Ora, esta realidade última, a nível mental, poderá ser equiparada ao estado holotrópico, tal como considerado por Stanislav Grof, por exemplo, em A Psicologia do futuro ( Grof, 2007 ). O estado holotrópico é considerado um estado alterado de consciência que se caracteriza por ir na direcção da totalidade. Desta maneira, o estudo e desenvolvimento da telepatia, no contexto da Serologia, aproximar-se-à do estudo e desenvolvimento do estado holotrópico, da Psicologia Transpessoal, tal como concebido particularmente por Stanislav Grof.
 
Já mais especificamente para este artigo, como se pode ver em A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes ( Resende, 2011 ), os psemes são unidades de evolução psicológica, unidades psicológicas de transmissão intergeracional.  Acrescente-se aqui que, quer no caso do inconsciente pessoal quer no caso do inconsciente colectivo, serão também unidades de transmissão intraindividual. Os psitrões serão as partículas psicológicas que subjazem os psemes. Como indicado nesse artigo, a histeria é caracterizada por psitrões curtos, dada a tendência para a satisfação imediata, associados portanto à memória curta, daí o recalcamento histérico, enquanto que a obsessão é caracterizada por psitrões longos, com tendência para o adiamento da satisfação, estando associados, portanto, ao juízo de condenação e à memória a médio e a longo prazo.

Ainda nesse artigo, e baseado num outro, a saber, Influência da transmissão psemética por género e por tipo de personalidade ( Resende, 2010 ), se pode ver que haverá dominância psemética da obsessão sobre a histeria e que os psitrões longos se caracterizam psemeticamente por um maior alcance, sendo indicado que será talvez por razões filogenéticas, considerando a obsessão tipicamente masculina e a dominância filo-histórica dos homens em praticamente todas as culturas.

Este aspecto filogenético é importante para o resto do artigo.

Continuando, e no âmbito da telepatia, considera-se que o telepata obsessivo se caracterizará por características telepáticas de maior alcance, com maior distância e maior intensidade, do que o telepata histérico, precisamente pelos característicos psitrões longos no primeiro e psitrões curtos no segundo. Ainda relativamente ao primeiro artigo referido, é concluído que o telepata histérico funciona melhor, do que o telepata obsessivo, com materiais de contacto, de aproximação, mas maior distância relativa implícita, como televisão, cinema ou rádio. O telepata obsessivo funcionará melhor, do que o histérico, sem esses materiais, mais estritamente de ser para ser. Nesta medida, podemos caracterizar a telepatia histérica mais materialista e a telepatia obsessiva mais idealista.

No caso dos histéricos, tenha-se em conta a típica superficialidade dos relacionamentos e como isso se conjuga com os característicos psitrões, precisamente, curtos, enquanto que nos obsessivos a maior intensidade típica das vinculações conjuga-se bem com as características telepáticas já indicadas de maior intensidade.

Pelo dito, e voltando às questões filogenéticas e ao maior alcance psemético dos psitrões longos no obsessivo, tipicamente masculino, dir-se-à que o inconsciente colectivo, que se constituirá enquanto vestígios de experiências passadas da humanidade, particularmente pelas questões associadas à memória a longo prazo, caracterizar-se-à por uma espécie de autotelepatia, em que cada indivíduo contribuirá para a memória colectiva através destes movimentos autotelepáticos. Ao nível desta memória longa, teríamos questões como a refexão sobre o passado e o planeamento do futuro, que se caracterizariam por movimentos psíquicos, ou mais precisamente, psitrónicos autotelepáticos, para o passado e para o futuro.

Estes movimentos autotelepáticos, para o passado e para o futuro, explicarão, em boa medida, os fenómenos das premonições e dos déjà vu. Assim, teremos que no caso das premonições, os movimentos autotelepáticos irão do futuro para o passado, do momento X1 para o momento X0, ou presente, enquanto que nos déjà vu, os movimentos autotelepáticos irão para o passado e para o futuro, do momento X2 para o momento X0 relativamente ao momento X1, de forma a que quando se passa por X1, sente-se que já aconteceu.

Em termos de arquétipos, esta autotelepatia também poderá explicar porque é que os arquétipos, por exemplo, de Herói ou de Mãe, sejam mais fortes nuns indivíduos do que em outros. Assim, considerando, como Jung ( 1988 ), que os arquétipos são propensões psíquicas, tendências probabilísticas, os movimentos autotelepáticos funcionarão como actualizadores das tendências, em que, por exemplo, uma determinada propensão é mais privilegiada do que outra.
Da mesma maneira, mas mais ao nível de uma memória média, se pode caracterizar o inconsciente pessoal, considerando importantemente que os psemes, constituídos pelos psitrões, se transmitem também, sobremaneira, intergeracionalmente, como se pode averiguar nos meus artigos Psemes: para além dos genes e dos memes ( Resende, 2010 ), Psemes: Evolução por Selecção Psicológica ( Resende, 2010 ) e Evolução por Selecção Psicológica Lamarckiana ( Resende, 2010 ).

Ter-se-à que, em termos temporais, os inconscientes colectivo e pessoal se caracterizam por uma relatividade temporal.

Temos, então, a partir dos psitrões longos, a transmissão autotelepática intergeracional e intraindividual do inconsciente colectivo e a transimssão autotelepática intraindividual do inconsciente pessoal, considerando, contudo, também a transmissão interindividual dos psemes, que constituindo-se enquanto complexos inconscientes, também se transmitem de outras maneiras para além da telepática, como comportamentos e verbalizações.

Esta autotelepatia se diferenciará da telepatia de ser para ser, ou seja, da heterotelepatia.

Para finalizar, e quanto à questão autotelepática, este artigo dá mais sentido a quando se diz que um feito, um facto, etc., ecoa pelos tempos.

Bibliografia
Grof, S. ( 2007 ). A Psicologia do futuro     ( tradução portuguesa ). Via Óptima. ( Edição original: Psychology of the future, 2000 )
Jung, C. G. ( 1988 ). A prática da psicoterapia ( tradução portuguesa ) In Obras Completas de C. G. Jung, Vol. XVI. Petrópolis: Editora Vozes
Resende, S. ( 2010 ). Psemes: para além dos genes e dos memes in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 27/05/2010
Resende, S. ( 2010 ). Psemes: Evolução por Selecção Psicológica in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 01/09/2010
Resende, S. ( 2010 ). Evolução por Selecção Psicológica Lamarckiana in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 29/09/2010
Resende, S. ( 2010 ). Influência da transmissão psemética por género e por tipo de personalidade in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 26/11/2010
Resende, S. ( 2011 ). Caracterização específica da Serologia e do Ser in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 01/02/2011
Resende, S. ( 2011 ). A telepatia e suas relações com os psitrões enquanto base dos psemes in www.redepsi.com.br, na secção Artigos/Teorias e Sistemas no Campo Psi em 06/02/2011

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