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Hospital do Câncer de São Paulo abre centro de convivência

Nem parece hospital. Pacientes e familiares vão se sentir num clube ao entrar no centro de convivência que será inaugurado hoje de manhã no Hospital do Câncer de São Paulo, no bairro da Liberdade, área central da cidade.

Nem parece hospital. Pacientes e familiares vão se sentir num clube ao entrar no centro de convivência que será inaugurado hoje de manhã no Hospital do Câncer de São Paulo, no bairro da Liberdade, área central da cidade.

Trata-se de uma iniciativa inédita no país. Em lugar de revistas velhas para passar o tempo entre um exame e outro, os doentes em tratamento poderão contar com salão de beleza e estética, cinema, sala de leitura, terminais ligados à internet, aulas de desenho, pintura, origami e ioga.

Com cores alegres, bem arejado e iluminado, o centro de 500 m2 foi montado com doações de diversas empresas e funcionará graças ao trabalho de voluntários. Além de permitir um convívio mais agradável de pacientes e seus familiares, o objetivo do centro é divulgar informações sobre prevenção e tratamento da doença.

O projeto foi concebido e executado por Liana de Moraes, 45, presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, a partir da sua experiência pessoal ao acompanhar o tratamento do sogro, o empresário José Ermírio de Moraes, recentemente falecido.

Liana passou a conviver com pacientes e seus familiares no Hospital do Câncer, em maio de 1999. Depois de uma viagem aos Estados Unidos, onde a família consultou os médicos do Memorial Sloan-Kettering Hospital, um dos mais respeitados centros de oncologia do mundo, diagnosticaram uma sobrevida de apenas três meses para José Ermírio.

Para satisfação do empresário, que não queria se tratar fora do país, a família de Liana ficou sabendo que um dos cinco melhores especialistas do mundo em pescoço e cabeça, Luís Paulo Kowalsky, trabalhava no Hospital do Câncer de São Paulo.

Caminhando todos os dias pelo hospital, Liana observou que os pacientes entregavam-se totalmente ao tratamento, sem fazer mais nada na vida. “Quando percebiam uma melhora no paciente, os médicos lhe recomendavam uma voltinha no corredor.”

Ao longo de mais de dois anos de convivência com médicos, pacientes e familiares, ela percebeu que o tratamento parecia uma gangorra de sentimentos, alternando momentos tristes com os de alegria intensa.

“Quando recupera a auto-estima e não tem vergonha da doença, o paciente
descobre uma força em si que nem imaginava.”

No centro de convivência que será inaugurado hoje em homenagem ao Dia Internacional do Voluntário, tudo foi concebido para estimular a criatividade e o bem-estar dos pacientes.

Uma das grandes incentivadoras do projeto, Maria Teresa da Cruz Lourenço, diretora do departamento de Psiquiatria e Psicologia, diz que o centro será um importante aliado no tratamento.

Como a maioria dos tratamentos contra câncer provoca queda dos cabelos, especialistas ensinarão, por exemplo, a melhor forma de utilizar bandanas para cobrir a careca. “O mais difícil para o doente é aprender a viver com as dúvidas e incertezas do tratamento. Por isso, é importante dar-lhe todas as informações possíveis”, diz a médica, que pretende promover palestras e debates sobre a doença no centro.

Daniel Deheinzelin, diretor clínico do Hospital do Câncer, espera que o centro possa ajudar também a tirar o estigma do hospital e da doença. “Pela natureza da doença, o tratamento complementar é prolongado, obrigando o paciente a voltar periodicamente ao hospital. Precisamos tirar essa idéia de local de sofrimento.”

Com 8.000 pacientes por ano (560 crianças), 240 médicos e 60% dos seus pacientes internados pelo SUS, o hospital é mantido por uma fundação filantrópica e depende de doações para fazer novos investimentos como o do centro, totalmente montado com doações da iniciativa privada.

A Votorantim financiou as obras e as instalações do centro. Uma equipe de voluntários da rede Jacques Janine será responsável pelo salão de beleza, que terá apoio da Natura e da Ikesaki. O portal Cineclick cuidará da programação e exibição de filmes. Profissionais como a artista plástica Sonia Schafer e a professora de ioga Helena Alonso e as ONGs Doutores da Alegria e Viva e Deixe Viver também colaborarão

Fonte: RICARDO KOTSCHO da Folha de S.Paulo
05/12/2001 – 05h44

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