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Fatores da relacionalidade humana no século XXI: Os (des)encontros virtuais.

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Certa vez um filósofo amigo nosso disse: "Na verdade, o ponto central da busca humana se resume à velha questão arquetípica – da busca do herói por sua princesa e vice-versa". A teoria parece simplista e possui dificuldade de ser sustentada ante aos desencontros da vida que acabam forjando um certo ceticismo acerca da afirmativa… Contudo, sua assertiva conduz a uma reflexão sobre as relações afetivas na contemporaneidade.

Com o advento da cybercultura, as relações sociais de certo modo foram completamente reformuladas. É possível fazer operações bancárias, conduzir uma conferência, conhecer novas culturas, fazer compras no mercado e tantas outras coisas sem sair de casa.

Começamos a nos perguntar se neste novo desenho social, a premissa do nosso amigo continuaria válida…

Em nossa atividade profissional, diariamente tomamos contato com dezenas de histórias e de pessoas ávidas por re-significarem alguns aspectos de sua vida, ou mesmo ela por completo. É relativamente possível perceber os ecos da cultura virtual chegando ao campo do amor romântico. Mais de uma vez ouvimos que a internet foi um instrumento de facilitação da assunção do papel homoafetivo, por exemplo. Escutamos histórias positivas, de pessoas que encontraram novos amores a partir dos sites de relacionamento, mas também ouvimos histórias de desapontamento neste campo.

Como diz o ditado “não existe nada de completamente errado no mundo, pois até mesmo um relógio parado está certo duas vezes ao dia”, cremos ser prudente não empunharmos a bandeira de tratar a rede virtual como a panacéia ou como algo a ser demonizado. Ao contrário, os sites de relacionamento crescem fartamente, pois há um público que demanda amar e ser amado. Torna-se uma ferramenta útil pois funciona como uma espécie de filtro, permitindo uma busca focada em aspectos que a pessoa entende como imprescindíveis num parceiro: nível cultural, pertencimento religioso, faixa etária, etc.

Pode-se também argumentar positivamente no quesito “espiritualidade” não religiosa, mas me refiro ao fato de poder se conhecer melhor o “interior” os pensamentos, pontos de vista, gostos e sinais de comportamento que fazem parte dos primeiros contatos “não visuais” que a internet propicia, é evidente que não nos referimos às personalidades forjadas, mas àqueles que honestamente se utilizam desse meio. Como diz um amigo nosso que é um case de sucesso amoroso da internet: “Ela nunca teria me dado bola se tivesse me visto no supermercado”.

Os grandes riscos atrelados à busca virtual é o de se deixar envolver por uma ficção, um personagem, pois não se tem a garantia que as características autodescritivas são reais. Talvez por isso, as estatísticas mostrem que o percentual de relações que se iniciam no ambiente virtual e que obtém sucesso, é das que o mais cedo possível saem da virtualidade. Assim, se tem acesso o quanto antes ao ser real, impedindo projeções que podem resultar em desapontamentos. A este respeito, em especial os relacionados aos aspectos físicos, uma vez que o fotoshop já encontra-se à disposição de todos e todas!

Um outro fator preocupante no campo das relações virtuais, é o fato destas ou funcionarem como uma defesa: indivíduos que apenas se relacionam virtualmente, sem desejar concretizar aquele encontro ou funcionarem como matéria de dispersão: dezenas de possibilidades, dezenas de pessoas parcialmente interessantes, dezenas de chamadas simultâneas ao MSN e uma grande dificuldade de vinculação e aprofundamento nos eventuais encontros.

No mais, vale o refrão do Lulu Santos: “Não leve um personagem pra cama, pode acabar sendo fatal”…

Podemos levantar ainda os processos de pré-decisão ou, tomando como empréstimo uma terminologia de marketing, a “pesquisa de mercado” praticada por indivíduos que mantêm uma relação instável e incômoda, e necessitam de subsídios para impulsionar uma decisão no caminho do rompimento, estando as relações virtuais ainda dentro de um certo anonimato, acabam por lançarem a candidatura a “futuro disponível” para ver a quantas andam o seu ibope.  

A internet é mais uma possibilidade de interlocução humana, não é o meio por excelência. E com relação à provocação inicial feita pelo nosso amigo… Sim, ele tem razão, esta busca é uma das que mais nos movem, graças à Deus!

Luciana Campos é Psicóloga Clínica e Múcio Morais é Palestrante Motivacional especialista em Programação Neurolinguística.

 

Esta é uma síntese de nossa PALESTRA: Fatores da relacionalidade humana no século XXI: Os (des)encontros virtuais. Convide-nos para apresentar esta palestra em sua empresa / entidade: www.muciomorais.com / 31 3082-7271 / 

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