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Mapa do assédio

Estudo apresentado na Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) analisou 403 casos de assédio sexual praticados por médicos de diversas regiões do país. O objetivo foi traçar um perfil dos profissionais acusados de cometer esse tipo de abuso, de modo a auxiliar na prevenção do problema.

Fonte: [url=http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=3901]FAPESP[/url]Estudo apresentado na Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) analisou 403 casos de assédio sexual praticados por médicos de diversas regiões do país. O objetivo foi traçar um perfil dos profissionais acusados de cometer esse tipo de abuso, de modo a auxiliar na prevenção do problema.

Fonte: [url=http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=3901]FAPESP[/url]Foram estudadas as denúncias registradas no Conselho Federal de Medicina (CFM) entre 1997 e 2001. Para traçar o perfil dos acusados, Júlio Cézar Meirelles, autor do estudo e professor do Hospital Universitário de Brasília (HUB), levou em consideração oito variáveis: idade, sexo, especialidade, local onde ocorreu o fato, reincidência, tipo de delito, artigo de enquadramento e resultado do julgamento.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos acusados é do sexo masculino (95%), especialistas em ginecologia/obstetrícia e com idades entre 45 e 56 anos. “É inegável que esses profissionais possuem sérios desvios de conduta. Trata-se de uma pulsão incontrolável conhecida como parafilia, o que não significa uma doença declarada, apesar de essas pessoas necessariamente não serem normais”, disse Meirelles à Agência FAPESP.

Entre as especialidades médicas em que o assédio é mais freqüente estão: ginecologia/obstetrícia (20,6 %), clínica médica (8,2%), ortopedia e traumatologia (7,9 %), psiquiatria (5,5%), cirurgia plástica (3,5%) e pediatria (2,7%).

A ocorrência dos delitos foi maior na região Sudeste: em São Paulo ocorreram 45% das denúncias e no Rio de Janeiro 16%. “A maioria dos casos ocorre em grandes centros urbanos, pois o médico se sente um anônimo na multidão, acredita estar protegido em seu consultório e acaba agindo por impulso. O profissional acha que a solidão de um consultório particular pode torná-lo menos vulnerável a qualquer tipo de punição”, conta Meirelles.

O estudo analisou ainda o julgamento dos processos e verificou que em apenas 4,2% dos casos houve condenação. “É preciso ressaltar que mais da metade dos casos não foi sequer a julgamento. Mesmo assim, há um baixo nível de condenação por conta dos conflitos subjetivos que se criam. A paciente acusa e o médico insiste em dizer que o assédio sexual não ocorreu, o que acaba dificultando o trabalho do julgador”, afirma o pesquisador.

A reincidência esteve presente em 15,6% dos casos. Para Meirelles, o ideal não é punir, mas evitar que o abuso aconteça. “É preciso que as escolas médicas e os conselhos regionais de medicina invistam na prevenção. A criação de cursos sobre ética médica e a proibição de que o médico atenda sem uma pessoa auxiliar no consultório seriam algumas ações urgentes”, disse. O pesquisador conta que os resultados da pesquisa serão publicados em um livro, que será lançado nos próximos três meses.

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