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O paradigma central das ciências naturais e o behaviorismo: O que a análise do comportamento pode aprender com a biologia evolutiva? – Carlos Eduardo Tavares Dias

O presente estudo tem como finalidade analisar a possibilidade e os efeitos da comunicação entre as áreas do conhecimento das ciências naturais, em especial a biologia evolutiva, a filosofia behaviorista e as ciências do comportamento, no caso a análise experimental do comportamento e os estudos etológicos. Em outras palavras, procurou-se por possíveis convergências e rupturas epistemológicas entre áreas da ciência que têm como objeto de investigação o comportamento através de estudos naturalísticos, ressaltando a importância dos estudos evolutivos na análise do comportamento como ferramenta útil para compreensão de contingências especiais. Para tal objetivo, foram realizadas revisões bibliográficas críticas de obras clássicas de etologia, biologia comportamental, biologia evolutiva, análise do comportamento e behaviorismo radical a fim de compor um escopo de pesquisa histórico-filosófico-conceitual de como a análise do comportamento e o behaviorismo radical utilizam os conceitos e as premissas da teoria evolutiva. Foi encontrado que, diferente da maioria das linhas de abordagem psicológica, a filosofia Behaviorista tem suas raízes nas Ciências Naturais, em especial na biologia e no estudo naturalístico do comportamento. É dentro desta que se encontram as origens dos paradigmas e pressupostos filosóficos centrais utilizados pela ciência da análise do comportamento, como o experimentalismo, o empirismo, o reducionismo, o monismo, o pragmatismo e o comparatismo. Entretanto, apesar deste tronco em comum entre as áreas, há desatualizações conceituais no que diz respeito ao paradigma central das ciências biológicas, a evolução. Tanto a análise do comportamento quanto a etologia utilizam em suas explicações causais e funcionais elementos evolutivos há muito criticados na biologia, no caso, o selecionismo exacerbado e superestimado e a não separação conceitual entre processos evolutivos, função adaptativa e filogênese. Ao longo das últimas décadas, a biologia evolutiva incorpora novas ferramentas evolutivas como a deriva genética estocástica e a teoria neutra, processos negligenciados pelas áreas comportamentais que podem alterar a noção de função do comportamento, podendo ter implicações clínicas. Além disso, os estudos evolutivos podem responder sobre o limiar entre comportamento filogenético e ontogenético, de como uma resposta aprendida pode vir a se tornar inata e quais seriam os requisitos do organismo para a emissão de uma resposta operante.

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