As pessoas solitárias têm o dobro de risco de desenvolverem o mal de Alzheimer, sugeriu um grande estudo realizado nos Estados Unidos.
As pessoas solitárias têm o dobro de risco de desenvolverem o mal de Alzheimer, sugeriu um grande estudo realizado nos Estados Unidos.
Mais de 800 pacientes idosos participaram da pesquisa, cuja saúde foi acompanhada durante um período de quatro anos.
A falta de convivência social já foi relacionada, em pesquisas anteriores, ao desenvolvimento de demência, mas esta é a primeira vez que os pesquisadores procuraram avaliar o grau de solidão das pessoas.
Em artigo na publicação especializada Archives of General Psychiatry, os cientistas disseram que a razão para a ligação entre isolamento e o mal de Alzheimer ainda não foi esclarecida.
Questionários
O chefe do estudo, Robert Wilson, e seus colegas pediram aos participantes que avaliassem seu grau de isolamento com questionários anuais. Com base nas respostas, os pesquisadores davam notas para os participantes, de acordo com o seu “grau de solidão”.
As respostas incluíam opções como “eu sinto uma sensação geral de vazio” e “eu me sinto freqüentemente abandonado”.
Também foi verificado se os participantes do estudo apresentavam sinais de demência e mal de Alzheimer.
E autópsias realizadas em 90 pacientes que morreram durante o estudo encontraram sinais fisiológicos associados ao mal de Alzheimer, tais como depósitos de proteína em volta de células nervosas.
A equipe descobriu que o risco de desenvolver mal de Alzheimer aumentou consideravelmente entre os participantes que tinham notas mais altas na tabela de “grau de solidão”.
O risco aumentava em 51% a cada ponto na tabela. Os que apresentavam a nota máxima, de 3,2, tinham 2,1 vezes mais risco de desenvolver o mal de Alzheimer em comparação com os que tinham a nota mais baixa, de 1,4.
Quando os pesquisadores se concentraram em fatores de isolamento social, como por exemplo o tamanho da rede social do paciente, o resultado não foi muito diferente.
Mas não há associação entre solidão e a patologia cerebral associada ao mal de Alzheimer.
Impacto físico
Wilson, professor of neuropsicologia do Centro Médico da Universidade Rush, disse: “Há duas idéias que nós deveríamos considerar: uma sugere que a solidão realmente é um fator de risco e outra é que ao tentar entender essa associação, precisamos olhar fora da neuropatologia típica.”
Segundo o chefe da pesquisa, os resultados descartam a possibilidade de que a solidão seja uma reação à demência.
Pode ser que a solidão afete sistemas no cérebro que lidam com a obtenção de conhecimento e a memória, tornando pessoas sozinhas mais vulneráveis aos efeitos da deterioração das vias neurológicas ligadas à idade avançada, sugeriu ele.
“Nós precisamos estar cientes de que a solidão não apenas tem um impacto emocional, mas um impacto físico”, afirmou Wilson.
Rebecca Wood, diretora-executiva do Alzheimer’s Research Trust disse: “Este é um estudo impressionante. Ele acompanha um grande grupo de pessoas por um período significativo e chega à conclusões surpreendentes que sustentam estudos anteriores que examinaram a interação social e o risco de mal de Alzheimer.”
“O que eu acho especialmente interessante sobre este estudo é o fato de que é a percepção individual de solidão e não o grau real de isolamento social que parece se relacionar mais com o risco de Alzheimer.”
Susan Sorensen, chefe de pesquisa da Alzheimer’s Society concorda: “Este estudo demonstra uma clara ligação entre menor atividade social e maior risco de sintomas de demência.”
“Mas é interessante que as pessoas que morreram durante o estudo e manifestaram sintomas de demência não tenham apresentado relativamente mais sinais físicos do mal de Alzheimer no cérebro.”
“São necessárias mais pesquisas para se entender a ligação exata entre solidão e sintomas de demência.”
Fonte: [url=http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2007/02/070206_alzheimersolidaog.shtml]BBC Brasil[/url]