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PSYU Nº5 – Coluna CULTURA – Setembro/2000

As aberturas no Xadrez

Nas aberturas do xadrez, existem dois conceitos fundamentais: o desenvolvimento e o domínio do centro. O desenvolvimento consiste em tirar o quanto antes as peças – principalmente as da primeira fileira – de suas desvantajosas casas iniciais. Por centro, entende-se as casas 4R e 4D das brancas e das pretas (veja figura), sobre as quais as peças devem exercer influência na abertura. Assim, todos os movimentos na abertura, devem responder às seguintes perguntas:
Como afeta o centro?
Como contribui para o desenvolvimento?

Estes dois princípios permeiam as dez regras práticas para aberturas apresentadas abaixo. Vale lembrar que são regras gerais, e o jogador, uma vez que as tenha entendido, pode adaptá-las às situações singulares que cada partida encerra.

1- Inicie sua partida com 1.P4R ou 1.P4D. Este movimento abre diagonais para o Bispo e para a Dama, favorecendo o desenvolvimento das peças, e ainda – e principalmente – age no centro do tabuleiro.

2- Sempre que possível, desenvolva alguma peça que ataque alguma coisa. Dessa forma, você restringe os movimentos do adversário.

3- Desenvolva os Cavalos antes dos Bispos. No primeiro movimento dos Cavalos, a melhor casa é C3B, pois nessa posição o Cavalo age no centro. C2R ou C2D são ruins porque travam os Bispos e têm sua ação no centro limitada. Já o Bispo dispõe de um número maior de casas boas para serem jogadas, e convém esperar o desenvolvimento da abertura adversária para decidir onde posicioná-los. Além disso, os Bispos, de suas casa iniciais (após o avanço dos Peões centrais), dominam casas importantes, isto é, são ativos mesmo sem terem sido jogados.

4- Escolha a melhor casa para sua peça e ocupe-a com o menor número de lances. Não perca tempo.
– Sem perda de tempo, coloque as peças onde possam desenvolver seu maior potencial.
– Não mova uma peça que já foi desenvolvida a menos que tenha um forte motivo para isso.
– Evite colocar as peças em casas onde possam ser expulsas por lances que também contribuam para o desenvolvimento das peças e dos Peões inimigos.

5- Movimente um ou dois Peões na abertura, e não mais. Ocupe-se em colocar em jogo as peças da primeira fileira.

6- Não movimente a Dama precocemente. Ela pode ser ameaçada por peças de menor valor e você vai perder tempo recuando a Dama.

7- Faça o Roque o mais rápido possível e, de preferência, o Roque com a Torre do Rei. Isso coloca a Torre em jogo. No desenvolvimento do jogo, tente abrir uma ou mais colunas para a Torre, possivelmente com uma troca de Peões (do contrário, seu Peão ficará obstruindo a coluna da Torre!).

8- Jogue para obter o controle do centro. O domínio do centro é o objetivo da abertura.

9- Esforce-se sempre para manter ao menos um Peão no centro. Os Peões são peças de pouca mobilidade, podendo ser assim “guardiães permanentes do centro”, enquanto Cavalos, Bispos e outros podem perder sua ação no centro, ao aventurarem-se em ataques à ala inimiga.

10- Não sacrifique material sem um motivo claro e imediato. Sacrifícios de peças ocorrem em situações especiais e exigem cuidadosa ponderação. Normalmente perde-se uma peça em troca de uma vantagem posicional, como a conquista do centro, por exemplo.

A nomenclatura no xadrez é muito semelhante aos gráficos que aprendemos na escola. A localização é dada pela intersecção entre as fileiras e (linhas horizontais) e as colunas (linhas verticais). Veja P4R por exemplo: a primeira letra significa a peça que será movimentada, um Peão. O número significa a altura do tabuleiro (quarta fileira) e a terceira letra significa a coluna que fará intersecção com a fileira, indicando a exata localização da casa a ser jogada. No caso, a coluna onde o Rei fica quando começa o jogo. Lê-se “Peão a quatro do Rei!”. Outro exemplo: C3BD = Cavalo atrês do Bispo da Dama). No caso, o Cavalo é jogado na terceira fileira, na casa onde há a intersecção com a coluna do Bispo da Dama!
JOSÉ VICENTE, ESTUDANTE DO 5º ANO DE PSICOLOGIA DA PUC-SP

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POIESIS

O Touro
Vi um touro nos campos de Anda Iuwa
Com seus chifres ceifadores
E artérias venenosas
Palpitando,
Nos músculos atarracados de buracos,
A baba pumunante e visava
E o negrume da pupila em grãos silvestres,
As unhas de esterco,
A pelugem azul,
As fendas nasais em constante ameaça respiratória,
A morte e as gônadas reprodutoras unidas num só ser,
Um objeto de volume compacto,
Pesado como um pingo de enxofre,
Suspenso no ar,
De desordem e caos,
Onde as espécies viventes se perpetuam,
Em suas carnes,
Não há tempo,
Não há previsão,
Só há nervuras
De eternidade.
JOÃO PAIVA

Vi hoje sol escurecer entre raios grandes
Reconheci sombra de dos escorrendo nos cantos,
Espalhando invisível
Estranhei nuvem parada, como água suja
Deixei de tocar chuva que não caía
Quis soprar vento, criar correntes de ar,
Mas o céu não tinha espaço pra mim
O céu se afundava num raio de nada.
MAYRA LINS

CUMPLICIDADE
Não peço que me digas
Digo o que te digo
Não mendigo tuas palavras
Solto eu próprio minhas amarras
Um dia volto com asas e te liberto
Não me julgues descoberto
O meu coração está aberto
Na mais completa solidão do amor.

Se o meu temor é o teu terror
Então sigamos nos amando em silêncio
E no final o que for feito
Será mais que perfeito:
Seremos nós dois um
Acontecimento mudo
GABRIEL DI PIERRO

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Dissonâncias
Ele écomumente chamado de ‘bruxo’ porque tira sons de lugares impossíveis, como chaleiras e canos de PVC. Este é Hermeto Pascoal, o virtuoso músico alagoano que no seu mais recente CD, “Eu e Eles” (Rádio MEC, 2000), toca forró e outros ritmos, se ocupando de todos os instrumentos.

Muito mais do que mero exibicionista, Hermeto é produtor de uma obra viva e enérgica, que os gringos chamam de jazz (porque é rica em arranjos, melodias e harmonias), mas que, cá entre nós, é música brasileira em estado puro e de graça.

Já que seus CDs são peças raras no Brasil (!), aproveite esse lançamento. Se você só conhece a figura albina e barbuda, experimente a música. Impregne-se de Hermeto Pascoal e veja no que dá.
THIAGO RODRIGUES

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Claquete
Magnólia – Um filme sobre relações humanas e doença. Um filme triste sem ser melodramático ou choroso. Consegue ser emocionante, cativante e sob um clima de suspense e tragédia que perdura o filme inteiro, sob trilha sonora fenomenal, instrumentada, orquestrada ao longo de toda a obra.

Um filme comprido (cerca de 3 horas) que acaba de chegar às locadoras. Apesar de aparecer o Tom Cruise na capa, ele não é o protagonista. O filme é o andamento de vásrias histórias que se intercalam, amarrando todas em um acompanhamento temporal. No estilo “Short Cuts”, “Vamos Nessa” e outros.

E já que falamos em Tom Cruise, eu tiro o chapéu para seu excelente trabalho, digno de um Globo de Ouro, o qual ganhou. Além dele, temos a emocionante Julianne More.

Interessantísima é a ideologia por trás do filme, que é sobre o acaso e as coincidências. Começa o filme anunciando-se que nada há de ser uma simples coincidência. É preciso ver o filme até o fim e perceber e perceber que a cena mais inesperada do filme ainda não aconteceu. Aquela que parece que explica alguma coisa, mas só confunde mais.

Para mim, a mensagem é: as coisas simplesmente acontecem. Esse modo de dizer deixa claro muitas coisas em nossas vidas: elas acontecem e ponto. Isso é necessário saber. A partir daí poderemos dizer que elas não são meras coincidências.
MAURÍCIO SALLES

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