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Função Simbólica e Topografia de Controle de Estímulo: Consistência entre formação de classes de equivalência e relação de controle estabelecidas no treino de descriminações condicionais

Priscila Crespilho Grisante; Júlio César Coelho de Rose
Universidade Federal de São Carlos

O modelo de equivalência de estímulos, que oferece uma especificação operacional do comportamento simbólico, tem sido utilizado pelos analistas do comportamento para estudar repertórios novos e complexos.

O procedimento mais comumente usado na investigação das variáveis envolvidas na formação de relações de equivalência é o emparelhamento com o modelo (matching to sample), em que são ensinadas relações condicionais entre pares de estímulos, verificando-se as relações emergentes por meio de testes. Tanto variabilidade intersujeito quanto inconsistência no desempenho de participantes individuais têm sido encontradas em estudos experimentais dessa área. Pode-se explicar essa variabilidade pelo fato de que, possivelmente, diferentes participantes tenham aprendido diferentes relações de controle durante o treino de discriminações condicionais, ou seja, algumas respostas podem ser controla das por relações de seleção enquanto outras são controladas por relações de rejeição. Geralmente esses experimentos são conduzidos de modo que o experimentador desconhece as topografias de controle de estímulos envolvidas no treino. Conforme a teoria da coerência das topografias de controle de estímulo, tal variabilidade poderia ser reduzida ou eliminada por meio de um maior controle experimental sobre as relações de controle estabelecidas no treino das relações condicionais. Nessa perspectiva, a presente pesquisa teve como objetivos: verificar a emergência de relações de equivalência entre estímulos visuais abstratos e identificar as relações de controle envolvidas no treino das discriminações condicionais. Para tanto, foi utilizado um procedimento com uso de máscara, que se propõe a induzir relações de controle por seleção e por rejeição durante o treino de relações condicionais.

Participaram do estudo duas crianças de seis anos, com desenvolvimento típico. O experimento foi composto pelas seguintes etapas: 1)pré-treino; 2)treino das relações condicionais AB, BC e CD; 3)verificação de relações emergentes por meio de sonda das relações DA, AD, CA, AC, DB e BD e 4)realização de sondas para verificação das relações de controle envolvidas na linha de base. A apresentação dos estímulos e o registro de respostas foram feitos por computador. Os desempenhos individuais foram analisados em termos de porcentagem de acertos e de quantidade de treino requerido para atingir os critérios de aprendizagem de cada fase. Uma das participantes mostrou emergência das relações CA e DB e apresentou controle tanto por seleção quanto por rejeição nas sondas de verificação das relações de controle; a outra participante não formou classes de equivalência e mostrou inconsistência no desempenho nas sondas de verificação. Os resultados obtidos corroboram os de pesquisas anteriores em que a formação consistente de relações de controle por seleção e por rejeição no treino das relações condicionais são acompanhadas por formação de classes de equivalência. Confirmam ainda a hipótese de que diferentes relações de controle na linha de base possibilitariam uma melhor explicação para a variabilidade na formação de classes de equivalência e sugerem que o tipo de procedimento empregado pode ser eficiente na identificação de topografias de controle de estímulo.

Financiamento FAPESP.

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