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Padrão de tempos de reação em uma tarefa de generalização temporal em funçaõ da modalidade dos estímulos temporizados

Caio Maximino; Silvia Aparecida Fornazari
UNESP/Bauru

No presente experimento, procuramos descrever o padrão dos tempos de reação dos sujeitos humanos em uma tarefa de generalização temporal, que envolve estimativas da duração de intervalos preenchidos. Para tal, foi utilizada a técnica de generalização temporal, desenvolvida por Wearden (Wearden JH, 1992: Temporal generalization in humans. Journal of Experimental Psychology: Animal Behavior Processes 2: 134-144). Um importante parâmetro em esquemas temporais é a modalidade dos estímulos envolvidos, pois há uma diferença clara nas curvas de resposta quando os sujeitos são expostos a estímulos visuais ou auditivos (ex., Brown DR e Hitchcock L, 1965: Time estimation: dependence and independence of modality-specific effects. Perceptual and Motor Skills 21: 727-734). MÉTODOS: Os participantes foram 8 estudantes universitários adultos, de diversos cursos, da UNESP/Bauru. Os estímulos foram criados e apresentados em um PC IBM-compatível, por meio do pacote PsychToolbox (Spatial Vision 10:433-436, 1997), e consistiam em estímulos auditivos e visuais de diferentes durações (300, 500 e 700 ms): VIS (quadrado branco) e AUD (tom de 22050Hz). Uma tentativa iniciava-se com a apresentação de um estímulo de prova (VIS ou AUD, com duração variável de 500 ms). Um intervalo de retenção de 6 s seguia-se a essa apresentação; durante esse intervalo, não ocorria nenhum evento. Após esse intervalo, um estímulo de comparação (VIS ou AUD), com duração de 300, 500 ou 700 ms, era apresentado.

O sujeito devia pressionar as teclas “1”, “2” ou “3” do teclado, indicando assim um julgamento de duração CURTA (i.e., o estímulo de comparação tem duração menor do que o estímulo de prova), IGUAL (i.e., o estímulo de comparação tem a mesma duração que o estímulo de prova) ou LONGA (i.e., o estímulo de comparação tem duração maior do que o estímulo de prova), respectivamente. A ordem de apresentação das tentativas foi randomizada, para evitar efeitos de aprendizagem. Se o sujeito não respondesse em 5 s, computava-se um erro, e outra tentativa era iniciada. Foram computados os tempos de reação dos sujeitos, e esses foram analisados através de uma ANOVA de duas vias (modalidade dos estímulos X duração do estímulo de comparação).

Resultados: A análise estatística demonstrou um efeito estatisticamente significativo da modalidade dos estímulos (F[3,191]=3,65, P=0,014), mas não da duração do estímulo de comparação (F[2,191]=2,9, P=0,057), com maiores tempos de reação para as condições em que os estímulos não eram congruentes. Também foi observado efeito da interação entre as variáveis (F[6,191]=3,29, P=0,004); por princípios de fatores aditivos (Sternberg S, 2001: Separate modifiability, mental modules, and the use of pure and composite measures to reveal them. Acta Psychologica 106: 147-246), observamos maior influência da modalidade do estímulo, mas a duração do estímulo de comparação apresenta um peso sobre o processamento dos estímulos temporizados. DISCUSSÃO: O presente experimento demonstrou o uso de tempos de reação na decodificação dos pesos de subcomponentes de uma medida composta. No esquema de generalização temporal com estímulos congruentes e incongruentes em termos de modalidade sensorial, a variabilidade do tempo de reação dos sujeitos é dada principalmente por um aspecto modalidade-específico do processo decisório, ainda que aspectos modalidade-inespecíficos de temporização pura estejam certamente envolvidos.

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