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Psicologia do Esporte – Eduardo Cillo

O psicólogo do esporte Eduardo Cillo teve recentemente notícia publicada em diversos canais de informação acerca dos resultados de sua tese de doutorado, um estudo pioneiro envolvendo a técnica da “auto-fala” de maneira isolada; Em entrevista a Rede Psi, Eduardo nos conta um pouco mais sobre sua carreira, sobre a Psicologia do Esporte e em relação à potencialidade de seu estudo.
Segundo Eduardo, seu interesse pela Psicologia do Esporte surgiu quando ainda enquanto o mesmo era nadador, sendo atleta federado, antes mesmo de realizar a graduação; Tal experiência fez com que Eduardo olhasse para a psicologia aplicada desde muito cedo e, após terminar a graduação em 1994, já participou do grupo de estudo na Escola de Educação Física da USP, trabalhando na capacitação de professores da área e com isso começou a atuar junto a equipes e atletas. Atualmente ( e desde 2002) Cillo, além de ser consultor em Psicologia do Esporte, atua também na docência; Completou seu mestrado na PUC/SP e o doutorado na USP, ambos em Psicologia Experimental aplicada ao esporte.

Eduardo, quando perguntado acerca da condição de trabalho do psicólogo do esporte, diz que a situação ainda não é ideal, “mas bem melhor do que há 10, 20 anos atrás”, aponta; “Em alguns casos o psicólogo faz parte da comissão técnica de uma determinada equipe ou federação. O grande avanço é o aumento da aceitação do profissional nestes ambientes, com menos preconceito e confusão com as funções clínicas básicas”, conclui o autor.

Em relação à melhora do cenário profissional, Eduardo pontua dizendo que espera maior empenho dos Conselhos Regionais de Psicologia e do Conselho Federal de Psicologia no que tange os eventos voltados à psicologia do esporte e sua divulgação através das mídias de massa, principalmente porque o país irá experimentar uma Copa do Mundo de Futebol e também uma edição dos Jogos Olímpicos. Cillo aponta também que o profissional que está ou pretende entrar na área deve “se preparar bem para lidar com as diferentes demandas provenientes do esporte de alto rendimento (competição) e da atividade física (saúde)”, concluindo que profissionais mais bem preparados ajudam a melhorar a credibilidade da profissão.

Já no que tange às opções de formação no país, tanto na graduação quanto em pós- graduação, Eduardo diz que ainda se trata de uma “formação bastante informal”, com cursos esporádicos na grande maioria e com experiência de campo variada. Segundo o profissional, há poucos programas de pós no Brasil, e em termos de especialização existem apenas dois cursos regulares em todo o país, ambos em São Paulo; Em relação à graduação, Cillo pontua que quando existem disciplinas na maior parte das vezes são eletivas, dependendo assim do interesse efêmero das turmas de cada instituição; O autor ainda destaca  que a graduação é insuficiente para o exercício profissional em Psicologia do Esporte, e que conteúdos específicos como “Biomecânica”, Fisiologia do Exercício”, “Teoria do Treinamento Esportivo” e “Análise de Jogo e Desempenho” são oferecidos apenas na pós graduação.

Em relação à ideia principal da tese por ele desenvolvida, segundo o autor se trata da investigação dos efeitos da técnica de concentração denominada “auto-fala” sobre a aprendizagem de dois padrões motores (rebatida do beisebol e lançamento do boliche) para iniciantes em esportes simulados (no caso foram utilizados dois jogos do console Wii, da Nintendo); “Isto é: caso um iniciante use a técnica, que consiste em dizer palavras a ele mesmo que podem ajudá-lo a se concentrar no que é mais importante, ele aprende mais rápido?”, aponta Eduardo; Juntamente a isso, o autor verificou a efetividade da técnica em duas situações: quando o psicólogo escolhe a palavra ou quando o próprio “atleta” iniciante o faz. Segundo Cillo os resultados apontaram que o uso da auto-fala auxiliou os indivíduos na aquisição de aprendizagem motora, porém não foram encontradas diferenças entre escolher a palavra pelo atleta ou deixar que os mesmos o fizessem.

Ainda sobre a tese, o autor cita que a literatura específica de Psicologia do Esporta não apresenta referências sobre o uso da auto-fala de modo isolado; “Ou seja, a grande maioria dos estudos investigou os efeitos da auto-fala quando aplicada junto co outras técnicas como relaxamento e visualização. Investigar os efeitos da auto-fala, aplicada de modo isolado, é uma direção de pesquisa bem atual”, pontua Eduardo. Segundo ele, sua tese lança luz sobre esta questão, já que se trata de um dos primeiros trabalhos realizados nesse modo; No que tange a prática da Psicologia do Esporte tal tese corrobora com o desenvolvimento de técnicas que possam auxiliar atletas e praticantes de atividade física na melhora de desempenho ou aprendizado de novos padrões comportamentais. “Pode-se dizer que contribui para o aumento da credibilidade da psicologia no campo do esporte, já que aponta para um uso promissor de técnicas conhecidas, mas ainda carentes de comprovação científica”, conclui Cillo.

Por fim, quando perguntado se os consoles representam uma ferramenta de auxílio na área, Eduardo aponta que não só o Wii (utilizado no estudo) mas também todos os vídeo games de última geração (como o Xbox 360 da Microsoft e o PlayStation 3 , da Sony), que proporcionam a simulação de situações de treino e competição, gerando ambientes controlados e permitindo ao mesmo tempo recriar situações que seriam dificilmente controladas no dia a dia de atletas e treinadores; “Imagine simular a situação de pressão, com o barulho da torcida e outras variáveis intervenientes, no momento de cobrar um penalti. Este é só o começo.”, aponta Eduardo, que enfatiza também a possibilidade e potencialidade do uso de tecnologias em três dimensões (3D).

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