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A cultura do ecstasy

Dois momentos distintos marcam a chegada do ecstasy à cidade de São Paulo, um no início e outro mais próximo ao fim da década de 1990. O perfil do usuário da droga na capital paulista está sendo revelado por pesquisadores do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), instituição que pertence à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Dois momentos distintos marcam a chegada do ecstasy à cidade de São Paulo, um no início e outro mais próximo ao fim da década de 1990. O perfil do usuário da droga na capital paulista está sendo revelado por pesquisadores do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), instituição que pertence à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Entre 1993 e 1995, freqüentadores da extinta casa noturna Hell’s Club começaram a fazer uso dos comprimidos. O segundo momento, em 1998 e 1999, foi quando a droga pegou carona nas ‘raves’, festas marcadas principalmente pela música eletrônica”, conta Murilo Battisti, psicólogo de formação e um dos integrantes do Cebrid.

Segundo o pesquisador, enquanto o primeiro grupo era formado por usuários experientes, o segundo foi formado por aqueles que usavam os comprimidos de forma mais esporádica. “Não queremos dizer que em todas as ‘raves’ havia a droga. Nosso objetivo não é estigmatizar essas reuniões, mas é inegável que existe uma relação forte entre as duas”, disse.

O grupo de pesquisa resolveu nomear os dois grupos de “Filhos do Hell’s Club” e “Geração Rave”. Dentro do perfil investigado pelo Cebrid, outro dado chama a atenção. A maioria dos usuários da droga era de classe alta.

“Isso sem dúvida tem como causa o preço dos comprimidos. É uma droga cara, com um comprimido custando hoje entre R$ 30 e R$ 50”, disse Battisti. Parte dos resultados está publicada na edição de março da revista norte-americana Journal of Psychoactive Drugs.

Ao tentar saber como, por que e quando o ecstasy passou a ser usado pelos paulistanos, os pesquisadores da Unifesp encontraram uma triste realidade. Os primeiros usuários dessa droga – que surgiu na Europa e deve ter chegado ao Brasil pela primeira vez a partir de Amsterdã, na Holanda –acreditavam que estavam lidando com uma “droga do bem”.

Isso é explicado, segundo Battisti, por três motivos principais. “Primeiro, porque o ecstasy é um comprimido. Fica mais fácil escondê-lo da polícia. Segundo porque a dependência imediata é muito rara, em todos os casos estudados. Ela aparece apenas com o passar dos anos. A terceira causa é que o uso da droga proporciona uma elevada sensação de controle”, disse.

De acordo com o pesquisador, a percepção dos primeiros usuários, de que a droga não fazia mal, estava distorcida. “É um droga como outras. O que mais impressiona é o dano que ela causa ao cérebro, existe realmente uma queima dos neurônios”, disse Battisti.

A situação dos anos 1990 está mudando e piorando, atestam outros estudos realizados pelo Cebrid ainda em andamento. A divulgação dos novos dados, nos próximos meses, deverá mostrar uma popularização do ecstasy, mesmo com o preço elevado da droga. “O uso está migrando para outros grupos. A classe média baixa passou a usar. Não são apenas os adultos, como vimos no passado. Ela está chegando também aos adolescentes”, disse Battisti.

Apesar da mudança de perfil, outra constatação pode ser considerada positiva, em termos de saúde pública. “A sensação de risco é mais conhecida pelos usuários. Isso ocorre principalmente por causa da mídia, que tem falado mais sobre os danos que o ecstasy causa”, disse.

Fonte: [url=http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=5713]www.agencia.fapesp.br[/url]

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