RedePsi - Psicologia

Artigos

Tópicos sobre Rollo May

Introdução

Rollo May (1909-1994) nasceu em Ohio, cresceu em Michigan, faleceu na Califórnia. Graduou-se em artes, em 1930. Encantou-se com a arte clássica grega, decidindo ir à Grécia, logo ao término de seu bacharelado. Trabalhou na Grécia durante três anos. Em seguida, viajou para Viena e estudou um breve tempo com Alfred Adler, cuja influência marcou-o consideravelmente.

Desenvolvimento

A visão trágica da Europa, de então, acerca da natureza humana impediu-o de aceitar um conceito mecânico de pessoa. Retornando aos Estados Unidos, a psicologia local lhe pareceu "ingênua e simplista". Tanto, que resolveu matricular-se no Seminário Teológico União de Nova Iorque. Aí realizou investigações aprofundadas sobre o significado da desesperação, do suicídio e da angústia, questões estas, um tanto, ignoradas pelos psicólogos de lá. Apostava na possibilidade de com estes estudos pudesse aprender sua contrapartida: o valor, a alegria e a intensidade da vida (1983). No Seminário tornou-se discípulo e grande amigo do teólogo protestante Paul Tillich, ligação esta que enriqueceu a vida, a obra e os escritos de ambos.

Os pais de May se divorciaram durante seu curso no União, fato que o obrigou a interromper seus estudos e voltar para Michigan para cuidar dos assuntos de família. Durante este tempo, foi conselheiro estudantil em um colégio estatal de Michigan. Mais tarde, pôde regressar a Nova Iorque e concluir sua licenciatura em teologia, isto em 1938. Durante os seus últimos anos no Seminário escreveu seu primeiro livro, The Art of Counseling (A arte do aconselhamento psicológico). May trabalhou como ministro paroquial em Montclair, Nova Jersey, antes de retornar a Nova Iorque, e começar a dedicar-se aos estudos em psicanálise, no Instituto William Alanson White de Psiquiatria, Psicanálise e Psicologia. Inscreveu-se na Universidade Columbia, e recebeu seu primeiro doutorado em Psicologia Clínica.

Sua atividade de estudos e trabalho foi bruscamente interrompida quando adoeceu de tuberculose, em torno dos trinta anos de idade. Não havia, então, os medicamentos específicos para esta infecção. May ficou internado por três anos no Sanatório Saranac. Durante a sua doença, leu, entre outras obras, The problem of Anxiety (O problema da angústia) de Freud, e The Concept of Dread (O conceito de angústia) de Sören Kierkegaard. Ficou admirado com as formulações cuidadosas de Freud, mas convenceu-se que Kierkegaard "descrevia o que é experimentado de imediato pelos seres humanos em crise" (1969). A tuberculose em May ajudou-o a apreciar a importância do ponto de vista existencial. Seu livro, "The meaning of Anxienty" (O significado de ansiedade), de 1977, foi amplamente reconhecido como o primeiro escrito, nos Estados Unidos, a fomentar a união genuína entre a psicologia e a filosofia, e em demonstrar a importância dos valores para a psicologia.

A vida profissional de May foi muito produtiva. Exerceu a função de  conselheiro para estudantes universitários no City College de Nova Iorque, desenvolveu a prática particular em psicanálise e terapia existencial, e tornou-se membro do instituto White. Lecionou na Escola Nova para a Investigação Social, nas Universidades de Nova Iorque, Harvard, Yale e Princeton. Escreveu uma grande quantidade de livros e artigos, e ganhou vários prêmios.

May reconhece com clareza que a ciência deriva de pressupostos filosóficos e que depende fundamentalmente deles. Crê que a razão pela qual não entendemos a verdade acerca de nós mesmos, não é por não termos acumulado dados suficientes, realizado experimentos corretos ou lido muitos livros, mas por "não termos o valor necessário". Os fatos científicos e as provas técnicas raramente nos ajudam a responder as perguntas que realmente importam. Temos que "arriscar-nos" (1953). Na psicoterapia May irá desempenhar o papel do "amigo implacável", insiste para que seus pacientes "lutem com as forças incapacitantes dentro deles para abrir caminho de novo para a vida" (Harris, 1969). Ele não tinha medo de arriscar-se a reintroduzir conceitos recusados com veemência pela maioria dos psicólogos, como, a intencionalidade, a vontade etc. Reintroduz estes conceitos porque acredita que são vitais para entender o que significa ser um ente humano na atualidade. Há uma nota profética em seus escritos, que lembra Erich Fromm, e seu pensamento, com freqüência, tem uma tonalidade teológica. Há quem diga que May partiu de onde Paul Tillich parou (Harrys, 1969). May reconhece que os grandes períodos na história não foram aqueles onde dominavam as preocupações psicológicas, mas nos quais prevaleciam as inquietudes filosóficas e religiosas (1983).

May não oferece uma série de hipóteses que possam ser comprovadas por procedimentos empíricos. Em seu lugar, nos dá um panorama filosófico do que significa ser uma pessoa no mundo atual. Expõem-se razões em apoio às suas afirmações, mas não servem como prova; cooperam como fragmentos de evidência a favor de uma certa descrição da realidade. Reduzir o entendimento da personalidade a termos científicos, causais e abstratos significa perder-se algo do conteúdo significativo e não se entender a realidade completa de um ser humano. May nos convida a examinar os supostos filosóficos do projeto científico de modo que se possa manter um diálogo criativo entre a ciência e a filosofia.

Grande parte dos psiquiatras, psicólogos e psicanalistas tende a ignorar o pensamento de May por não poderem tratá-lo como uma hipótese científica. Conceitos, como a intencionalidade, são quase impossíveis de se definir de maneira operacional e de se comprovar de forma empírica, contudo, os achados de uma prova empírica não estabelecem um suposto filosófico; pode ser que nem se relacionem de maneira significativa com este. Não obstante, a mesma vantagem da teoria de May, o fato de que tem suas raízes em uma concepção filosófica nova da vida humana, também pode ser seu maior inconveniente. May corre um grande risco de ser eliminado pelo psicologicamente estabelecido e ter pouco impacto na teorização da personalidade.

May assinalou, em 1967, que na segunda metade do século XX, o problema central a ser enfrentado seria um sentimento de impotência, uma "convicção penetrante de que o indivíduo não pode fazer algo efetivo frente aos enormes problemas culturais, sociais e econômicos". Os sentimentos de impotência são agravados pela ansiedade e pela perda dos valores tradicionais. Vejamos seus conceitos mais relevantes:

(1) Impotência

O problema da impotência é muito mais profundo que o fato de estarmos em uma época de incerteza e de agitação social. A guerra fria terminou há tempos, mas o mundo não está mais seguro, lembrem do 11 de setembro. De fato, o "mundo desenvolvido" freqüentemente age como se não houvesse problemas reais nos menos desenvolvidos apesar de sua pobreza e sofrimentos massivos. Com o incremento na tecnologia, o poder se tornou impessoal, uma força autônoma que age em seu próprio nome. Em princípios da década de 1950, May observou que muitos dos pacientes que o procuravam sofriam de sentimentos intensos de vacuidade. Notou que o neurótico com freqüência atua aquilo que os outros estão temporalmente inconscientes. May antecipou que a experiência de vacuidade e impotência que havia registrado em seus pacientes com o tempo se tornaria epidêmica.

(2) Ansiedade

Tornou-se comum descrever nossa época como uma era de ansiedade. Contudo, antes de 1950, foram escritos somente dois livros que apresentam de maneira específica uma descrição objetiva da ansiedade, e sugeriam formas construtivas para tratá-la: The problem of Anxiety de Freud, e The Concept of Dread de Kierkegaard. Depois de May ter escrito The Meaning of Anxiety, publicado em 1950, surgiram centenas de livros sobre o tema. Alguns psiquiatras preferem usar o termo stress em lugar de ansiedade, May acha esta tendência infeliz e imprecisa. A palavra stress tornou-se popular devido a suas origens na engenharia e na física, onde pode ser definida com facilidade e medida com precisão. O problema com o conceito de stress é não descrever de forma adequada a apreensão à que se faz referência de maneira ordinária como ansiedade. May propôs a seguinte definição para ansiedade: "A ansiedade é a apreensão caracterizada por uma ameaça a algum valor que o indivíduo considera essencial para sua existência como pessoa" (1977).

(3) A perda dos valores

A origem dos problemas reside na perda do centro de valores na sociedade. Desde o Renascimento, o valor dominante na sociedade ocidental tem sido o prestígio competitivo medido em termos de trabalho e êxito financeiro. Tais valores já não são efetivos, no mundo pós-moderno no qual se tem que aprender a trabalhar com outras pessoas a fim de sobreviver.

(4) Quatro estados de consciência

May sugere que há quatro etapas na consciência do ego. A primeira é a etapa da inocência, antes que nasça a consciência do ego. Esta é característica do bebê. A segunda é a etapa da rebelião na qual o indivíduo busca estabelecer alguma força interna. A criança que já anda, e o adolescente ilustram esta etapa, a qual pode implicar desafio e hostilidade. A terceira etapa é a consciência ordinária do ego. Esta é a etapa a que se refere a maioria das pessoas quando falam de uma personalidade saudável. Implica ser capaz de aprender com os próprios erros e viver de modo responsável. May se refere à última etapa como a consciência criativa do ego. Implica a capacidade de observar algo fora do ponto de vista limitado usual da pessoa e vislumbrar a verdade última como existe na realidade. Este nível abre caminho através da dicotomia entre a subjetividade e a objetividade. Nem todos conseguem atingir este nível de consciência.

May concebe o ser humano como consciente do ego, capaz de intencionalidade e com a necessidade de fazer eleições. Em sua análise existencial da personalidade, May busca solapar o dualismo tradicional de sujeito e objeto que atormentou o auto-entendimento ocidental desde Descartes, quem disse que sermos conscientes de nós mesmos, já era como ser sujeito ou objeto. May considera o ego como uma unidade. Em lugar de abstrair conceitualizações, necessita reconhecer e enfrentar os paradoxos de nossas próprias vidas. Em um paradoxo duas coisas opostas são delineadas contra si e parecem negar-se, contudo, não podem existir, uma sem a outra. Portanto, o bem e o mal, a vida e a morte, a beleza e o feio parecem estar brigados entre si, mas esta mesma confrontação inspira vida e significação ao outro.

(5)  A possessão absoluta

Neste mundo que se vangloria da racionalidade, May reintroduz o conceito de "possessão absoluta", e insiste em que podemos chegar até a adaptar-nos a isto. É "qualquer função natural que tenha o poder de assumir o controle da pessoa inteira". O sexo, a ira, uma ânsia de poder, tudo isto pode converter-se em mal, quando se apodera do ego sem importar-lhe sua integração. Pode-se reprimir o demoníaco, mas não evitar suas conseqüências. O demoníaco é criativo e destrutivo em potência, ao mesmo tempo. Ao tornarmo-nos conscientes de sua existência, podemos integrá-lo em nós mesmos. Podemos aprender a querer nossos demônios internos e permitir-lhes a nos dar o sal da vida. A possessão começa como impessoal; ao trazê-la à nossa consciência, tornamos pessoais os seus impulsos. A possessão absoluta nos empurra para a estrutura universal da realidade. Isto sucede de uma dimensão impessoal para uma pessoal da consciência.

(6)  Poder

Com efeito, um fator básico, na crise contemporânea, é o sentimento de insignificância e impotência. A vida humana pode ser percebida como um conflito entre atingir um sentido de significação do próprio ego por um lado e o sentimento de impotência por outro. Tendemos a evitar ambos os lados, o primeiro devido às más conotações associadas com o ser demasiado poderoso e o último porque é demasiado doloroso suportar nossa impotência. A violência tem seu campo fértil na impotência e na apatia. Conforme as pessoas se tornam impotentes, cresce sua violência em lugar de controlá-la. Os fatos violentos, tais como, a violência urbana, são realizados por aqueles que buscam aumentar sua autoestima. As pessoas impotentes, por vezes, partem para a exploração com o fim de se sentirem significativas ou buscam vingança em formas passivo-agressivas, tais como no uso de drogas ilícitas e álcool. Certo é que a cultura tem efeitos poderosos sobre nós. Mas poderia não chegar a isto se estas tendências não estivessem já presentes conosco, pois somos nós que constituímos a cultura (1983).

(7) Amor e sexo

O amor poderia ser a grande resposta aos problemas humanos. No entanto, o amor mesmo converteu-se em problema. A dificuldade real é chegar-se a ser capaz de amar. Nosso mundo é esquizóide, fora de contato, incapaz de sentir ou de participar de uma relação íntima. A carência de afeto e a apatia são atitudes predominantes em nossas vidas, são formas de proteção contra o estímulo excessivo da sociedade moderna. Nossa liberdade sexual converteu-se em uma forma nova de puritanismo: a emoção está separada da razão e o corpo é usado como uma máquina. A comercialização do sexo destrói os sentimentos verdadeiros de um modo tão grave como em certa época o fizeram os tabus tradicionais. Colocou-se o sexo contra o Eros, o impulso de relacionar-se com outra pessoa e criar novas formas de vida. May sugere que somente a experiência e a redescoberta do afeto, o oposto à apatia, nos permitirá resistir ao cinismo que caracteriza nossos dias. Os mitos do afeto parecem sinalizar para a necessidade de se desenvolver uma moralidade nova de autenticidade nas relações humanas.

(8) Intencionalidade

May acredita na necessidade de usar da decisão e regressar ao centro de nossa descrição da personalidade. Sua intenção não é excluir as influências deterministas, senão incluí-las, introduzindo o conceito de intencionalidade, a qual subjaz na vontade e na decisão. Por intencionalidade May quer dizer "a estrutura que dá significado à experiência". Uma capacidade humana distintiva; a intencionalidade é uma atenção imaginativa que subjaz a nossas intenções e informa nossas ações. É a atitude de participar no conhecer. A maneira em que é percebido um pedaço de papel diferirá dependendo do uso que se lhe queira dar. É o mesmo pedaço de papel que proporciona o estímulo, e a mesma pessoa que responde a ele, mas o papel e a experiência terão um significado diferente.

(9)  Liberdade e Destino

A atitude existencialista por ocasiões é criticada de maneira equivocada por descrever o indivíduo como livre em absoluto sem restrições de nenhuma classe. May, contudo, nos lembra que a liberdade somente pode ser considerada juntamente com o destino. Liberdade significa "abertura, disposição a amadurecimento, tolerância e mudança na busca de valores humanos mais importantes". Implica nossa capacidade de intervir em nosso próprio desenvolvimento. A liberdade é básica para o entendimento existencialista da natureza humana devido a que subjaz à nossa capacidade de eleição e aos valores. Por sua vez, May define destino como o desenho vital do universo expresso em cada um de nós. Em sua forma extrema, nosso destino é a morte, mas também se expressa nos talentos individuais próprios, em nossas histórias pessoais e coletivas, na cultura e na sociedade em que temos nascido. O destino nos estabelece limites, mas também nos proporciona meios para executar certas tarefas. Fazer frente a estes limites gera valores construtivos.

(10)  Coragem e Criatividade

A coragem é a capacidade para avançar apesar da desesperação. Nos seres humanos, a coragem é necessária para poder existir e tornar-se possível. A coragem não é uma virtude, senão uma função que subjaz e dá realidade a todos os demais valores. O paradoxo da coragem é que devemos estar comprometidos por completo, mas também, estarmos cientes ao mesmo tempo de que poderíamos estar equivocados. A coragem criativa é a descoberta de formas novas, símbolos e padrões sobre os quais pode ser construída uma nova sociedade.

(11)  Psicoterapia

O enfoque existencial da psicoterapia sustenta que o objetivo central da terapia é ajudar a promover o entendimento do ego e o próprio modo de ser no mundo. Os construtos psicológicos para entender os seres humanos são colocados, então, em uma base ontológica e tomam um significado da situação presente. Impulsos, dinamismos ou padrões de conduta são entendidos somente no contexto da estrutura da existência da pessoa individual. May assinala que Ser no sentido humano não é dado de uma vez e para sempre. Como humanos temos que estar conscientes, ser responsáveis por nós mesmos, e tornarmo-nos nós mesmos.

Uma experiência "eu sou" é uma precondição para solucionar problemas específicos. De outro modo, somente trocamos um conjunto de defesas por outro. Tornar-se consciente do próprio ser não significa ser explicado em termos sociais. A aceitação do terapeuta pode facilitar a experiência "eu sou", entretanto, não conduz de maneira autônoma a isto. "A questão crucial é que o indivíduo mesmo, em sua própria consciência e responsabilidade de sua existência, dê com o fato de que pode ser aceito" (1983). O surgimento de uma experiência "eu sou" tampouco é idêntica ao desenvolvimento do ego. Ocorre em um nível mais básico, ontológico, e é uma precondição para o desenvolvimento do ego subseqüente.

A fim de se compreender o que significa existir, é necessário entender também a opção de não-ser. A morte é uma forma óbvia de ameaça de não-ser, e o conformismo um modo alternativo que May encontra com muita freqüência em nossos dias. As pessoas abandonam sua identidade para ser aceitas pelos demais e evitar serem condenadas ao ostracismo ou à solidão, mas assim fazendo perdem seu poder e seu caráter único. Enquanto que a repressão e a inibição foram padrões neuróticos comuns na época de Freud, na atualidade o conformismo tem sido um padrão prevalente. Esta negação das potencialidades próprias conduz à experiência da culpa. A culpa ontológica não provém da proibição cultural, mas surge do fato da consciência de si mesmo e do reconhecimento de que não temos realizado nossas potencialidades. Enfrentar esta culpa no processo da terapia conduz a efeitos construtivos.

Portanto a tarefa central do terapeuta é buscar entender o modo de ser e de não-ser no mundo do paciente. É o contexto que distingue o enfoque existencial mais que qualquer técnica específica. O ser humano não á um objeto que possa ser manejado e analisado. A técnica se segue ao entendimento. May entende que a associação livre é particularmente útil para revelar a intencionalidade. A relação entre terapeuta e paciente é considerada como relação real. May adverte contra o uso de fármacos na psicoterapia. Em sua maior parte, crê que têm um efeito negativo devido a que, eliminando a ansiedade do paciente, podem inibir a motivação para a mudança e, em conseqüência, negar uma oportunidade à aprendizagem e destruir recursos vitais.

O trabalho de Rollo May une a tradição psicanalítica e o movimento existencialista na filosofia, pelo que se enfatiza a existência em lugar da essência. Sugere também que não há verdade nem realidade com exceção daquela na qual participamos. O conhecimento é um ato de fazer. A descrição filosófica da natureza humana desenvolvida por May é coerente e relevante, global e irresistível. Evita com êxito os dualismos da filosofia de Descartes. O marco de referência existencial, que influi sua teoria, é mais compatível com nosso mundo, que os supostos filosóficos da ciência do século XIX, que influenciaram o trabalho de Freud. Uma filosofia existencial proporciona um plano útil para discutir o que Freud queria dizer acerca da natureza do funcionamento psíquico. Ainda que Freud não fosse um existencialista, esta corrente de pensamento proporciona categorias que esclarecem as idéias e a intenção freudianas. Portanto, May reconcebe de forma frutífera, muitos conceitos freudianos o que se constitui em um aporte inegável à psicologia e à sociedade atual.

A obra de May abre as cadeias que atam os próprios marcos culturais e sociais da época na qual confluem. A liberdade, a existência, assim como, também os valores inseridos nesta obra, geram um espaço de reflexão que é necessário quando tratamos de seres humanos. Esta obra reúne em poderosos enlaces todos os conceitos essenciais das bases epistemológicas nas quais se apóia. É gratificante encontrar coerência e capacidade em seu pensamento, mais ainda, extremamente útil achá-las em seu trabalho na prática. O caráter profético de May é produto da pós-modernidade na qual postula achar-se, mas se valida empiricamente através do sentido comum. Embora sejam poucas as informações a respeito de seu trabalho privado, que, provavelmente, deveu-se ao seu rompimento do âmbito das ciências, é clara a mensagem filosófica e analítica que ele deixou.

*     *     *

Obras de Rollo May publicadas em português: O homem à procura de si mesmo, 3ª ed., 1953. Psicologia existencial, 2ª ed., 1960. Psicologia e dilema humano, 3ª ed., 1967. Poder e inocência, 1972. A coragem de criar, 2ª ed., 1975. Eros e repressão: Amor e vontade, 1978. O significado de ansiedade, 1980. A arte do aconselhamento psicológico, 4ª ed., 1982. Liberdade e destino, 1987. A descoberta do Ser, 1988. A procura do mito, 1992. Minha busca da beleza, 1992. Em espanhol: Existencia, 1977 (obra de grande importância).

Acesso à Plataforma

Assine a nossa newsletter