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Portadores sentem preconceito na hora de procurar uma vaga

Nem mesmo alta qualificação é garantia de disputa justa por
trabalho

Psicóloga formada há 3 anos com especialização
em psicologia hospitalar e clínica procura emprego. Tem interesse por
trabalho em hospitais, nas áreas de oncologia, geriatria ou cardiologia,
ou em instituições para pessoas deficientes ou droga-dependentes.
Com esse currículo, Danielle Chemmer, de 27 anos, busca um emprego. Já
são dez meses nessa rotina. Só o que tem ouvido dos entrevistadores
é um sonoro “não”. Ela não vê mas imagina
o por quê de tantas negativas: Danielle é deficiente visual.
Nem mesmo alta qualificação é garantia de disputa justa por
trabalho

Psicóloga formada há 3 anos com especialização
em psicologia hospitalar e clínica procura emprego. Tem interesse por
trabalho em hospitais, nas áreas de oncologia, geriatria ou cardiologia,
ou em instituições para pessoas deficientes ou droga-dependentes.
Com esse currículo, Danielle Chemmer, de 27 anos, busca um emprego. Já
são dez meses nessa rotina. Só o que tem ouvido dos entrevistadores
é um sonoro “não”. Ela não vê mas imagina
o por quê de tantas negativas: Danielle é deficiente visual.
A história de Danielle ilustra uma face triste no mercado de trabalho,
a do preconceito. Formada pela Unip, com cursos de especialização,
ela tem dificuldade de arrumar um emprego em sua área. Numa das últimas
vezes em que procurou um hospital, encaminharam-na para uma instituição
de recolocação profissional. Esperançosa, acreditou que
teria sucesso. Lá, ofereceram uma vaga de operadora de telemarketing.
“Eu não gostaria de desistir de minha profissão, mas não
está dando”, diz.

Danielle já se viu obrigada a desistir de várias coisas em sua
vida. Como a especialização em psicologia hospitalar na própria
Unip. Diziam que não teria como acompanhar os outros alunos. Tentou um
curso de gênero na Universidade de São Paulo. Em vão. A
desculpa: não havia material para ela.

Insistente, levou o caso à Justiça. Em seguida, ofereceram-lhe
uma bolsa de estudo. Ela não quis mas descobriu que hoje o mesmo curso
é oferecido com material em braile. Ela conseguiu a especialização
na Universidade Santo Amaro. Agora, procurando emprego, a luta é a mesma.
“Gostaria que me dessem um emprego não por pena, mas por minhas
qualidades.”

Chance – A auxiliar de embalagens Vilalba Pereira de Oliveira, de 28 anos, teve
a sua chance. E não foi por pena. Ela começou a perder a visão
aos 18 anos por causa de um glaucoma. Entrou em depressão até
que lhe ofereceram um emprego. Hoje, embala frutas secas na Casa Santa Luzia,
nos Jardins. O supermercado contratou dez portadores de deficiência.

“Há muitas pessoas como eu e elas precisam de verdade de um emprego”,
diz Vilalba.

“Admitam primeiro. Depois vão ver que o problema é mais
com eles do que com essas pessoas”, aconselha aos empresários Ana
Maria Lopes, gerente da Santa Luzia.

Deficientes auditivos, Maria Ferreira, de 34 anos, e seu marido, Antônio
Barbosa, de 49, enfrentaram dificuldade para encontrar um emprego. Agora, são
procurados por colegas de fora, que pedem a eles uma indicação.
No trabalho, fizeram vários amigos que até aprenderam a língua
de sinais para poder se comunicar.

A indústria de cosméticos Avon é outro exemplo de empresa
que já contratava deficientes. sem a obrigatoriedade da lei. Na linha
de produção, Hamilton Gomes da Silva, de 43 anos, trabalha no
setor de embalagens. Antes desse emprego, teve dificuldades de encontrar um
por causa de sua prótese na perna esquerda. “Sentia que perdia a
vaga não por falta de capacidade, mas pelo preconceito”, diz. (E.N.).

Fonte: O Estado de São Paulo, Caderno Geral, Domingo, 11 de novembro de 2001

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