A presente dissertação trata-se de uma exigência acadêmica da disciplina de Análise Experimental do Comportamento, ministrada pela professora Hadassa Lourenço Pinheiro Santiago, para os alunos do 2º período de Psicologia da Faculdade Santo Agostinho(novembro / 2006).
Tal redação pretende demonstrar as características da proposta Behaviorista Radical, os principais mitos envolvendo tal Escola de Pensamento, as contribuições de Bhurrus Frederic Skinner para o avanço da Psicologia e minhas opiniões sobre o behaviorismo radical antes e após o desenvolvimento da disciplina, adotando como referência os textos “Equívocos da Mídia: ocasião para um diálogo” e “Bhurrus Frederic Skinner: um homem além de seu tempo”, de Lídia Dobrianskyj Weber,1992 (artigo publicado originalmente na revista Documenta CRP – 08, Curitiba, ano II, n.3, maio/agosto,1992,editada pelo Conselho Regional de Psicologia 8ª Região, Paraná).
A proposta analítica, radical ou lingüística se difere das demais propostas behavioristas. Ao contrário do behaviorismo clássico, de Jonh B. Watson e do metodológico de Tolman, B. F. Skinner, principal representante do Behaviorismo Radical, propõe o estudo do comportamento humano a partir das seguintes variáveis:
• o fator genético;
• o ambiente externo;
• e a história passada do indivíduo, levando-se em consideração a cultura e as experiências individuais desse sujeito.
Nesse estudo, preocupa-se com as contigências, ou seja, com as
interações entre o ambiente e o organismo e seus efeitos sobre o comportamento em geral. O comportamento pertence a um continuum e deve ser analisado a partir das contingências anteriores e posteriores, pois dentro da proposta Behaviorista Radical, o homem é visto como agente e paciente do ambiente em que vive. É agente porque, ao comportar-se, constrói e reconstrói, transforma o ambiente em que vive, e paciente porque, simultaneamente a transformação do ambiente (construção e reconstrução realizada por ele), sofre a ação desse meio.Skinner, ao longo de sua trajetória behaviorista, foi o primeiro pensador a esclarecer a diferença entre o comportamento respondente (reflexo) e comportamento operante, dando ênfase em suas obras ao operante, que pode ser classificado como o comportamento que atua no meio, modifica-o e é alterado por suas conseqüências.Ao redor dessa proposta, existem muitas idéias difundidas erroneamente devido à desinformação, falhas no processo jornalístico de divulgação e às influências de visões dominantes já arraigadas.
Um exemplo desses mitos é a caracterização feita pelo jornal “Principais Correntes da Psicologia no século XX”, publicada em 30 de abril de 2000.“Behaviorismo: Tem a psicologia do comportamento como base de um processo de estímulo e resposta. Seu maior teórico foi Bhurrus F. Skinner (1904-1990), segundo o qual todo comportamento humano seria compreensível a partir de sua medida; é uma tentativa de tabular dados, prever e controlar o comportamento humano pela análise estatística e por fatores que serviriam de reforços positivos ou negativos.”Tal afirmativa é equivocada porque seria adequada para a caracterização do behaviorismo clássico, de J. B. Watson. O behaviorismo radical, como já foi dito anteriormente, pretende estudar o comportamento humano a partir das suas contingências. É necessário também observar que existem registros de inúmeras análises não-experimentais realizadas por Skinner, as quais foram publicadas em muitas de suas obras. Além disso, Skinner não propõe simplesmente o controle pelo controle, e sim, que o comportamento humano controla o ambiente, e que este, por sua vez, controla o indivíduo através das conseqüências que o comportamento humano produz (homem agente e paciente do ambiente). Nosso repertório comportamental é produto da interação entre os fatores genético, cultural, histórico, a forma como fomos criados, o carinho e limites que recebemos e as nossas experiências individuais, além de sofrer influência também da situação imediata. Por isso, é necessário conhecer as contingências que controlam (norteiam) nosso comportamento a fim de nos tornarmos aptos a exercer um contracontrole em relação a esses fatores e tomarmos, de verdade, as “rédeas” do nosso comportamento.E essas relações são facilmente observáveis nas seguintes observações:
“O homem que o próprio homem fabricou é o próprio produto da cultura que ele concebeu.” (Skinner, 1983)“Os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez, são modificados pelas conseqüências de sua ação.” (Skinner, 1978)“ Aceitar uma explicação errônea porque ela nos lisonjeia é correr o risco de perder a explicação correta – que, afinal de contas, pode oferecer maior satisfação” (Skinner, 1972, p.35)“ “Sentir-se livre” não significa ser livre, pois as maneiras mais repressivas de controle são sutis e reforçam o sentimento de liberdade para que o indivíduo não perceba realmente que está sendo controlado” (Lídia Natalia Dobrianskyj Weber, p.p. 147 e 148) Bhurrus Frederic Skinner proporcionou a Psicologia uma verdadeira revolução, principalmente no que diz respeito às concepções
mentalistas.
Ele, diferentemente de Watson, não nega a consciência, não nega a validade dos sentimentos, reconhece a influência exercida pela genética no comportamento humano, busca os antecedentes e os conseqüentes do indivíduo para compreender melhor o seu modo de agir, além de ter sido o primeiro pensador a esclarecer a diferença entre comportamento respondente (reflexo) e comportamento operante, deixando assim, um legado valioso acerca da compreensão do comportamento humano. E foi a partir desse legado que B. F. Skinner me fascinou a apagou a impressão negativa que eu tinha em relação ao behaviorismo. Após compreender as propostas de Skinner, descobri que o que é proposto por ele é exatamente o mesmo que penso sobre o comportamento humano. Isso me proporcionou uma enorme sensação de bem estar, pois lembro-me muito bem da angústia que senti logo nas primeiras aulas quando foi solicitado que eu respondesse uma “escala de comportamento”. Consegui falar para professora Hadassa minha “teoria” sobre o comportamento humano, mas não conseguia materializá-lo (“Foi até engraçado!”). Hoje, sinto-me muito feliz com essa descoberta e,talvez seja precoce fazer tal afirmação, até porque ainda não estudei os demais teóricos da Psicologia, mas acredito que me encontrei na teoria de Skinner.
Leila Dulce Guimarães Leal