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Formação em psicologia no Brasil é deficiente em relação as políticas públicas

Estudo desenvolvido pelos profissionais Emanuel Meireles Vieira e Georges Daniel Janja Bloc Boris objetivou discutir a inserção do psicólogo clínico nas políticas públicas, com base em uma experiência de plantão psicológico. 

Para desenvolver tal discussão, o estudo abordou os seguintes tópicos: A psicologia clínica no Brasil – partes de um cenário em movimento (apontando que a psicologia clínica se apresenta neste contexto de emergência da psicologia como algo em permanente movimento), O plantão psicológico no cenário da psicologia clínica (Ou seja, o plantão, ao mesmo tempo em que afirma o lugar da escuta como algo de importante destaque no desenvolvimento da psicologia clínica, aponta para o fato de que esta escuta deve estar apta a reconhecer que nem tudo pode ou deve ser demanda de psicoterapia, o que significa uma atitude de não “psicologizar” ou “patologizar” as queixas de quem procura o serviço. Como consequência, podemos afirmar também que o plantão, em acordo com as novas tendências em Psicologia Clínica, diferencia este campo do da psicoterapia, de modo que esta está contido na primeira”) e O plantão psicológico e as políticas públicas – a experiência da UFPA (apontando o desenvolvimento do serviço de plantão psicológico na Universidade Federal do Pará, que tem como teoria fundamental a Abordagem Centrada na Pessoa). 

Ao apontarem as políticas públicas, os autores a relacionam da seguinte maneira com a prática psicológica:

As políticas públicas […] refletem a forma como os governantes compreendem a relação do Estado com a Sociedade. Deste modo, na tensão entre os polos que compõem este laço, se atualizam como ações que acolhem a demandas postas nesta relação, o que significa que ganham concretude nos programas instituídos pelos governantes.

[…] É no campo dos programas e projetos formulados pelas políticas públicas que se desenvolve a questão que ora analisamos. Deste modo, quando colocamos o plantão psicológico em contato com as políticas públicas, abrimos espaço para que a Psicologia inclua em seus temas de debate as intenções projetos de governo para a sociedade.

Ao relacionar a psicologia clínica (tendo o plantão psicológico como modalidade contemporânea desta), as políticas públicas e a formação do profissional em psicologia, o estudo aponta que tais políticas são um campo profícuo e necessário na reconstituição da psicologia clínica contemporânea, bem como destaca-se a formação do psicólogo como interferência na interlocução entre as políticas públicas e o plantão psicológico (tendo em vista que há um modo de estruturação de currículos nos cursos de psicologia que privilegia a preparação de psicoterapeutas e a errônea concepção de atuação clínica presente na formação).

Como solução para tais inconsistências, o estudo aponta para a possibilidade da inserção do plantão psicológico em instituições que executam programas e projetos vinculados a políticas públicas, no sentido de sua aproximação e integração concreta neste campo de atuação, estabelecendo um espaço de escuta do interditado, situando portanto tais instituições que executam esses programas numa condição diferenciada da de simples prestadoras de serviço à população, bem como se reconhece uma função política e social da escuta clínica.

Concluindo, os principais pontos de destaque do estudo relacionam-se a necessidade de conhecimento das políticas públicas, que podem servir como espaço de acolhimento à queixa apresentada pelos clientes, a deficiente formação do psicólogo no que tange tais questões, bem como o modelo privatista em que atuam as clínicas-escolas de Psicologia no Brasil, além de apontar o plantão como um espaço questionador deste modelo e que introduz a necessidade de contato com questões, até há bem pouco tempo, alheias ao campo psi.

VIEIRA, Emanuel Meireles; BORIS, Georges Daniel Janja Bloc. O plantão psicológico como possibilidade de interlocução da psicologia clínica com as políticas públicas.Estud. pesqui. psicol.,  Rio de Janeiro,  v. 12,  n. 3, dez.  2012 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812012000300010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  02  out.  2013.

One thought on “Formação em psicologia no Brasil é deficiente em relação as políticas públicas”

  1. Assunto interessante e que interessa…

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