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A Síndrome de Burnout – Parte II

Podemos dizer que a Síndrome de Burnout é o resultado do estresse emocional desenvolvido na interação com outras pessoas. Diferente do estresse genérico, geralmente incorpora sentimentos de fracasso e seus principais indicadores são: cansaço emocional, despersonalização e falta de realização pessoal.
Quadro Clínico Abaixo, apontamos sintomas apresentados por pacientes portadores da síndrome:

1. Esgotamento emocional, com diminuição e perda de recursos emocionais

2. Despersonalização ou desumanização, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas, de insensibilidade ou de cinismo para com outras pessoas no trabalho ou no serviço prestado.

3. Sintomas físicos de estresse, tais como cansaço e mal estar geral.

4. Manifestações emocionais do tipo: falta de realização pessoal, tendências a avaliar o próprio trabalho de forma negativa, vivências de insuficiência profissional, sentimentos de vazio, esgotamento, fracasso, impotência, baixa auto-estima.

5. É freqüente irritabilidade, inquietude, dificuldade para a concentração, baixa tolerância à frustração, comportamento paranóides e/ou agressivos para com os clientes, companheiros e para com a própria família.

6. Manifestações físicas: Como qualquer tipo de estresse, a Síndrome de Burnout pode resultar em Transtornos Psicossomáticos. Estes, normalmente se referem à fadiga crônica, freqüentes dores de cabeça, problemas com o sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritmias, e outras desordens gastrintestinais, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias, etc.

7. Manifestações comportamentais: probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteção do ego, aborrecimento constante, atitude cínica, impaciência e irritabilidade, sentimento de onipotência, desorientação, incapacidade de concentração, sentimentos depressivos, freqüentes conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e dentro da própria família.

O quadro evolutivo tem 4 níveis de manifestação: 1o. nível Falta de vontade, ânimo ou prazer de ir a trabalhar. Dores nas costas, pescoço e coluna. Diante da pergunta: o que você tem? Normalmente, a resposta é "não sei, não me sinto bem" 2o. nível Começa a deteriorar o relacionamento com outros. Pode haver uma sensação de perseguição ("todos estão contra mim"), aumenta o absenteísmo e a rotatividade de empregos. 3o. nível Diminuição notável da capacidade ocupacional. Podem começar a aparecer doenças psicossomáticas, tais como alergias, psoríase, picos de hipertensão, etc. Nesta etapa se começa a auto-medicação, que no princípio tem efeito placebo mas, logo em seguida, requer doses maiores. Neste nível tem se verificado também um aumento da ingestão alcoólica. 4o. nível Esta etapa se caracteriza por alcoolismo, drogadicção, idéias ou tentativas de suicídio, podendo surgir doenças mais graves, tais como câncer, acidentes cardiovasculares, etc. Durante esta etapa, ou antes dela, nos períodos prévios, o ideal seria afastar-se do trabalho.

De acordo com FREITAS (1980) as reações de cada paciente são ditadas pelo seu mundo interno, pela sua história psicossocial e de seu contexto familiar. Há uma série de fatores que podem determinar, dinamicamente, formas de estar doente. PERESTRELLO (1982) relembra que antigos conceitos negavam as implicações psicológico-emocionais, assim como a subjetividade da vida emocional, implícita nos relacionamentos interpessoais. No entanto, a pessoa é única, com impressões digitais que a distinguem de qualquer outra; possui uma fisionomia diferente dos outras, assim como suas próprias formas de viver, de conviver, de agir, de reagir, tendo uma configuração única e um funcionamento e um modo de adoecer também próprios. Para o autor: “A doença não é algo que vem de fora e se superpõe ao homem, e sim um modo peculiar da pessoa se expressar em circunstâncias adversas.

É, pois, como suas outras manifestações, um modo de existir, ou de coexistir, já que o homem não existe, coexiste. E como o ser humano não é um sistema fechado, todo o seu ser se comunica com o ambiente, com o mundo, e mesmo quando, aparentemente não existe comunicação, isto já é uma forma de comunicação, como o silêncio, às vezes, é mais eloqüente do que a palavra”. Seguindo o pensamento de Perestrello, dizemos também que os problemas do ser humano são amplos, desde a dor, o sofrimento, o abandono, o desamparo, a angústia e cada indivíduo vai se manifestar de um modo pessoal diante da vida, pelas atitudes do cotidiano, pela maneira de falar, de se vestir e se comportar, assim como pela manifestação de sua doença. O desenvolvimento da Síndrome de Burnout requer uma certa pré-disposição pessoal. Na próxima semana, estaremos refletindo sobre a psicodinâmica do paciente que desenvolve essa síndrome. Um forte abraço e até breve, A

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