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Doses Homeopáticas da Violência

O progresso humano está longe de extinguir a violência, talvez porque até agora, não teve nenhum enfoque no aprimoramento das relações humanas e da ética. A sociedade de informação, através de recursos subliminares, tratou apenas de um interesse: "anestesiar" o ser humano para vender seu produto, sem se importar com as conseqüências a médio e longo prazo que isto pudesse trazer à civilização.

O que temos hoje, na TV, por exemplo, durante o fim de semana, são programas extremamente longos e medíocres, mas que usam técnicas aperfeiçoadas para que, prendendo a atenção à imagem, convide o corpo à inércia. Famílias inteiras "emburrecem" frente a ídolos, fazendo da TV, sua religião. Vemos crianças e adultos "babando" hipnotizados perante a partes de determinado corpo, como por exemplo, o bum-bum de uma dançarina erótica. São cenas comuns de se ver em algumas casas ou escolinhas: antes que uma criança faça três anos, já consegue imitar com perfeição os movimentos da fulana, enquanto os pais aplaudem, e chamam os amigos para ver o quanto a filhinha é "precoce". O que eles não sabem é que isto que eles chamam de "precocidade", é nada mais, nada menos do que sexualidade que é estimulada pelos próprios. A criança, presa fácil dos impulsos internos e externos, tendo a aprovação e o estímulo dos adultos, aprende a usar a sedução do corpo para ser gratificada. A meu ver, e de outros especialistas, isto significa uma agressão, ou seja, um tipo de violência muito sutil, porque é uma violência ao desenvolvimento físico e psíquico, que se vê atropelado em seu curso normal.

Os pais não se dão conta que estão abdicando da tarefa de educar. Não há manual para isso, no entanto, é possível e importante não perder a crítica da imagem que a gente está permitindo que entre em nossas casas e do significado que tudo isto tem. Talvez a própria falta de perspectiva, de esperança, provoque esse desalento nos adultos. Mas o que é fato é que há uma ausência de valores maiores, os quais torna os pais fracos na função de protetores e guias. Passando despercebidos tais valores, deixam de prevenir as consequências das mensagens que a imagem traz. Não questionam, não criticam o que entra através dos órgãos dos sentidos (visão e audição), e que vai trazer banalidade à violência, relativizando todos os valores e anulando a ética.

Citando as palavras de Dias Gomes em 1998, quanto à relação que suas 2 filhas têm em relação à TV:"… não se deve só proibir, é preciso conversar com elas. Não é censurar, mas reconhecer que há um tempo certo para cada coisa. Criança não sabe se defender. Tento evitar que elas vejam programas que exploram a miséria humana. Também evito os filmes violentos, onde se matam 30 ou 40 pessoas e continua tudo bem. É a banalização da morte. Não que a TV seja culpada de todos os males: ela é assim porque a sociedade a quer assim. (grifo meu). E sua influência não é tão direta. Mas admito que uma criança saudável pode ser perturbada pela exposição inadequada à mídia".


Ana Maria Lemos NielsenPsicóloga clínica – Pós graduanda em
Psicoterapia Psicanalítica pela USP, atende em
consultório particular (tel.:3862 2251)
e mail: [email protected]

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