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O papel do psicólogo na área de RH

Sabemos que o mercado atual exige da área de Recursos Humanos e, consequentemente, de seus profissionais, uma mudança de postura em relação aos tradicionais moldes de antigamente. Recrutar, treinar e avaliar são apenas algumas das possibilidades de atuação do profissional de RH.
Para se adequar a essa nova tendência, o profissional deve conciliar diferentes conhecimentos teóricos, antecipar necessidades e transformar seu trabalho, que muitas vezes é subjetivo, em resultados palpáveis para as organizações.

É interessante repensar o papel do psicólogo na área de Recursos Humanos, tendo em vista que grande parte das empresas possuem profissionais desta categoria atuando em seus RHs.
Longe de fazer uma generalização, como psicóloga sei o quanto essa área de atuação é mal vista pelos meus próprios colegas de profissão, que dizem, entre outras coisas, que o psicólogo nas empresas “só faz recrutamento e seleção”. De uma forma geral, as pessoas têm uma visão estereotipada do psicólogo que trabalha nas organizações, pois, ou carecem de conhecimento sobre essa área de atuação, ou viveram algum tipo de experiência como usuários da área de RH, como clientes internos ou como candidatos a processos seletivos.

Acredito que, em grande parte, a culpa por essa visão distorcida é do próprio psicólogo que atua nas organizações, que ainda não soube se encaixar nesse novo papel exigido pelo mercado de trabalho.
O subsistema de Recrutamento e Seleção é sim uma das possibilidades de atuação do psicólogo nas empresas, porém, não é o único. O que acontece é que a Seleção é o “cartão de visita” de uma empresa para um candidato e um processo mal conduzido pode levar à degradação da imagem da empresa e do psicólogo.

Analisando a formação do psicólogo no Brasil, vê-se que a maioria dos cursos prioriza a área clínica em seus currículos. A cada ano, novos cursos de psicologia são inaugurados e, só para ter uma idéia, no último censo do ensino superior publicado pelo MEC, em 2004, 15.856 pessoas concluíram o curso de psicologia no país. É um número muito grande para uma profissão relativamente nova, dado que o curso de psicologia foi regulamentado no ano de 1964.

O que se vê, no entanto, são profissionais com pouca bagagem teórica para atuar nas organizações. Existe uma enorme defasagem entre o que se aprende nos bancos da universidade e os desafios enfrentados nas empresas.

A escolha pela atuação na área de RH, muitas vezes, não acontece por vocação ou por vontade própria: o fato é que esta é a área que melhor remunera o psicólogo e que mais oferece estágios e empregos efetivos.

Muitos psicólogos, então, atuam nas empresas desmotivados, frustrados por não conseguirem trabalhar em suas áreas de preferência e permanecem distantes do papel de agentes transformadores da área de RH para as novas tendências. Poucos conseguem alcançar cargos de liderança por faltar-lhes conhecimentos de gestão empresarial e capacidade de conhecer o negócio como um todo.

Desta forma, o psicólogo que realmente deseja mudar esse estereótipo, deve dedicar-se ao autodesenvolvimento, cursar especializações que possam suprir os conhecimentos não adquiridos no curso superior, mas, acima de tudo, buscar a diferença na prática.

O profissional de RH deve se envolver com o negócio da empresa, conhecer o mercado no qual ela está inserida, entender também do negócio das áreas clientes para melhor atender as demandas internas e saber falar a “linguagem dos executivos”. Muitas vezes perde-se a oportunidade de aprovar um bom projeto de Recursos Humanos junto à Diretoria de uma empresa por não demonstrar quais os resultados que serão obtidos com a sua implantação.

Vale ressaltar que um psicólogo que busca essa expertise não deve se afastar de seu foco de atuação: as pessoas. O olhar diferenciado, a percepção e a escuta apurada são competências que o psicólogo deve utilizar com freqüência em seu trabalho na área de Recursos Humanos.

É um grande erro pensar que o psicólogo que atua na área organizacional afasta-se de sua função primordial. O que ele faz, se fizer bem feito, é agregar sua sensibilidade às demais competências exigidas para um profissional da nova área de Recursos Humanos, que participa das decisões estratégicas da empresa e orienta seus líderes para gerirem pessoas alinhadas aos objetivos da organização.

Cíntia Renata Mion

Fontes consultadas:
ZANELLI, J. C. O psicólogo nas organizações de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Censo de 2004 da Educação Superior do Brasil publicado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão do MEC (Ministério da Educação). Para mais informações, consulte o site: www.inep.gov.br.

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