(continuação)
Concretismo
Trata-se de uma modalidade especial de alteração do pensamento, que consiste na incapacidade do indivíduo para fazer a distinção entre o simbólico e o concreto. Em muitas pessoas, esta manifestação não representa algo de anormal, sendo com freqüência, o resultado de incultura. Em outros, porém, a sua apresentação adquire um caráter nitidamente patológico.
Diz Goldstein que a atitude abstrata é fundamental, entre outras condições, para "recordar simultaneamente vários aspectos de uma situação, reagir diante dos estímulos que não aparecem intrinsecamente unidos". O ato de captar, rapidamente, os vários aspectos de uma situação simbólica requer não somente um elevado nível intelectual, como também um bom nível cultural. Pessoas incultas revelam de imediato dificuldades na compreensão do simbólico. No labor cotidiano ou no exercício de tarefas profissionais não há exigência de uma atitude abstrata, visto que se trata da execução de atos aprendidos de antemão. O comportamento abstrato tem o mesmo significado daquilo que Henri Head chamou de comportamento simbólico em relação à linguagem.
O conceito de concreto exprime um objeto particular, determinado. Por isso, o pensamento concreto expressa intuições e conceitos concretos, uma referência imediata ao sensorialmente percebido. O pensamento concreto se opõe à abstração, razão pela qual atribui-se ao pensamento primitivo o fato de ser concreto e sempre referido ao sensível. Segundo C.G. Jung, "ao pensamento primitivo falta independência estando sempre associado ao fenômeno material. Tudo mais ascende ao plano da analogia". Admite, em conseqüência, que o concretismo é um arcaísmo, no sentido de resquícios ou resíduos, que aparecem como traços psicológicos próprios da mentalidade primitiva. "O primitivo não conhece experimentalmente o pensamento da divindade como conteúdo subjetivo, pois para ele traduz-se na árvore sagrada que é o domicílio de Deus." Para Jung, o concretismo é um conceito que se inclui no conceito mais geral de participation mystique, que representa a fusão do indivíduo com o objeto exterior, uma fusão do pensamento com a percepção. O concretismo implica em que o objeto do pensar seja sempre, ao mesmo tempo, objeto da percepção. Por esta razão, o pensamento se encontra enclausurado na esfera da percepção, isto é, referido ao sensorial, de maneira que o mesmo não chega a ascender ao plano do pensamento abstrato, uma vez que está a reboque da percepção. "Ocorre, pois, uma hegemonia do fator perceptivo na orientação psicológica." Esclarece Jung que a desvantagem do concretismo reside em sua vinculação à função perceptiva. "Como a percepção depende de estímulos fisiológicos, o concretismo mantém a função no "âmbito do sensorial ou devolve-a sempre a este. Decorre assim uma vinculação sensível das funções psicológicas que, favorecendo os fatos sensorialmente dados, constitui um obstáculo à autonomia do indivíduo." Isto contribui, evidentemente, para perturbar a interpretação dos fatos e suas relações com o indivíduo. Desse modo, o concretismo determina o predomínio da significação dos fatos e, assim, a repressão da individualidade e de sua liberdade, em favor do processo subjetivo. Em virtude dos atos intencionais não serem apenas determinados pelos fatos fisiológicos, o concretismo realiza uma projeção dos fatores íntimos no fato exterior, ocasionando a supervalorização supersticiosa do fato simples, sendo isso o que acontece, precisamente, na mente dos primitivos (Jung).
A expressão participation mystique foi empregada por Lévy-Bruhl para caracterizar um modo peculiar de vinculacão psíquica ao objeto. Consiste no fato do indivíduo não poder diferenciar-se nitidamente do objeto, vinculando-se a ele em virtude de uma relação direta que pode ser denominada de identidade parcial. Essa identificação baseia-se em uma unidade a priori do objeto e do sujeito. Não abrange a totalidade das relações entre sujeito e objeto, mas manifesta-se em determinados casos nos quais se verifica o fenômeno dessa curiosa relação. É observada em sua pureza original na mentalidade primitiva.
É fácil verificar que os indivíduos que apresentam a alteração do pensamento denominada concretismo revelam certa dificuldade na compreensão dos conceitos abstratos, dos significados e das categorias que não se refiram a situações concretas. Goldstein cita alguns exemplos clínicos de enfermos que apresentavam déficit da atitude abstrata: "O paciente pode acompanhar e tomar parte numa conversação que se refira a um tema a respeito de sua família ou a uma situação imediata, porém, se a conversação passa a outro assunto, já não pode acompanhá-Ia e se revela inteiramente perdido". Nesses casos, a compreensão também está alterada.
Considero que o termo concretismo serve para designar a incapacidade de compreender o simbólico, ou de transformar o simbólico em concreto.
A linguagem emocional pertence ao comportamento concreto. Nos exemplos que serão citados, verifica-se que os indivíduos, ao revelar incapacidade para compreender o simbolismo de uma cena ou de trechos da Bíblia lidos do púlpito, comportaram-se de maneira tipicamente emocional. Diz Goldstein que a linguagem emocional tem estas características: depois de iniciada, continua como um conjunto; se for interrompida, simplesmente não pode continuar. Esse tipo de linguagem se encontra estreitamente ligado à personalidade global.
A característica principal do concretismo é a incapacidade de compreender o significado das relações entre diversas partes de uma estrutura abstrata. Os indivíduos portadores dessa anomalia reagem de maneira concreta apenas diante de uma experiência sensorial imediata.
Exemplos
1) Em Congonhas do Campo, numa das capelinhas que representam, simbolicamente, a Via Sacra, o caminho percorrido por Jesus Cristo ao peso da cruz, um indivíduo, não identificado, decepou a mão de uma estátua com um tiro de revólver, simplesmente porque a mesma representava o papel alegórico de algoz, que segurava um chicote para fustigar o nazareno.
Isto é o que se pode chamar de concretismo, pois o autor da façanha revelou a sua incapacidade para distinguir o simbólico do concreto. É evidente que o indivíduo não compreende a essência da cena ou o simbolismo da representação teatralizada.
2) Antão, que a Igreja Católica santificou com o cognome de Santo Antão, era um jovem egípcio que, na adolescência, herdara uma fortuna considerável com a morte dos pais. Nesta fase da vida ele adotou a doutrina de Cristo como algo que não podia sofrer contestação. Aos 20 anos, revelava-se um jovem extremamente místico e, certa vez, ao ouvir na igreja lições tiradas da Bíblia, tomou-as como se fossem ordens emanadas do pai falecido. Ao ouvir este trecho do Evangelho segundo São Mateus: "Se queres ser perfeito, vai vender tudo o que tens e dá-Io aos pobres, e terás um tesouro nos céus, depois vem seguir-me", Antão tomou ao pé da letra as palavras do Evangelho: saiu da igreja e começou a vender os seus bens. Vendeu tudo o que havia herdado dos pais e distribuiu o dinheiro aos pobres da aldeia.
Trata-se neste caso de uma verdadeira manifestação de concretismo: o simbólico e o abstrato são entendidos como real e concreto.
3) "Indignaram-se (os habitantes de Macondo) com as imagens vivas que o próspero comerciante… projetava no teatro de bilheterias que imitavam bocas de leão, porque um personagem morto e enterrado no filme, e por cuja desgraça haviam derramado lágrimas de tristeza, reapareceu vivo e transformado em árabe no filme seguinte. O público, que pagava dois centavos para partilhar das vicissitudes dos personagens, não pôde suportar aquele logro e quebrou as poltronas" (Gabriel García Márquez).
Os escritores têm o dom de captar com maior acuidade e sutileza fenômenos psicológicos originais, que escapam muitas vezes à observação dos cientistas.
Reificação
A reificação (de res, rei = coisa + ficar + ção) é um sintoma ligado à manifestação precedente. Consiste na ação ou efeito de converter algo em coisa, ou de conceber algo por analogia com a natureza e estrutura das coisas. É, em muitos casos, concebido no mesmo sentido de "coisificação". Denomina-se também "reificação" a tendência a encarar os seres humanos como "coisas" o que leva a supor que se procede a uma desumanização e reificação do humano.
No plano normal, observa-se que na psicoterapia psicanalítica os pacientes são transformados em objetos ou "coisas" estabelecendo-se entre analisando e terapeuta "relações objetais".
M. Balint observou que a psicanálise estava se distanciando cada vez mais da técnica fundada na comunicação, nas relações de pessoa a pessoa, para transformar-se em "relações objetais", em que o paciente é transformado em uma "coisa" manipulada pelo analista. Rickman empregou a expressão onebody psychology, para caracterizar esse tipo de relação. A esse respeito, diz J. Laplanche: "É sabido que uma pessoa, na medida em que é visada pelas pulsões, é qualificada de objeto: isso nada tem de pejorativo (?), nada em especial que implique que a qualidade de sujeito seja por esse fato recusada à pessoa em causa."
No plano patológico, a reificação é observada como manifestação da esquizofrenia. Em alguns enfermos, os conceitos abstratos e os simbólicos são empregados como se fossem questões concretas de significação privada e pessoal.
Honório Delgado cita este exemplo de reificação:
"Para um esquizofrênico, tomar o leite representava, em certas ocasiões, violar o amor que havia dedicado a uma jovem chamada Branca; a carne era a idéia de um seu conterrâneo; comer o pão francês significava uma ofensa ao idioma francês, comer queijo (queso) correspondia à destruição do sr. Quesada; temia falar sobre a causa que identificava o ar que respirava com a energia para a ação, a qual não desejava gastar em vão."
Em tais enfermos é possível verificar aquilo que se denomina reificação do tempo, que consiste em vivê-Io como entidade concreta, ou referi-Io aos fatos exteriores.
A reificação do tempo é assim exemplificada por Honório Delgado:
"Que hora é? – 'Falta pouco para o almoço.' A que hora costuma levantar-se? – 'A hora que toca a sineta do Pavilhão.' A que hora toma o seu café? – 'Depois de ter arrumado as camas na enfermaria.' A que hora almoça? – 'Depois que ajudo na limpeza.' A que hora vai dormir? – 'Depois de tomar o comprimido.' A que hora lhe dão o comprimido? – 'Isso é dado pelo enfermeiro.' A que hora o dá o enfermeiro? – 'À hora de comprimido'."
Eugène Minkowski admite que a reificação esquizofrênica tem uma relação plausível com a perda de contato com a realidade. J. Gabel tentou encontrar esta correlação em um trabalho intitulado La réification – Essai d'une psychopathologie de Ia pensée dialectique.
Em pacientes com perturbações afásicas, Kurt Goldstein verificou uma espécie de "reificação das entidades abstratas", que adquirem um caráter estritamente pessoal. Não se trata, segundo o autor citado, de "um déficit da atitude abstrata, senão da invasão do abstrato pelo concreto". Alonso-Fernandez admite que o concretismo reificante é um produto próprio da instalação autística no mundo, que, dada a sua desvinculação da realidade, equivale a um não estar-em-o-mundo".
A temporalidade perde, na reificação, o seu caráter qualitativo, cambiante, fluido, transformando-se em um contínuo rígido, bem delimitado, cheio de "coisas", quantitativamente mensuráveis. A temporalidade do mundo reificado se transforma então em uma verdadeira temporalidade esquizofrênica. Disso resulta a incompreensibilidade da consciência reificante.
Idéias prevalentes
O conceito foi criado por Wernicke, mas a definição ninguém sabe a quem pertence.
Considera-se como idéias prevalentes um conjunto de idéias que, em virtude de sua tonalidade afetiva, adquirem predominância sobre todos os demais pensamentos e se conservam por longo tempo ou indefinidamente. Nem todas as idéias prevalentes podem ser consideradas como patológicas. Em muitos indivíduos e em determinadas épocas encontramos o predomínio de um grupo limitado de idéias, em defesa das quais os seus defensores colocam em jogo a própria vida. Em torno dessas idéias, existe um conjunto de recordações, convicções, temores que os mantêm estáveis e adquirem grande força de convicção na formação do proselitismo. "A educação, a tradição familiar, as concepções das idéias básicas em matéria política, religiosa e social determinam um círculo de crenças e idéias predeterminadas, com base nas quais são julgados os diversos acontecimentos isolados que na vida se apresentam (em relação a esses campos) e que dificilmente podem ser modificados" (Bumke). Apesar disso, alguns juízos isolados, predileções e caprichos, assim como certas inclinações e antipatias, muitas vezes incompreensíveis, se devem à ação indireta de tais idéias prevalentes.
Em relação ao seu conteúdo, dificilmente se pode estabelecer uma nítida diferenciação entre as idéias prevalentes e as idéias originais de certos indivíduos.
Bumke admite que as idéias prevalentes podem exercer uma poderosa ação sobre a vida mental, mas esse caráter não contribui para diferençá-Ias quando se manifestam nos indivíduos mentalmente sãos e nos enfermos psíquicos. Para caracterizá-Ias como patológicas é indispensável examinar o seu conteúdo, a intensidade da tonalidade afetiva, a personalidade de quem as defende, e principalmente, a oportunidade de sua apresentação.
Entre os exemplos característicos de indivíduos portadores de idéias prevalentes, consideradas nos limites da normalidade, se incluem os artistas, intelectuais especializados em determinado assunto, inventores, colecionadores, pesquisadores, comerciantes sedentos de fortuna e aqueles indivíduos que, em determinadas épocas, saem em busca de minas de ouro e diamantes. Podem não descobrir as minas ambicionadas, mas o fracasso em suas tentativas não os desanima nem diminui a força de sua idéia prevalente.
As idéias prevalentes têm, como as idéias obsessivas, a característica de surgir e se impor à consciência do paciente. Também nesses casos o enfermo experimenta o sentimento de ser dominado subjetivamente, de ter perdido a liberdade espiritual.
Da mesma maneira como as pessoas sãs procuram livrar-se de suas preocupações, assim também os enfermos desejam que os seus pecados, os castigos de que se julgam merecedores desapareçam. As idéias prevalentes dominam a consciência por motivos compreensíveis e a sua única anormalidade consiste na tonalidade afetiva e na debilidade volitiva ou na perturbação da capacidade de julgamento que impede a elas de serem corrigidas ou abandonadas.
Os pacientes que se encontram identificados com as suas idéias prevalentes colocam, voluntariamente, todo o poder de sua mente a serviço das mesmas. Em alguns casos, ocorreu uma ofensa real ou surgiu a convicção de algum direito, fundada em determinado princípio, algumas vezes correto, por isso o paciente tenta por todos os meios obter uma reparação. Diz Lange a esse propósito: "Repelido reiteradamente por autoridades, fiscais, juízes, tribunais, ministérios, chega por último ao erro incorrigível de que os juízes e os próprios advogados estão subornados, que os testemunhos foram falsos e que o oprimem porque não querem correr o perigo de que chegue ao conhecimento público o lodaçal da justiça". O trabalho mental desfigurou os pensamentos do paciente, porém não os transformou em idéias delirantes.
O paciente portador de idéias prevalentes se encontra impossibilitado para se subtrair à sua influência e revela uma tendência a associá-Ias a novas vivências. De modo geral, a idéia prevalente reflete os traços dominantes da personalidade do indivíduo, daí a razão pela qual ele se identifica de modo completo com o seu conteúdo: não se trata de uma idéia estranha ao eu.
De modo geral, as idéias prevalentes exercem uma influência nefasta sobre o pensamento, orientando-o de maneira inflexível em determinada direção. Essas idéias podem ser consideradas patológicas quando estão em oposição ao meio ambiente. A idéia prevalente só adquire caráter patológico quando impulsiona a conduta do indivíduo por caminhos contrários à lógica e à razão. A essas idéias faltam os traços característicos das idéias delirantes: a certeza subjetiva, a ininfluenciabilidade, a impossibilidade de conteúdo e ser estranha ao eu.
Exemplo – "O.L., com 42 anos de idade, advogado. Trata-se de um paciente inteligente, que domina vários idiomas, possui ampla cultura geral e profundo conhecimento de Direito. Na primeira entrevista causou estranheza a sua exagerada cortesia e amabilidade. Os traços fisionômicos revelam tensão e o seu olhar é evidentemente inquisitorial. Cada palavra que pronuncia é fortemente acentuada e deixa a impressão de ter sido previamente pesada e medida. Ocupa-se de maneira persistente de trabalhos científicos no campo do Direito e parece querer com isso distrair o seu pensamento, afastando de sua mente por algumas horas as suas idéias prevalentes, bastante incômodas.
"Até a idade de 26 anos trabalhou no escritório de um célebre advogado de sua cidade natal. Quando o referido advogado se dedicou à política, a sua clientela diminuiu de maneira considerável e, por isso, o paciente foi dispensado. Este fato contribuiu para que ele organizasse o seu próprio escritório. Para isso começou a entrar em contato – de maneira digna e delicada – com a clientela que havia abandonado o escritório do seu chefe. Apesar do extremo cuidado com que conduziu esses contatos, o filho do citado advogado propalou na cidade que ele havia "roubado" os clientes do seu pai. Ao tomar conhecimento deste fato sentiu-se fortemente ofendido em sua dignidade e, com o objetivo de esclarecer a ocorrência, solicitou, espontaneamente, a formação de um tribunal de honra para julgar a sua conduta. Isto durou mais de dois anos e contribuiu para ocasionar-lhe constantes aborrecimentos. Por fim o tribunal chegou à conclusão de que o paciente tinha procedido de maneira correta e que nada havia de repreensível em seu comportamento. Apesar disso, ele não se considerou satisfeito e sentia-se molestado quando alguém mencionava o referido julgamento. Com efeito, uma das testemunhas tinha declarado que o paciente lhe escrevera uma carta, no curso do processo, oferecendo os seus serviços. Não era verdade. As coisas ficaram completamente esclarecidas quando um amigo da testemunha relembrou-Ihe que havia sido ele que escrevera a carta recomendando os serviços profissionais do paciente. A própria pessoa voltou à sala do tribunal para esclarecer o seu equívoco. Apesar disso, o paciente admite que não está livre de suspeitas, pois o tribunal de honra não fez referência a este detalhe ao proferir a sua sentença. Acossado por estas idéias que o dominam de modo completo, admite que no julgamento ou no sentido geral da sentença não ficou perfeitamente esclarecida a sua inculpabilidade e inocência. Por isso, sente-se o paciente inteiramente dominado por essa concepção mórbida que domina a sua mente no decurso de mais de dez anos" (Bumke).
Pensamento obsessivo
K. Westphal foi quem primeiro estudou o pensamento obsessivo, deixando-nos uma descrição completa e ainda atual. Segundo Westphal, o pensamento obsessivo se constitui de "representações que, sem que a sua tonalidade afetiva o explique, aparecem na consciência com o sentimento subjetivo de sua obrigatória persistência, não podem ser afastadas dela pelos esforços voluntários de quem as padece e, conseqüentemente, dificultam e entorpecem o curso ordinário das representações, ainda que o indivíduo se dê conta de sua falta de fundamento e,também, reconheça, na maioria dos casos, a falsidade de seu conteúdo e o caráter francamente patológico do fenômeno".
Bumke conceituou o pensamento obsessivo como "representações dominantes, cuja inamovibilidade não pode ser suficientemente explicada pela ação de causas patológicas, que normalmente determinam a persistência das representações na consciência (estado de ânimo, tonalidade afetiva das mesmas, incapacidade de chegar a uma conclusão), cujo conteúdo o próprio enfermo chega a julgar como logicamente falso quando o examina em condições de tranqüilidade".
O essencial do sintoma consiste no fato de o pensamento obsessivo se impor à consciência do enfermo, do qual não se pode livrar pelo esforço da vontade. A impossibilidade de reprimir o pensamento obsessivo não pode ser explicada pelos motivos ordinários. Störring admite que, nesse caso, há perda da liberdade espiritual, uma impossibilidade de afastar os pensamentos "próprios" indesejáveis, que se impõem de modo poderoso à consciência do paciente.
Os tipos de pensamento obsessivo podem ser multiplicados ao infinito, porém entre os temas principais se destacam: pensar em sacrilégios, arquitetar crimes, pensar em si mesmo de maneira depreciativa, pensar que se encontra atacado de graves enfermidades.
O pensamento obsessivo se acompanha de certo grau de tensão, que pode "cristalizar" num estado de dúvida permanente. O estado afetivo permanente do enfermo é de apreensão e ansiedade.
O pensamento obsessivo se manifesta quase exclusivamente em neuróticos, constituindo o sintoma básico no quadro obsessivo. Pensamentos obsessivos discretos podem ser observados em casos de histeria e em determinadas psicopatias.
Exemplo – "A paciente já havia atravessado algumas fases depressivas. Na sua última estada no hospital, dois pacientes fizeram com ela algumas brincadeiras. Um deles segurou-a pela cabeça e o outro suspendeu-a pelas axilas. Ela os repeliu, dizendo. ‘Não quero fazer amor no hospital'. Depois sobreveio-lhe o pensamento de que os dois homens poderiam ter feito algo com ela e que talvez estivesse grávida. Este pensamento, sem nenhum fundamento, a dominava cada vez mais. Citamos as suas afirmações: 'Durante o dia todo, gira-me pela cabeça como tudo aconteceu: eles não teriam sido tão insolentes'. 'Algumas vezes me afasto do assunto, mas ele volta sempre ' Os seus pensamentos giram em torno do mesmo tema. Acredita com absoluta certeza que vai ter um filho, porém logo acrescenta: 'Não tenho certeza, ando sempre em dúvidas'. Conta o ocorrido à irmã e esta, como resposta, sorri e diz que ela deveria procurar o médico para tratar-se. Resistiu porque o médico iria rir dela por causa de sua idéia "absurda". O médico não encontrou nada. Isto a tranqüilizou por um dia. Mas no dia seguinte já não acreditava no médico. Talvez quisesse apenas tranqüilizá-la. 'Não acredito em ninguém.' Pensa que a menstruação não apareceria. Ao sobrevir a menstruação, sentiu-se no momento aliviada. Porém não estava segura nem convencida. 'Procuro esclarecer-me. Sento-me e reflito: ah, tudo aquilo não é verdade, não fui uma menina má. E logo penso que fui. Digo a mim mesma: um bom dia está para chegar.' 'E o dia todo penso nessas coisas. Sempre a luta dentro de mim: poderia ter sido assim e poderia ter sido também de outro modo, sempre a mesma coisa.' Pensa que já está grávida. 'Sempre penso que seria horrível se acontecesse.' Às vezes ri alto por causa dos seus pensamentos absurdos" (Jaspers).
Perseveração
A perseveração do pensamento foi definida por A. Pick como a "repetição automática e freqüente de representações (predominantemente verbais e motoras), que são introduzidas como material supérfluo nos casos em que existe um déficit na evocação de novos elementos ideológicos". Revela-se através da linguagem pela dificuldade que o enfermo apresenta para abandonar o tema que inutilmente procura desenvolver e, também, pela dificuldade de encontrar as palavras necessárias à expressão do pensamento. Na opinião de Bumke, não se trata de um sintoma primário, que perturbe o funcionamento normal, mas de um sintoma secundário, que baseado em uma tendência fisiológica ao automatismo, se manifesta sempre que faltem novas representações na consciência. O sintoma foi descrito pela primeira vez por Lissauer, em um trabalho que publicou sobre "cegueira psíquica".
Esta paciente de Stengel revela dificuldade para encontrar as palavras e tendência à perseveração:
"Todos se sentam juntos para comer, homens e mulheres. É um lugar bem grande. A quantidade que me dão para comer, não poderia comer. Tentei ser apresentável, exemplar. O que me deram para comer, eu me sentava e comia devidamente, procurava fazer o certo. O material da comida que dão, parecia não estar bem depois do tempo; era velho. Todas as outras mulheres receberam muita comida ou comidas e comeram tudo. Então pensei que talvez alguma outra coisa estivesse errada com vocês."
Prolixidade
A prolixidade consiste na incapacidade que o doente revela para selecionar as representações essenciais das acessórias. Como resultado, o pensamento do enfermo não desenvolve o tema principal; ao contrário, perde-se a todo instante em uma série de pormenores desnecessários, dando ao raciocínio um aspecto pegajoso, arrastado e difícil. Quando se interrompe o paciente em sua narrativa, ele retoma-a no mesmo ponto de interrupção, ou começa tudo de novo, sempre utilizando as mesmas palavras, as mesmas imagens e a mesma argumentação. O enfermo prolixo não tem a necessária agilidade intelectual para dar colorido e variedade à sua linguagem. As expressões são pomposas e cansativas, em virtude do uso freqüente de termos enfáticos e proposições gramaticais tautológicas.
Exemplo clínico de Ludwig Lippmann:
"Hoje faz oito dias que me encontro aqui e digo ao senhor que não posso encontrar palavras de louvor suficientes para dizer, sem exagero, quanto tem feito por mim, especialmente no curto espaço de tempo que aqui me encontro. Porque quando vim me encontrava de tal modo que me parecia impossível, em tão pouco tempo, melhorar desse modo. É possível que para isso tenha contribuído em grande parte a minha extraordinária força de vontade e também os seus excelentes métodos de cura. Porém, de qualquer modo, sua conduta para comigo é tão digna de apreço, que não posso encontrar palavras suficientes para louvá-Ia, e por isso eu desejo dar-lhe os meus mais expressivos agradecimentos, assim como ao Dr. Luzitano, que tanto insistiu para que eu viesse para aqui. Pelo que se refere a minha pessoa, penso louvar calorosamente os resultados que se obtêm nesta clínica, cuja obra é digna de todo louvor, ainda que para o senhor se torne financeiramente prejudicial. Por isso, o senhor merece por seus esforços não só o reconhecimento financeiro, como também o agradecimento e o elogio moral mais manifesto, e posso assegurar-lhe que farei o possível para dar a conhecer sua grandiosa obra nos jornais desta capital."
Incoerência
A incoerência é um sintoma de perturbação do pensamento, que acompanha as enfermidades onde se observam alterações da consciência. O pensamento incoerente é confuso, contraditório e ilógico. Nos casos de incoerência do pensamento, verifica-se que os conceitos estão representados por símbolos, como no sonho, e o raciocínio não leva em conta as leis da lógica, razão pela qual o pensamento se manifesta em franca discordância com a realidade objetiva. Distingue-se a incoerência da fuga de idéias, porque nesta há uma ligação compreensível entre um e outro termo. Por esse motivo, é possível compreender de algum modo o enfermo que apresenta fuga de idéias, o que não acontece com um incoerente.
Exemplo clínico de Karl Leonhard:
"Não se deve perguntar a ninguém, que miséria! O que se vê aí fora. Vou morrer, já uma vez estive nesta clínica de doentes nervosos, não foi um sonho. (- Que dia é hoje?) Tenho de vomitar, sim vou responder, tenho de me vestir. (- Sente alguma dor?) Sim, sonhei tudo isto nesta semana. (- Em que mês, estamos?) Nesta casa da Senhora Sachs eu caí, e que eu saiba, gritei muito. (- E o mês?) Não sei, então dormia, não estava consciente, quando fui no automóvel senti muitas dores. (- Sente alguma dor?) Não, porém estou muito feia. Precisamente ontem falamos e tínhamos dito: aí vem o soldadinho, é o espírito mau que anda aí fora. (- Como passou desde que lhe deram alta na última vez?) Me vesti bem, porque queria estar bonita. Com certeza aí fora está um espírito mau. Procuro o dinheiro, isto quer dizer agora mesmo."
Pensamento demencial
Nos estados demenciais o pensamento se mostra empobrecido. O defeito não é linear, como nos deficientes mentais, ao contrário, o enfermo demonstra um rendimento irregular, pois o processo demenciante não destrói as capacidades intelectuais de maneira uniforme. O déficit do pensamento é adquirido e desigual na demência. Por esse motivo, é possível, verificar que em alguns aspectos e em certos momentos, o pensamento demencial pode revelar elaborações superiores, apesar da falta de unidade e coerência: conceitos abstratos, juízos bem diferenciados, raciocínios complexos e demonstrativos, nos quais persistem resíduos da experiência e compreensão geral da vida. A pobreza de entendimento é relativa à quebra dos elementos próprios das atitudes e reações diante dos problemas da realidade. Na deterioração pouco avançada, persistem mais ou menos íntegros os recursos necessários à ação habitual e até ao trabalho profissional, principalmente aos que servem à satisfação das necessidades de rotina" (Honório Delgado). Muitos enfermos, que demonstram dificuldades no entendimento de situações novas, podem apresentar reações adequadas às circunstâncias.
A limitação dos conceitos, a diminuição dos elementos representativos e dificuldade de encontrar as palavras contribuem para que os enfermos permaneçam limitados a um círculo restrito de interesses.
Nos casos mais graves, há diminuição da compreensão, que se torna evidente, por exemplo, pela incapacidade de apreender o sentido de uma gravura, permanecendo o paciente preso aos pormenores sem condições para uma visão de conjunto. A narrativa é pobre, transcorrendo lentamente e com dificuldade para passar de um assunto a outro. O raciocínio é de tipo egocêntrico.
Os enfermos vão manifestando, de maneira progressiva, dificuldade na compreensão e insegurança na execução de atos de conjunto. Por isso, não têm condições para julgar o comprometimento de sua capacidade para a apreensão dos números e sua ordenação. Tornam-se incapazes de apreender o sentido dos argumentos lógicos e de agir corretamente diante de problemas que necessitem de reflexão. Perdem, de maneira definitiva, a capacidade para adquirir novos conhecimentos, para compreender e explicar, por exemplo, os acontecimentos políticos. "Unidas à falta geral de espontaneidade psíquica eficaz, tornam-se patentes a impossibilidade de concentrar a atenção, a deterioração da memória e da expressão verbal, em proporção variável, segundo os casos, com uma acentuada tendência à repetição. Por isso, freqüentemente, o demente chega a desconhecer os objetos e as pessoas mais íntimas" (Honório Delgado).
Exemplo de pensamento demencial, extraído de uma observação de Malford Thewlis: "Com a memória debilitada, o seu poder de raciocínio decrescia; no entanto, com grande esforço podia despertar sua capacidade de organização e seus dotes de orador brilhante. Em tais ocasiões não dava mostras de alteração mental, porém, se continuasse mantendo certo esforço prolongado, tornava-se confuso e parava no meio do discurso. Mais tarde também não percebia a sua confusão mental e, enquanto a fase inicial de seus discursos ainda era razoável, caía num palavreado sem sentido sobre vários assuntos, ordinariamente reminiscências ou elogios a si próprio. Em um Congresso de Medicina Legal dissertou sobre a loucura como atenuante nos casos de homicídio. Durante alguns minutos falou com a eloqüência de orador experimentado, citando textos e oferecendo argumentos irretorquíveis. Fez referência a um assassinato em um trem de estrada de ferro e descreveu o vagão. Perdeu o fio do raciocínio e começou a divagar sobre companhias de estradas de ferro. A sua mente estava agora concentrada sobre si mesmo e no resto do discurso tratou apenas de sua pessoa. O discurso resvalou para o auto-elogio, tornou-se confuso e foi chamado à ordem. O chamamento do presidente com a campainha o devolveu momentaneamente à realidade; sentou-se e permaneceu monologando durante o resto da sessão".
Valor semiológico
Transtornos Mentais Afetivos
A inibição do pensamento é observada nos estados que se acompanham de depressão, principalmente na melancolia, onde o sintoma se revela com a máxima intensidade. A expressão fisionômica do paciente é triste, abatida e contraída, com grande expressão de sofrimento. O pensamento é lento, difícil, arrastado e penoso, assim como a linguagem. Os movimentos são lentos e limitados. A inibição do pensamento faz parte integrante da síndrome de depressão dos sentimentos vitais, especialmente como expressão do "complexo sintomático de inibição", na qual se destacam: "lentidão ou inibição do pensamento e da psicomotilidade, assim como de todas as funções vitais (psíquicas e somáticas); alteração da vivência do tempo no sentido de lentificação do presente e de um futuro fechado, que obriga o enfermo depressivo a olhar constantemente para o passado; desinteresse por todas as atividades habituais, mesmo em relação àquelas que eram agradáveis; astenia vital; vivência de alteração da atividade do eu, no sentido de encontrar-se esta inibida ou em estado de hipoatividade" (Goás).
A inibição do pensamento não é um sintoma isolado, mas, na depressão endógena, sempre se manifesta unida à tristeza vital e à angústia vital.
Na mania, observa-se a fuga de idéias em sua forma pura. Acompanha-se de excitação psicomotora, logorréia e desviabilidade da atenção.
Esquizofrenia
Na esquizofrenia, verifica-se com freqüência a compulsão a pensar e a interceptação do pensamento. Alguns enfermos esquizofrênicos se queixam de que são forçados a pensar. Provavelmente, como se trata de pensamentos de conteúdo desagradável, os doentes procuram encontrar uma causa que os justifiquem, referindo que alguém os está obrigando a pensar desta maneira". Essa perturbação se acompanha de uma sensação de esgotamento. Bleuler considera que, nesses casos, quando o sentimento compulsivo se acha ausente, o paciente acredita que está cumprindo uma missão importante.
Examinada de maneira superficial, essa perturbação pode parecer oposta à interceptação do pensamento, quando, em geral, os dois fenômenos costumam aparecer simultaneamente.
A interceptação do pensamento tem uma importância fundamental na sintomatologia e no diagnóstico da esquizofrenia. Bleuler cita uma série de exemplos em que os pacientes procuravam descrever o fenômeno com as mais diferentes denominações. Uma de suas doentes dizia que era forçada a permanecer sentada e quieta durante várias horas "para poder encontrar seus pensamentos". Um enfermo queixava-se de que sentia "obstáculos para pensar". Uma paciente descreveu a interceptação "como se alguém colocasse algo sobre o meu rosto, é como se apertassem com força a minha boca, como se alguém gritasse: cala a boca!" Com freqüência, os enfermos fazem referência à perturbação como devida a uma influência estranha. Um enfermo de Jung disse que experimentava subjetivamente o distúrbio como uma "privação de pensamento". Bleuler considera essa expressão tão adequada que, em sua opinião, os enfermos esquizofrênicos compreendem perfeitamente o seu significado.
Além dessas alterações do pensar, verificadas na esquizofrenia, encontram-se ainda o pensamento vago, os pensamentos feitos, inspirados e subtraídos, o pensamento derreísta e o concretismo.
As idéias prevalentes raramente se manifestam em enfermos esquizofrênicos, sendo mais comum observá-Ias em personalidades fanáticas e nos querelantes.
Quadros neuróticos
O pensamento obssessivo é observado em quase todos os quadros neuróticos, constituindo o sintoma fundamental do transtorno obsessivo-compulsivo e em alguns enfermos epiléticos.
Epilepsia
Nesta enfermidade, encontram-se em sua forma característica a perseveração e a prolixidade.
A perseveração é o sintoma mais importante no psiquismo epilético e abrange não só os processos intelectuais, mas também os afetivos e volitivos. Fato singular, a perseveração se atenua de modo considerável nos doentes demenciados e, em geral, quase não é percebida nos epiléticos com deficiência mental. Empregando o Teste de Rorschach como método de investigação, Stauder chegou à conclusão de que o traço fundamental do psiquismo epilético é a perseveração, derivando-se daí, de uma forma ou de outra, os demais sintomas psíquicos da enfermidade.
Na narrativa dos epiléticos destaca-se, com freqüência, a prolixidade. Por essa razão, o pensamento desses enfermos não consegue desenvolver um assunto único, ao contrário, perde-se a todo instante em particularidades destituídas de importância, em pormenores sem significação, tornando a narrativa extremamente fatigante.
Vejamos estes exemplos de perseveração e prolixidade, retirados da observação de uma enferma epilética:
"Faz tanto tempo que não tenho uma boa consulta, que eu não tenho um bom médico. Faz tanto tempo que eu não tomo um bom fortificante, nunca pensei em arranjar uma boa consulta desta santa mãozinha do senhor, graças a Deus ganhei a boa sorte, graças a Deus ganhei a boa misericórdia de ter uma boa consulta, de vir para a boa mãozinha do senhor." "Eu sou uma criatura, graças a Deus meu Pai celestial, que nunca fui de linha que não sejam linhas retas, sempre fui uma criatura sempre amável, sempre fui uma criatura muito educada, não sou uma criatura errada, nunca fui uma criatura errada, graças a Deus."
Deficiência mental
Na deficiência mental a atividade intelectual está na dependência do grau da deficiência. Nos graus leves e intermediários, a estrutura do pensamento é elementar: os conceitos são pobres e ligados ao concreto: os juízos e o raciocínio, limitados e imprecisos ou, pelo contrário, "dogmáticos e sem plasticidade em sua aplicação". Nesses casos, "o pensamento intuitivo manifesta a mesma pobreza do discursivo. Assim, tanto a compreensão como a explicação dos fatos, por mais simples que estes sejam, são inalcançáveis ou vagas. Não é possível a distinção clara de categorias: o essencial e o acidental, a causa e o efeito, o real é o imaginário não se apresentam ao espírito com diferenças precisas. Compreende-se que a previsão e o tino não se revelam, salvo na limitada esfera em que se exercita a habilidade prática do deficiente mental" (Honório Delgado).
Transtornos mentais orgânicos
Nos estados deficitários adquiridos (demências), o pensamento é improdutivo. O déficit não é linear e homogêneo, como na deficiência mental. Em certos aspectos e em determinadas situações, "o pensamento demencial pode reveIar elaborações superiores, mesmo que, ordinariamente, sem unidade e congruência: conceitos abstratos, juízos bem diferenciados, raciocínios complicados e demonstrativos de que persistem restos dos resultados da experiência e a compreensão geral da vida" (Honório Delgado).
Transtornos mentais sintomáticos
No delírio oniróide, na amência, nos estados crepusculares, na confusão mental por doenças tóxico-infecciosas, observa-se incoerência do pensamento.