RedePsi - Psicologia

Desenvolvendo Profissionais e Indivíduos Funcionais – Uma Visão Cognitiva

Posted on by in Sem categoria
fEm minha experiência como psicóloga, atuando como Terapeuta Cognitiva em clínica e orientando profissionais, percebi a dificuldade encontrada por muitos indivíduos para mudar determinados comportamentos prejudiciais, seja no âmbito coorporativo, familiar ou social. Muitas vezes eles percebem com facilidade quais são estes comportamentos, mas não conseguem controlar a sua freqüência e diminuir os sintomas acarretados por eles. É claro que a mudança efetiva se concretiza com um trabalho mais orientado, mas tentarei nestas linhas explicar como é possível conseguir resultados significativos utilizando técnicas específicas.
 
A Teoria Cognitiva de Beck (Beck, Aaron T.) explica que durante a infância são formadas as nossas crenças (crença neste contexto não está ligada a qualquer religião, mas na forma como levamos a vida, em que acreditamos, se somos éticos, etc), que têm origem nas relações com pais, contexto social e cultural. Com o passar do tempo esta “crença central” gera crenças intermediárias, que são as responsáveis por nossa interpretação do mundo, ou seja, funcionam como filtro para agirmos de uma forma ou outra em diferentes situações.

Neste ponto está a chave para qualquer mudança esperada. Temos pensamentos (resultado das crenças) formados a respeito de quase tudo e, estes pensamentos, que foram denominados por Beck de “pensamentos automáticos”, entram em ação sempre que temos que interpretar qualquer situação. A grande questão é se estes pensamentos automáticos são funcionais, ou seja, que nos fazem agir de forma saudável, ou são pensamentos disfuncionais que geram sofrimento e atrapalham nossas relações e desenvolvimento.

Saindo um pouco da teoria vou tentar explicar com um pequeno exemplo: A criança 1 cresceu em um ambiente não saudável em que os pais diziam que ela não seria nada e não era inteligente (formou-se a crença de não consigo, os outros são melhores, etc.) , a criança 2, ao contrário, sempre escutou que seria um grande homem e era muito inteligente (crença de eu posso, vou conseguir etc.). Se apresentarmos um problema de matemática com alto grau de dificuldade para criança 1 e 2, provavelmente a criança 1 vai começar a ler, seus pensamentos disfuncionais serão ativados, ela vai se convencer de que não é capaz. Isso gera uma sensação física ruim e motiva um comportamento de esquiva que pode resultar na desistência, antes mesmo de tentar, resolver o problema. A criança 2 ativa o pensamento funcional, “este é difícil, mas eu sempre consigo, afinal sou inteligente” e resolve o problema.

Resultado: os pensamentos guiados pela crença fizeram com que interpretassem a mesma realidade de forma completamente diferente e, o mais importante, que se comportassem de formas diversas. Agora, imaginem a criança 1 e 2 já adultas tendo que enfrentar o mercado de trabalho com seus desafios? A princípio a criança 2 poderia ser o líder com facilidade e, talvez a criança 1, surpreenderia depois do conhecimento do processo cognitivo e seu devido treinamento.
 
A chave é identificar estes pensamentos que nos guiam sem que percebamos, treinar para modificá-los e teremos um resultado funcional em nossas sensações e comportamentos. Costumo dizer para meus pacientes que este entendimento tem um lado ruim, descobrir que a culpa é nossa e não do mundo, mas um lado muito positivo, descobrirmos que a solução está em nossas mãos e não em um medicamento raro feito de uma flor que nasce em uma montanha de 100 em 100 anos.
 
Os resultados em empresas são benéficos nas relações de trabalho, sejam no desenvolvimento de líderes, na área operacional com colaboradores com ótima qualidade técnica, mas que apresentam dificuldade de relacionamento, problemas com dependentes químicos e formação de equipes de sucesso. No âmbito pessoal, traz mudanças esperadas para conquista de ascensão profissional, qualidade nos relacionamentos pessoais e familiares e, é claro, em vários transtornos de personalidade.

O entendimento deste modelo, com uso de técnicas adequadas e o envolvimento do interessado neste processo é o que muda, muitas vezes, completamente o entendimento e a situação no mundo de um indivíduo, afinal quando mudamos nossa interpretação e comportamento frente a situações e pessoas “forçamos” a mudança delas conosco.

Margarida Antunes Chagas
Psicóloga Clínica (TC)
[email protected]

Acesso à Plataforma

Assine a nossa newsletter