A adolescência é uma fase evolutiva na vida do ser humano onde se busca uma nova forma de visão de si e do mundo; uma reedição de todo desenvolvimento infantil visando definir o caráter social, sexual, ideológico e vocacional.
A adolescência é uma fase evolutiva na vida do ser humano onde se busca uma nova forma de visão de si e do mundo; uma reedição de todo desenvolvimento infantil visando definir o caráter social, sexual, ideológico e vocacional.
Esse processo evolutivo ocorre dentro de um tempo individual e de forma pessoal em que o adolescente se vê envolvido com as manifestações de seus impulsos intuitivos exteriorizados através de suas condutas nem sempre aceitas como normais pela sociedade.
Podemos dizer que adolescência é sinônimo de crise, pois o adolescente, em busca de identidade adulta, passa para o período “turbulento” (variável segundo o seu ecossistema (sócio-familiar).
Segundo a teoria kleiniana, essa fase poderia ser definida como correspondente à positiva elaboração da posição depressiva.
A esta crise, provocada pela ampla e profunda desestruturação em todos os níveis da personalidade, segue-se um processo de reestruturação, passando por ocasiões nas formas de exprimir-se ao longo dos anos.
o eixo central dessa reestruturação é o processo de elaboração dos lutos gerados pelas três perdas fundamentais desse período evolutivo:
1. Perda do corpo infantil:
Nessa fase, o adolescente vive com muita ansiedade as transformações corporais ocorridas a partir da puberdade, as quais exigem dele uma reformulação de seus mundos interno e externo. Muitas vezes, as restrições familiares e sociais para controlar esses impulsos, ameaçam tanto o seu desenvolvimento que chega a causar retardo em seu crescimento e no aparecimento natural das funções sexuais próprias dessa fase.
2. Perda dos pais da infância:
Os pais, antes idealizados e supervalorizados, passam a ser alvo de críticas e questionamentos. Dessa forma, o adolescente busca figuras de identificação fora do âmbito familiar.
Nesta fase, se caracteriza a dependência/independência dos filhos em relação aos pais e vice-versa; é o momento em que o adolescente busca substituir muitos aspectos da sua identidade familiar por outra mais individual.
3. Perda da identidade e do papel sócio-familiar infantil:
Da relação de dependência natural do convívio da criança com os pais, segue-se uma confusão de papéis, pois o adolescente, não sendo mais criança e não sendo ainda um adulto, tem dificuldades em se definir nas diversas situações de sua cultura.
No caminho para a sua independência, sentindo-se ora inseguro, ora temeroso, busca o apoio do grupo, que tem importante função, pois facilita o distanciamento dos pais permitindo novas identificações.
Para atingir a fase adulta, o adolescente deverá fazer uma síntese de todas essas identificações desde a infância.
Essa perdas se elaboram realizando-se verdadeiros processos de luto, psicanaliticamente falando.
O adolescente exterioriza os seus conflitos e formas de elaboração de acordo com as suas possibilidades e as do seu meio, com as suas experiências psico-físicas, ocorrendo o que chamamos de “patologia normal da adolescência”.
Para se compreender e lidar com adolescentes é fundamental que se conheça essa aparente “patologia”, chamada “Síndrome da Adolescência Normal”, com as seguintes características:
1. busca de si mesmo e da identidade adulta
2. tendência grupal
3. necessidade de intelectualizar e fantasiar
4. crises religiosas
5. deslocação temporal
6. evolução sexual
7. atitudes sociais reivindicatórias
8. contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta
9. separação progressiva dos pais
10. constantes flutuações do humor e do estado de ânimo
O desconhecimento das mudanças que ocorrem no processo adolescer
(1. atingir a adolescência; tornar-se adolescente. 2. Crescer; desenvolver-se. 3. Rejuvenescer, remoçar, juvenecer. (Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa – Folha/Aurélio), implicará em dificuldades na relação do adolescente com a família, professores e profissionais, gerando situações de conflito.
Observamos que os adolescentes assim como os seus familiares estão, na maioria das vezes, desinformados sobre as mudanças que ocorrem nesta fase, gerando, na maioria das vezes, conflitos na relação e dificuldades na convivência.
Cabe aos profissionais da área da Saúde preencher essas lacunas com informação, orientação e, sobretudo, acolhimento.
“Amadurecer é um ato complicado… Perceber a hora de mudar é ainda mais difícil, mas não tanto se encontramos uma certa figura capaz de abrir nossos olhos e mostrar que as possibilidades de vida são ilimitadas…”
(encontrado no diário de uma menina de 12 anos)
Autora: Alaide Degani de Cantone
Psicóloga Clínica/Hospitalar/Psicossomática
Pós-graduada em Psicologia e Saúde/Psicologia Hospitalar
Mestranda em Psicologia
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