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Publicidade dirigida traz danos à criança, aponta estudo

Estudo desenvolvido pela psicóloga Ana Olmos e publicado no periódico “Construção Psicopedagógica” relaciona as questões da exposição da criança às estratégias de publicidade comercial, apontando para os efeitos danosos desta; A publicidade dirigida possui papel fundamental na formação de conceitos voltados para o consumismo, transmitindo às crianças modelos de uma sociedade que favorece e reconhece quem tem acesso aos bens de consumo e exclui quem não pode ter, sendo a criança tratada não como cidadã em formação mas sim como público-alvo consumidor, interferindo em seu desenvolvimento e induzindo-a a não pensar.

Pesquisa pontua acerca dos diversos aspectos e facetas da publicidade dirigida à criança e os efeitos danosos desta à infância.

Os modelos de mídia global predominante induzem o consumo de produtos que muitas vezes não são necessários para a maioria das crianças e adolescentes em seu processo de desenvolvimento, sendo que a publicidade acaba por gerar padrões como a rotina de consumir ou identificação de valores; Além disso, há também o intenso bombardeio de estímulos provenientes de tais meios à indução do jovem a necessidade de consumir, sendo que os mesmos são pressionados a comprar e comprar desde pequenos – predomínio da lógica do mercado.

A busca de uma ideia inalcançável (o poder de consumo sem limites) que passa a ancorar determinados sentimentos como a vergonha, seja de si ou de outros objetos, as consequências de tal vergonha nos laços desenvolvidos consigo mesmo e com outros objetos de amor e os consequentes sentimentos de inadequação e exclusão da comunidade são alguns dos efeitos causados pela exposição exagerada das crianças a publicidade dirigida, sendo que o mercado aborda o jovem consumidor, oferecendo-lhe o produto para sua adequação e para aliviar sua angústia passa, com as grifes, a confundir as identidades na tentativa de lidar ou eliminar a vergonha de si, e os objetos (adquirindo características humanas) declaram que é aquele jovem que os possui.

Ao explicitar sobre as estratégias de marketing envolvidas, Olmos destaca:

Mas há uma forma ainda mais insidiosa de merchandising, a testemunhal. Nessa, o apresentador ou apresentadora afirma que consome determinado produto e enumera suas qualidades. É um aval que transfere a credibilidade e a confiança dirigida pela criança telespectadora àquele artista ou ídolo para a mercadoria anunciada. Embora seja permitida e praticada no Brasil, essa forma de publicidade foi banida da maioria dos países com democracias consolidadas no mundo. Assim, em 2001, em nosso país, as inserções publicitárias realizadas pela apresentadora Eliana durante seu programa, para um único anunciante de brinquedos, somaram o número de 440, em seis meses (MONBERGER, 2002). É possível observar a vulnerabilidade da criança exposta a essa publicidade que não aparece como tal, em que não é possível distinguir claramente o que é programa, entretenimento e o que é mensagem publicitária, veiculada por seu ídolo.

O olhar da criança (assim como de qualquer telespectador) é tratado, negociado e vendido como audiência; As diversas práticas publicitárias, e as maneiras como as mesmas atingem seus respectivos telespectadores, sinaliza a publicidade dirigida à criança como prática abusiva contra o psiquismo infantil.

OLMOS, Ana. Publicidade dirigida à criança: violência invisível contra a infância. Constr. psicopedag. [online]. 2011, vol.19, n.19 [citado  2013-06-25], pp. 34-46 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542011000200003&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1415-6954.

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