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Dialogar, sim. Fumar junto, jamais.

A garota começou a fumar maconha com 10 anos. Enquanto suas colegas só
brincavam até determinado horário, e eram punidas por atrasos,
ela podia voltar quando bem entendesse. Logo estava varando as madrugadas na
rua. Com 16 anos, pagava o vício se prostituindo.
A garota começou a fumar maconha com 10 anos. Enquanto suas colegas só
brincavam até determinado horário, e eram punidas por atrasos,
ela podia voltar quando bem entendesse. Logo estava varando as madrugadas na
rua. Com 16 anos, pagava o vício se prostituindo.
“Quando conversamos ela chora muito e fala: ‘Eu nunca levei um tapa'”,
conta a educadora Lisandre Castello Branco, da Faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo.

“Essa indiferença brutal provoca atitudes desse gênero. Ela
pressionava, esperando que a família reagisse.” Hoje a garota mora
no exterior, a salvo dos traficantes.

Em seus 20 anos de experiência, o psicanalista Durval Mazeei Nogueira
já se deparou com casos parecidos em que a falta de diálogo e
de limites gera filhos que se envolvem com o tráfico e colocam em risco
a própria saúde, quando não a vida.

Fumar um baseado com os filhos, portanto, não é nada recomendável.
“Essa atitude parte de certos pais que têm uma noção
romântica do uso de drogas”, diz Mazeei, que coordena o Núcleo
de Pesquisa de Toxicomania da Sociedade Brasileira de Psicanálise.

Precedente

Para o psicanalista, o melhor é conversar abertamente, mesmo que isso
implique admitir que experimentou – ou que ainda fuma. Mas dividir um baseado
em família, nunca. “Alguns pais que nunca tiveram diálogo
com o filho resolvem se aproximar desta forma. Com isso, estimulam um comportamento
ilegal”, reforça o psicólogo Irineu Miano Júnior.

“Embola a cabeça do filho. Ele perde a noção de autoridade.
O pai é aquele cara que poucos anos antes mandava comer, tomar banho
e dormir”, diz Andréa Capelato, presidente do Núcleo de Atenção
e Prevenção para a Infância e a Adolescência.

Mas a família está longe de ser a principal porta de acesso à
maconha. “Na maioria das vezes o contato se dá no ambiente escolar”,
explica o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, presidente da Associação
Brasileira de Estudos do Álcool e das Drogas.

Fuga do estereótipo

Todos eles são unânimes: quando a família descobre que
o filho usa drogas, a saída, mais do que nunca, é o diálogo.
“Mas sem alarmismo nem romantismo”, sugere Durval Mazeei.

Para Lisandre, essa busca por diálogo ganhou um novo elemento depois
que a apresentadora Soninha Francine admitiu fumar maconha: “Esta moça
não tem nada do estereótipo do drogado. Pelo contrário,
ela representa, no nosso imaginário, o que cada um tem de melhor.”
Com isso, diz ela, o preconceito tende a diminuir. E o problema ressurge em
toda a sua complexidade.

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