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Concepções de sexualidade entre adolescentes com e sem histórico de violência sexual

A literatura evidencia conseqüências físicas, emocionais e psicológicas
que o abuso sexual imprime em suas vítimas. A sexualidade pode ser afetada
quando se trata de violência sexual, sendo que um dos problemas posteriores nos
casos de abuso sexual é a falta de prazer no sexo, promiscuidade e distúrbios na
sexualidade. Vítimas de abuso sexual enfrentam problemas relacionados ao
sentimento de culpa, de auto-desvalorização e depressão. Os objetivos deste
estudo consistiram em: a) verificar a concepção de sexualidade de adolescentes
que passaram por violência sexual comparando aos que não passaram; b) avaliar se
os dois grupos de adolescentes (vítimas e não vítimas de abuso sexual) diferem
significativamente quanto aos escores na escala de Auto-Estima e no Inventário
de Depressão. A pesquisa foi realizada com 12 adolescentes, divididos em dois
grupos. O primeiro, constituído por 06 jovens vítimas de violência sexual, e o
segundo grupo por 06 jovens que jamais passaram por!
experiência de abuso sexual. As entrevistas foram realizadas na residência dos
participantes ou no LAPREV. Utilizou-se como instrumentos: formulário
sócio-econômico, roteiro de entrevista para concepções de sexualidade, roteiro
de entrevista para caracterização do abuso sexual ocorrido, Inventário de
Depressão e uma Escala de Auto-estima. A idade média das participantes
encontrada foi de 15,5 anos em ambos grupos (vítimas de abuso e não vítimas). A
idades média do início do abuso foi de 10, 5 anos. Em 83,3% dos casos analisados
o agressor era próximo da vítima e houve a consumação do ato sexual vaginal. A
duração média do abuso foi de 2,33 anos e o grupo de vitimizadas apresentou um
escore na Escala de Auto-estima ligeiramente menor. Três participantes vítimas
de abuso sexual não apresentaram depressão. Uma delas obteve o diagnóstico de
Depressão Moderada. Duas adolescentes não vítimas apresentaram Depressão Leve.
Verificou-se que as adolescentes que passaram por violência se!
xual demonstravam medo marcante quanto a se envolver com indivíduo do sexo
oposto ou quanto ao ato sexual. Esse medo era decorrente de ser abandonada ou
rejeitada. Elas evitavam pensar sobre relações sexuais, por ser um assunto que
não lhes despertava interesse. O sexo foi tratado de forma vaga como se
estivesse distante de suas vidas. Quanto a se sentir à vontade diante de um
indivíduo do sexo oposto, todas as vítimas de abuso sexual declararam que não se
sentiam. Na questão se as participantes acreditavam que o abuso lhes trouxeram
mudanças em suas idéias de sexualidade, todas respostas foram afirmativas.

Autores: Julliana Luiz Rodrigues, PIBIC/CNPq
Lúcia C. A. Williams (O)
Rachel de Faria Brino (CO)

Instituição: UFSCar – Departamento de Psicologia

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