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Polêmica no divã

Esoterismo associado ao tratamento psicológico confunde interessados:
Borra de café, cristais, astrologia, florais de Bach, terapias de vidas passadas e transe mediúnico. Encontra-se de tudo nos anúncios de psicólogos ou supostos psicólogos que oferecem uma mistura de terapia com esoterismo em propagandas espalhadas por toda parte da cidade de São Paulo-em faixas e cartazes na rua, em revistas semanais de informação e, principalmente, em milhares de sites na internet.

Fonte: [url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0505200505.htm]UOL[/url] Esoterismo associado ao tratamento psicológico confunde interessados:
Borra de café, cristais, astrologia, florais de Bach, terapias de vidas passadas e transe mediúnico. Encontra-se de tudo nos anúncios de psicólogos ou supostos psicólogos que oferecem uma mistura de terapia com esoterismo em propagandas espalhadas por toda parte da cidade de São Paulo-em faixas e cartazes na rua, em revistas semanais de informação e, principalmente, em milhares de sites na internet.

Fonte: [url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0505200505.htm]UOL[/url]Por telefone, uma suposta psicóloga, que não está registrada no CRP (Conselho Regional de Psicologia), confirmou à reportagem da Folha que sua técnica de regressão a vidas passadas pode ser complementada com tarô. E ofereceu até os contatos de clientes antigos que poderiam relatar suas experiências. “É um serviço diferenciado, mas muito sério”, diz a mulher, que anuncia seus serviços em uma revista.
Os campeões de anúncios são os atendimentos psicológicos com florais de Bach e as terapias de vidas passadas, chamadas TVP. “É preciso que fique muito claro que essas práticas não fazem parte do trabalho do psicólogo sério”, afirma Patrícia Garcia de Sousa, presidente da comissão de ética do CRP de São Paulo. “Profissionais que utilizam cartas, astrologia, TVP, florais e outras coisas desse tipo em suas sessões de terapia podem inclusive ser julgados pelo CRP e ter cassados seus registros de psicólogos.”

Profissionais que utilizam astrologia, terapias de vidas passadas ou florais, por exemplo, em suas sessões podem ter cassados seus registros de psicólogos

Para piorar, na maioria das vezes, as pessoas que utilizam esses recursos místicos não são psicólogos de fato. Nesses casos, o problema deixa de ser do CRP (que regula e fiscaliza apenas os profissionais formados) e passa a ser da polícia, já que a lei garante que apenas os profissionais formados e registrados no CRP se denominem psicólogos.
É por isso que, apesar das dezenas de anúncios oferecendo esse tipo de atendimento, o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo registrou, nos últimos cinco anos, apenas 14 processos éticos contra práticas duvidosas.
A maior parte dos psicólogos processados pelo CRP trabalhava com florais de Bach e terapias de vidas passadas.
Mas há casos também de uso de chás medicinais, transes mediúnicos, cartomancia, ioga, numerologia e cristais. “A maioria dos profissionais irregulares foi encontrada em anúncios”, conta Patrícia Garcia de Sousa. “Mas nosso serviço de orientação já teve de explicar a muitos interessados que a técnica procurada por eles era, na verdade, proibida de ser usada por psicólogos.”
O serviço a que ela se refere chama-se Comissão de Orientação e Fiscalização, disponível no CRP para tirar dúvidas de profissionais e usuários e receber denúncias.

Segundo especialistas, muitos pacientes sabem diferenciar tratamentos psicológicos efetivos de técnicas místicas, mas optam pelas menos sérias

Psicólogos que fazem diagnóstico e indicam tratamento em programas de TV e serviços que oferecem viagens para fora do corpo e foto da aura podem e devem ser denunciados.
Como algumas técnicas ficam realmente na linha tênue que existe entre o verdadeiro tratamento e as invenções mirabolantes, o CRP investiga as práticas antes de abrir um processo.
“A terapia transpessoal é uma delas”, diz Sousa. “Estamos atrás dos fundamentos da técnica para confirmarmos se a ampliação de consciência por meio de exercícios de respiração, feitos antes das sessões, é compatível com a psicologia.” Caso ela se mostre embasada, o CRP pode incluí-la em suas práticas. Mas, se isso não for comprovado, fica proibido que psicólogos associem as respirações que alteram o estado de consciência à terapia.
Quando o profissional é psicanalista ou psicoterapeuta, a situação fica ainda mais complicada. Como essas não são profissões regulamentadas, não existem órgãos que fiscalizem trabalhos antiéticos. “A melhor forma de as pessoas se protegerem de um mau psicanalista é certificando-se de que ele é inscrito na Associação Brasileira de Psicanálise”, afirma Suely Gevertz, psicanalista e coordenadora da comissão de mídia da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Segundo ela, a formação exigida para que um profissional seja inscrito na ABP é longa e rígida. “Isso garante a qualidade do tratamento”, diz.
Com os psicoterapeutas, a situação é semelhante, e a melhor maneira de evitar problemas é conhecer a formação do profissional. Para Luiz Alberto Hanns, presidente da Associação Brasileira de Psicoterapia, diferentemente do que acontece com os maus profissionais, uma especialização consistente inclui muitas horas de treino no atendimento de pacientes em clínicas-escola. “É um direito do paciente questionar o profissional a respeito de sua formação”, afirma.
Segundo especialistas, no entanto, muitos pacientes sabem diferenciar tratamentos psicológicos efetivos de técnicas místicas, mas optam pelas menos sérias.
Uma das justificativas para essa escolha é a busca por soluções imediatas, já que muitas pessoas não têm tempo nem disposição para tratamentos mais longos, como costumam ser as terapias profissionais.
Outra razão é a atração exercida pelo inexplicável. Mas quem entende do assunto afirma que as escolhas não devem ser julgadas, desde que sejam opções conscientes. “Não se deve achar que há certo ou errado nem que há uma caça às bruxas”, diz Hanns. “É necessário apenas distinguir o campo de cada um e deixar que os interessados escolham entre a prática clínica, o espiritismo ou os astros.”
INFORME-SE
Associação Brasileira de Psicanálise
(www.abp.org.br, tel. 0/xx/21/2235-5922)
Associação Brasileira de Psicoterapia
(www.abrap.org, tel. 0/xx/11/3255-9062)
Conselho Regional de Psicologia de SP (tel. 0/xx/11/3061-9494, r. 141)
Sociedade Brasileira de Psicanálise SP
(www.sbpsp.org.br, tel. 0/xx/11/3045-2818)

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