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Depressão e a perda da capacidade de amar

É conhecida a concepção de Freud, no clássico texto “Luto e melancolia” (1917), a qual relaciona a melancolia (e, de certo modo, a depressão) com a perda da capacidade de amar, entre outros atributos.
 
Esta consideração é fecunda. Por quê? Porque toca em um conceito muito aclamado, declamado, distorcido, comercializado, banalizado, multifacetado, paradoxal: o conceito de amor. Sem amor não há valor. O primeiro precede o segundo e lhe serve de condição. Só há valor se houver, antes, amor. A vida vale a pena? Para quem a está amando, enquanto está amando, certamente. A morte é uma ausência, negatividade. É um bem, um mal? Mal negativo para quem está gostando, amando sua vida. E bem negativo para o suicida, por exemplo.

Amor e desejo precedem o valor. Você gosta, deseja, porque é bom? Não. Na verdade é bom porque você gosta, deseja. Amor e desejo são anteriores ao valor. O bom é aquilo que é desejável. Onde há desejo, amor, há valor.

No caso do depressivo, como perde sua capacidade de amar? Tendo perdido seus objetos de amor; estando submetido a constantes ameaças e punições e não sendo capaz de se esquivar delas; ou por uma espécie de atrofia: sendo impedido de exercitar o amor ao que se ama.

O mundo do depressivo pode estar mergulhado em perdas ou alguma perda fundamental. Pode estar cercado de ameaças e punições, ou pode simplesmente estar recluso, paralisado, fechado para a vida, para o amor, seja por quais tipos de impedimentos for.

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