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Inep faz análise inédita sobre as universidades do país

O Brasil tem vivido um amplo processo de descentralização das instituições de ensino superior. Se há uma década as universidades tendiam a se concentrar nos grandes centros urbanos, sobretudo no Sudeste, hoje encontram terreno fértil para expansão nas outras regiões do país.
O Brasil tem vivido um amplo processo de descentralização das instituições de ensino superior. Se há uma década as universidades tendiam a se concentrar nos grandes centros urbanos, sobretudo no Sudeste, hoje encontram terreno fértil para expansão nas outras regiões do país.
Em 1999, 58,6% das universidades se localizavam no Sudeste. Em 2004, o total baixou para 49,7%. Apesar de o número de instituições ter crescido de 634 para 1.001 no mesmo período, um aumento maior foi verificado nas outras regiões. No Nordeste, por exemplo, a elevação foi de 144% – contra 58% no Sudeste –, com o total de universidades saltando de 141 para 344. Em 2004, o Brasil contava com 2.013 universidades, sendo 224 públicas e 1.789 privadas.

Os dados são uma prévia do projeto Educação Superior Brasileira, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação (MEC), e foram apresentados na 29ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), em Caxambu (MG), que terminou na quarta-feira (18/10).

O projeto incluirá o lançamento de 30 livros, sendo três interpretativos e um para cada unidade federativa do país. Trata-se de um censo específico para cada Estado, com informações de 1996 a 2004 a respeito da distribuição de universidades, cursos, matrículas, formação de mestres e doutores e índices de escolarização. Os livros serão lançados em novembro e os dados estarão disponíveis na internet.

Um dos destaques do levantamento é a distribuição dos cursos superiores no país. Apenas seis cursos representaram 52,2% do total de matrículas em 2004: administração (14,9%, com 620.718 matrículas), direito (12,8% e 533.317), pedagogia (9,3% e 388.350), engenharias (5,9% e 247.478), letras (4,7% e 194.319) e comunicação (4,6% e 189.644).

Para efeito de comparação, as matrículas nos cursos de administração foram dez vezes maiores que em medicina (64.965) ou quase 20 vezes maiores que em agronomia (31.522). Segundo Jaime Giolo, coordenador-geral de Estatística de Educação Superior do Inep, esses números não representam demandas do mercado de trabalho ou das necessidades econômicas do país.

“O mercado de ensino brasileiro foi fomentado com base apenas na oferta de cursos, e não na procura. Se estamos preocupados com um amplo projeto de nação, não podemos ter apenas pouco mais de 30 mil alunos em agronomia, considerando as dimensões da nossa extensão territorial. Em vez de disputar com a China a produção de chips de computador, por exemplo, poderíamos produzir alimentos sofisticados para exportação”, disse Giolo.

Outro exemplo negativo foi observado no curso de recursos pesqueiros, outra área com grande potencial econômico, mas que teve apenas 124 matrículas em 2004.

Com relação ao indicador “taxa de escolarização superior”, o Estado mais bem posicionado foi o Distrito Federal, com 17,7% dos alunos entre 18 e 24 anos inseridos no ensino superior em 2004. O Paraná veio em seguida, com 17%, seguido pelo Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (ambos com 14,4%), Santa Catarina (14,1%) e São Paulo (13,9%). Alagoas apresentou o pior resultado, com apenas 4%.

O estudo conduzido pelo Inep também destacou o Amazonas, onde todos os 62 municípios apresentam pelo menos um curso de educação superior. O motivo seria que, apesar de ser o maior Estado brasileiro, tem a população agrupada em poucos núcleos urbanos.

“A falta de transporte na floresta amazônica acaba reunindo as pessoas em apenas alguns centros populacionais, que são bem mais povoados do que muitas cidades de Minas Gerais, por exemplo, que tem 853 municípios”, disse Giolo. “O cenário de poucos municípios favoreceu uma forte expansão universitária, principalmente das instituições de ensino estaduais do Amazonas.”

“A descentralização regional é o ponto mais positivo do processo de expansão universitária, uma vez que oferece oportunidades para a formação de novos mestres e doutores de acordo com as demandas específicas de cada região”, disse o coordenador-geral de Estatística de Educação Superior do Inep.

Mas o estudo identificou também que boa parte da expansão vem de fora dos Estados. “Como, por lei, não é permitido que uma instituição se expanda além de seu estado de origem, muitas universidades do Sudeste estão investindo em instituições com nomes distintos em outras regiões”, afirmou Giolo.

Fonte: [url=http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=6243]www.agencia.fapesp.br[/url]

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