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Violência Doméstica e a dinâmica de seus conflitos

Estudo desenvolvido pelos profissionais de psicologia Fernanda Monteiro de Castro Bhona, Lelio Moura Lourenço e Camila Resende Soares Brum realizou um levantamento bibliográfico acerca da violência doméstica, a partir de artigos indexados em bases de dados internacionais, sendo coletados 636 artigos; O principal foco dos artigos relatava a violência contra a mulher, seguido de crianças e predominantemente o homem como praticante da violência doméstica.
Com a realização do levantamento bibliográfico, a mulher é reconhecida como uma das vítimas mais frequentes em situações de violência na família e, como reflexão de tal entendimento, o estudo tomou como exemplo a publicação da “Lei Maria da Penha”, que visa coibir a violência doméstica e familiar à mulher; Constatou-se também que parte dos artigos abordou mais de um membro da relação familiar como vítima (sendo categorizados em mulher e criança; homem e mulher; criança e parceiro, homem, mulher, criança; mulher e idoso; homem, mulher, criança e idoso; mulher, criança e adolescente).

Um aspecto de destaque do estudo trata do reconhecimento que os atos violentos são passíveis de ocorrência recíproca (possibilidade de o mesmo indivíduo ser vítima e praticar a violência); Os autores apontam também as situações referentes à violência doméstica (presente em mais de 10% dos artigos), sendo que tal categoria sugere que o fato de presenciar a violência em ambiente doméstico mas não ser diretamente envolvido no comportamento violento pode ser considerado aspecto relevante de estudo; Os membros de relação familiar que mais foram estudados sob o foco da exposição à violência doméstica foram as crianças.

A maioria das publicações trata dos homens exercendo o papel de agressor, sendo que em determinadas situações o homem figura como agressor sem ser categorizado (pai, marido, avô etc.). A incidência de homens agressores no papel de maridos ou companheiros aparecerem em mais de 5% da coleta de dados, enquanto que homens/pais em 0,63%; Um grande número de artigos não especificou o agressor (63,99% de toda a coleta) porém tratou as vítimas de tal violência de formas específicas.

A mulher enquanto agente agressor aparece em 1,26% dos casos como agressoras dos filhos e em 1,73% dos estudos como praticantes de atos violentos contra seus companheiros, porém sendo tratada como vítima em 51,25% dos artigos.

Os resultados do estudo concluem que mulheres e crianças são mais frequentemente estudadas como vítimas da violência doméstica (64% dos artigos) e aponta a criança como um dos elementos mais vulneráveis na família (devido às características próprias dessa fase do ciclo de vida), e a vitimização da mulher apontada na maioria dos estudos sobre violência doméstica reflete questões culturais e de gênero; Aponta-se também que, apesar da inquestionável situação de desvantagem da mulher em relação a agressão praticada pelo companheiro, estudos sobre relatos de mulheres que agridem seus companheiros começam a surgir.

Em relação aos agressores, predominou-se a identificação do homem como praticante da violência doméstica (28% da amostra) e, em mais de 60% dos artigos, não foi possível analisar quem figurava como agressor, o que indica o foco dos estudos em pesquisar a violência não do ponto de vista de quem a comete, mas sim de quem a sofre; Aponta-se que o surgimento de tal violência física surja em decorrência de contexto de frustração e estresse (típicos da convivência em comum) ou ainda aponta o surgimento do conflito num contexto de dominação masculina.

Os autores do estudo concluem que a violência doméstica tem causalidades múltiplas, recomendando-se uma abordagem que contemple diversos fatores e, dentre estes, destaca-se o histórico de violência na família, a vitimização prévia, cinco ou mais gestações e problemas com bebida, ou ainda características culturais, familiares e de gênero.

BHONA, Fernanda Monteiro de Castro; LOURENCO, Lelio Moura; BRUM, Camila Resende Soares. Violência doméstica: um estudo bibliométrico. Arq. bras. psicol.,  Rio de Janeiro,  v. 63,  n. 1,   2011 .   Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672011000100010&lng=pt&nrm=iso. acessos em  26  abr.  2012.

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