Quando Jung escreve sobre o instinto de vida, está necessariamente falando também sobre o instinto de morte. Isto porque seu interesse estava no modo como forças progressivas e regressivas se misturam na psique. Por exemplo, símbolos e imagens de morte podem ser compreendidos em termos de sua significação e sentido para a vida, ao passo que experiências e solicitações de vida necessitam ser compreendidas em seus aspectos relacionados com a morte. A vida vista como uma preparação para a morte, a morte como integrante da vida, resume sua perspectiva.
O uso de Jung do termo "instinto de vida" não é tão preciso quanto o de Freud. Enfatiza pouco a tensão entre os instintos auto-preservativos e a sexualidade. (O instinto de vida de Jung lembra mais o "Eros" de Freud – isto é, uma observação mais abrangente da tendência do homem de reunião, consolidação, unidade e, daí, progresso.) Entretanto, as referências de Jung ao instinto de vida relacionam-se mais com uma energia geral de vida, um élan vital ou animação. Contudo, isso provoca um problema conceitual; pois, se a energia é equiparada ao instinto de vida, mas ao mesmo tempo alimenta o instinto de morte, então a conclusão teria de ser que o instinto de vida é que abastece o instinto de morte. O dualismo seria substituído por um modelo em que o instinto de vida é primário.
Para evitar isso, Jung normalmente retornava à idéia da energia como neutra, servindo indiferentemente aos instintos de vida e de morte – e ambos os instintos então são vistos servindo à psique e/ou ao homem.