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PSYU Nº1 – Coluna POLÊMICA – Março/2000

Esta é a coluna mais propícia para alimentar Foruns de discussão. Confiram o tema da primeira pergunta Polêmica:

Terapia on-line: o futuro?
Esta é a coluna mais propícia para alimentar Foruns de discussão. Confiram o tema da primeira pergunta Polêmica:

Terapia on-line: o futuro?
Acho muito difícil aceitar que uma psicoterapia possa acontecer via internet, sendo que o contato é uma das principais condições para que ocorra a terapia. O olhar, o tom de voz, os gestos e posições corporais, o choro, o sorriso, dar as mãos, abraçar; são essenciais para a terapia.
A internet diminui as distâncias quando a primazia não é dada ao contato: pessoas que queiram ou precisem se falar, e sofram ou sintam prazer nessa falta de presença, ou melhor, nessa ausência.
Para um subordinado que não quer estar junto com seu chefe, essa distância que a internet cria é boa. Para uma mãe que está longe de seu filho e embora não possa estar com ele, consiga se comunicar pela internet, estará diminuindo a distância entre os dois, o que será ótimo. Infelizmente, ou na minha opinião, felizmente, a psicoterapia necessita do encontro de duas pessoas, da presença total destas pesoas.
Finalizando, a internet pode ser boa ou má, depende do tipo de contato que queremos ter.
KATIA GOMES, ALUNA DO 4º ANO DE PSICOLOGIA DA PUC-SP

Uma vez me perguntaram qual era a minha opinião sobre terapia por internet, só essa pergunta já me deixou com a pulga atrás da orelha, pois a coisa me soou muito esquisita.
Fico imaginando, como será possível que uma terapia possa ter como “consultório” uma sala de chat? Que a internet revolucionou a maneira do homem se comunicar, isso não tenho dúvidas. Porém substituir uma relação terapêutica digamos assim, convencional, aí tem muito chão.
Apesar da linha que o terapeuta segue, acho que todos devem concordar quando digo que para se estabelecer um vínculo entre paciente e terapeuta, é preciso muito mais ferramentas que um texto escrito é capaz de dar. Um discurso (o que é a principal, senão a única ferramenta que o terapeuta dispõe) não é apenas o texto em si, é também a forma que o paciente discursa, a entonação de voz, a postura, o estado emocional, o momento. Além de tudo, um texto escrito é sempre revisado (como este será) e minimamente racionalizado para poder ser escrito.
Portanto para efeito terapêutico, uma conversa escrita e trocada por e-mails perde completamente seu valor, além do que um documento escrito pode ser lido de várias maneiras, perdendo seu viés e complicando mais as coisas.
JOSÉ LUIZ SOARES, ALUNO DO 4º ANO DE PSICOLOGIA DA PUC-SP

A informática está aí e, sem dúvida, é preciso incorporá-la em nossas atividades. No entanto, não se pode pensar que essa incorporação se dê de modo automático. É preciso se ter a certeza de que sua incorporação significa um ganho, seja na realidade do serviço prestado, seja na eficiência ou produtividade.
Nossa posição, hoje, deve ser de curiosidade e de cautela. Muitos aspectos do trabalho psicoterapêutico terão que ser estudados e adaptados. Deveremos “inventar” uma nova forma de trabalho e para isso precisamos pesquisar e experimentar. A natureza complexa dos relacionamentos entre terapeutas e clientes precisa ser reestudada à luz dessa nova possibilidade.
É preciso cuidado, portanto. Devemos sempre estar atentos para os riscos e dificuldades; precisamos lembrar que a qualidade de um trabalho em Psicologia é um princípio ético. Trabalhamos com seres humanos e não podemos colocar qualquer interesse financeiro ou uma curiosidade pessoal à frente de nossa ética profissional.
O Conselho Federal de Psicologia está discutindo o assunto e deverá editar uma resolução que regulamenta e disciplina a atuação profissional dos psicólogos via internet. De qualquer forma é um assunto para a Universidade, pois é dela que devem emanar as orientações e possibilidades de incorporarmos essa tecnologia em nossas formas de trabalho.
ANA M. B. BOCK, PRESIDENTE DO CFP (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA) E DIRETORA DA FACULDADE DE PSICOLOGIA DA PUC-SP

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