Nada melhor do que a música para as orelhas. Em especial para, de vez em quando, dar uma puxada nelas. “Ô pacato cidadão, te chamei a atenção, não foi à toa, não. C’est fini la utopia, mas a guerra todo dia, dia a dia, não”, canta o grupo Skank.
Essa é a trilha sonora ideal para se ler a recém-publicada pesquisa Cidadania, participação e instituições políticas: o que pensa o brasileiro?, realizada pelo Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas, que mostra como o brasileiro ainda se conforma com a tese de que o Brasil é, e sempre será, um eterno “mar de lama”, contra o qual pouco se pode fazer.
Nada melhor do que a música para as orelhas. Em especial para, de vez em quando, dar uma puxada nelas. “Ô pacato cidadão, te chamei a atenção, não foi à toa, não. C’est fini la utopia, mas a guerra todo dia, dia a dia, não”, canta o grupo Skank.
Essa é a trilha sonora ideal para se ler a recém-publicada pesquisa Cidadania, participação e instituições políticas: o que pensa o brasileiro?, realizada pelo Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas, que mostra como o brasileiro ainda se conforma com a tese de que o Brasil é, e sempre será, um eterno “mar de lama”, contra o qual pouco se pode fazer.
Para 79% dos entrevistados, a corrupção é a marca do serviço público; a única instituição democrática que funciona é a Igreja Católica; 72% dos pesquisados acham que os políticos só existem para se dar bem na vida. Esses resultados reforçam o “conformismo” expresso no último Latinobarómetro, pesquisa feita por uma ONG chilena, que mostra como anda a satisfação latino-americana com a democracia.
Cerca de 43% dos brasileiros entrevistados crêem que uma “mão dura” do governo não faria mal ao país; 48% não se importariam de o país ficar à mercê de empresas privadas se a vida deles melhorasse; e 26% pensam que ter um regime democrático ou não-democrático dá no mesmo. A cidadania, entendida como a participação do indivíduo na criação da sua sociedade, parece pouco desenvolvida entre nós.
Uma pesquisa de 1993 (Cesop/Unicamp) já mostrava a indiferença nacional sobre a presença dos órgãos de representação como necessária para o funcionamento democrático: 30% dos brasileiros acreditavam então que o Brasil poderia passar bem sem o Congresso Nacional.
A descrença de hoje, retomada na crise em curso, portanto, não é uma novidade. Daí a pergunta: que cidadãos somos nós, tão ágeis em identificar as deficiências institucionais e tão lentos em mudar esse estado de coisas? Somos, efetivamente, pacatos cidadãos ou será que nos fizeram acreditar nisso?
Esse é o questionamento da pesquisa mais recente do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, Horizonte do desejo: instabilidade, fracasso coletivo e inércia social (FGV Editora, 200 págs., R$ 26), que tenta entender por que, num país de tantas desigualdades e insatisfações, nunca houve um movimento popular capaz de promover uma reforma na vida nacional.
fonte:
[url=http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=5073]www.agencia.fapesp.br[/url]