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Habilidades facilitadoras de enfrentamento no repertório comportamental de profissionais da saúde em interação com pacientes oncológicos – Karina Pereira Lima e Alessandra de Andrade Lopes

O presente estudo teve como objetivo identificar habilidades facilitadoras de enfrentamento de profissionais da saúde, por meio de uma avaliação funcional de comportamentos de enfrentamento emitidos pelos participantes, diante de eventos ou condições aversivas estabelecidas no ambiente físico e social do trabalho, em um hospital especializado na área de oncologia. Foram realizadas entrevistas, do tipo semi-estruturada, com cinco profissionais da saúde, graduados em enfermagem, medicina, nutrição, psicologia e serviço social. Após transcrição integral das entrevistas, pode-se identificar e descrever possíveis relações de funcionalidade entre comportamentos de enfrentamento emitidos, estimulações aversivas, variáveis de contexto (moduladoras do valor reforçador negativo ou punitivo das conseqüências das respostas de enfrentamento). A avaliação funcional descritiva realizada, com base no relato dos profissionais, permitiu identificar algumas habilidades comportamentais importantes no repertório de enfrentamento dos participantes, emitidas diante das seguintes condições aversivas: o momento de dar notícias ruins; inoperância diante de expectativas dos pacientes (resultados positivos do tratamento); encaminhamentos e prescrição de exames e medicamentos mais adequados; reações de agressividade dos pacientes em relação à equipe. Diante destas condições aversivas, pode-se analisar que os relatos dos comportamentos que mais produziram conseqüências reforçadoras negativas e outras positivas na interação com seus pacientes e familiares foram: manifestar que compreendem a situação do paciente ou familiar; oferecer orientação sobre possíveis condutas após notícias ruins; comunicar impossibilidade de responder a algumas questões; orientar sobre possíveis caminhos diante da incerteza sobre o futuro do paciente; conversar com a equipe e compreender as reações de agressividade dos pacientes e familiares. Nas entrevistas, todos os profissionais relataram que os cursos de graduação não abordam as dificuldades identificadas, bem como os modos possíveis de enfrentamento. Assim sendo, temos a evidência de uma demanda para os cursos de formação inicial e continuada na área da saúde, com objetivos, conteúdos e procedimentos de desenvolvimento e de avaliação pertinentes ao contexto do trabalho, das relações interpessoais entre profissionais, pacientes, familiares e equipe, pautados pela atuação científica, ética, política e humana.

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