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Adolescência e Escolha Profissional

Não posso nem tentar me divertir
O tempo todo eu tenho que estudar
Fico só pensando se eu vou conseguir
Passar nesse tal de vestibular
(Trecho da música “Química”, do Renato Russo)

Sabemos que a adolescência é um período de transição no desenvolvimento humano e a escolha da profissão faz parte dessa transição, pois significa “entrar no mundo dos adultos”. Essa escolha, porém, é motivo de muitos conflitos para o adolescente, pois este sofre com a pressão da família, dos amigos, da mídia e com suas próprias dúvidas.

Com a globalização e a modernização de alguns processos, a diversidade de profissões e áreas de atuação cresce a cada dia mais, aumentando também os dilemas dos adolescentes sobre o que escolher. Muitos jovens, nesse período, recebem uma verdadeira sobrecarga de informações e acabam optando por uma profissão com base, muito mais nos referencias externos, do que nos próprios anseios.

No Brasil os adolescentes escolhem a profissão muito cedo (com 16, 17 anos), antes mesmo de entrarem na idade adulta. As escolas também não ajudam muito, pois dificilmente fornecem informações e propiciam que os jovens reflitam sobre aspectos importantes para essa definição, ao contrário de alguns países da Europa, por exemplo, onde a orientação vocacional faz parte do currículo escolar.

Os vestibulares, extremamente disputados, também podem influenciar na escolha, pois para alguns o ritual de passar no vestibular acaba sendo mais importante do que a escolha pelo curso.

Os pais devem facilitar a escolha abrindo-se ao diálogo e dando oportunidade ao adolescente de conhecer suas habilidades e suas motivações. É nesse momento que um serviço de orientação vocacional auxilia profundamente, pois facilita a descoberta das preferências e propicia autoconhecimento.

É importante ressaltar que o perigo de não descobrir suas habilidades, competências e expectativas é o abandono dos cursos superiores, gerando desperdício de tempo e de dinheiro. Por isso, escolher com calma e paciência é melhor do que o impulso de ingressar num curso superior que não satisfaz suas necessidades.

Aos adolescentes ficam as seguintes dicas:

– Não tenha pressa: se for preciso, pare um ano para refletir, pois um ano é melhor do que uma vida toda trabalhando no que não lhe satisfaz.

– Cuidado com a sedução de profissões da moda!

– Conheça as profissões que mais lhe atraem e acompanhe de perto alguns profissionais em seu dia-a-dia de trabalho. Verifique se o estilo de vida que a carreira propicia combina com o seu. Obtenha informações sobre o mercado de trabalho, campos de atuação e remuneração.

– Por falar em remuneração, reflita: satisfação pessoal e sucesso financeiro não podem caminhar juntos? Afinal de contas, quanto mais o profissional está motivado, mais chances de crescer na carreira. Lembre-se: ninguém é feliz fazendo o que não gosta.

– Cuidado com as idéias preconcebidas com relação às profissões. Exemplos: “quem trabalha em informática é tímido”, “engenheiros sujam as mãos”, etc. Conhecendo o dia-a-dia de um profissional da área é possível derrubar esses estereótipos. Outro exemplo típico é: “advogados não precisam ter conhecimentos em matemática”, “engenheiros não precisam ser bons comunicadores”. Os advogados tributaristas, por exemplo, precisam ter bons conhecimentos em cálculos e os engenheiros que atuam como gestores de pessoas utilizam sua capacidade de comunicação o tempo todo.

– Ler e pesquisar sobre todas as possibilidades dentro de uma profissão também é de suma importância para a escolha. Avalie, inclusive, o currículo do curso. Perceba que você precisará se dedicar durante alguns anos para se formar e é importante estar consciente das disciplinas que vai encontrar pela frente.

– Cuidado também para não escolher a profissão pensando na empresa dos seus sonhos. A realidade do mercado de trabalho é bem diferente e a tendência é a diminuição dos empregos formais. Desta forma, cada vez mais se exige que os profissionais tenham espírito empreendedor e flexibilidade.

– Pare, pense e decida com calma. O trabalho não deve ser fonte de insatisfação e sim de prazer. Nada melhor do que fazer o que gosta e ainda por cima ganhar dinheiro com isso!

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